sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Significado da vitória democrata na Câmara


                              
        O New York Times, em artigos de seu número hodierno, se ocupa da importância política da vitória democrata para a consecução do respectivo domínio por dois anos sobre Câmara legislativa - no caso, a Câmara de Representantes.
         Nesse aspecto, semelha interessante analisar o desenvolvimento político - ressaltado especificamente pela recuperação através do Partido Democrata - dentro da análise de James Madison, que nos é referida pelo articulista Greg Weiner: se o Congresso é o ramo mais poderoso do Governo, a Câmara  de Representantes constitui do Ramo legislativo  a parte mais importante.
           Dentro desse raciocínio lógico, cabe a Nancy Pelosi, a líder dos democratas na Câmara, depois do longo inverno, primo, em função da reação da direita extremista,  ajudada pela inexperiência política no seu primeiro biênio, com os debates acadêmicos na Casa Branca, sem embargo, no entanto, da aprovação das Reformas da Saúde e daquela Bancária, e secondo, a instrumentalização da reação da direita, com movimento populista, estimulado pelos notórios irmãos petroleiros, veio a criação de outra maioria, essa da ultra-direita, que se propunha o domínio do Ramo Legislativo (o que na Câmara de Representantes se efetuou pelo GOP, com a determinante ajuda do gerrymander por um demasiado longo período).
            Nesse conflituoso primeiro termo do governo do presidente Trump - que surge, em detrimento de  representante democrata, da qualidade de Hillary Clinton, por conjunção infeliz, de uma parte, da relativa timidez presidencial, e de outro lado, de ação por intermédio de ator subalterno, no Executivo, a que se permitiu uma estranha margem de manobra que foi muito além do papel administrativo-funcional a ser por ele exercido. Sobre tal deplorável episódio, há um estrondoso silêncio, que não tenho dúvidas, será apontado no futuro com a seriedade que esse inexplicável happening faz por merecer. Se Donald Trump foi o feliz beneficiário de tal lamentável incidente, a responsabilidade histórica por esse ruinoso presidente não deveria  ser  havida como um desastre fortuito. Houve uma conjunção infeliz de ações no mínimo deploráveis - tanto aquelas adotadas pelo alegado patrono estrangeiro do candidato republicano, quanto a incrível - e decerto sem par na história política americana - iniciativa tomada por um funcionário burocrático governamental.
               Através dos tempos, as mulheres na política têm sido muita vez combatidas e prejudicadas por ações que, por deplorável conjunção de fatores,  lograram na prática ir muito além da mítica Taprobana, do grande vate dos Lusíadas,  Luiz de Camões.
                Nancy Pelosi não está onde se acha por acaso. Como muitos outros personagens, ela tem sido sinalizada e mesmo demonizada pela mídia pró-republicana, que semelha temerosa de o que realizar possa. Não é fenômeno extraordinário que muitos próceres políticos e muitas valerosas mulheres tenham sido combatidos mais por causa de suas qualidades de o que por eventuais defeitos.
                   Por bom, excepcional mesmo, que haja sido o próprio desempenho, ainda me pareceria surpreendente que o mal-feito sofrido por Hillary Clinton, fôra marcado sob um cavo silêncio.
                   Que grande, maravilhosa surpresa que, contra o conformismo e mesmo o cinismo - que por tanto tempo semelham prevalecer - essa sanhuda injustiça viesse por fim a colher a análise e exposição críticas que, a despeito de tantos meses, ela continua não só  a clamar, mas sobretudo a merecer.

( Fontes: The New York Times;What Happened, de Hillary Clinton, Os Lusíadas, de Luiz de Camões) 

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