O New York Times, em artigos de seu número
hodierno, se ocupa da importância política da vitória democrata para a
consecução do respectivo domínio por dois anos sobre Câmara legislativa - no
caso, a Câmara de Representantes.
Nesse
aspecto, semelha interessante analisar o desenvolvimento político - ressaltado
especificamente pela recuperação através do Partido Democrata - dentro da
análise de James Madison, que nos é referida pelo articulista Greg Weiner: se o
Congresso é o ramo mais poderoso do Governo, a Câmara de Representantes constitui do Ramo legislativo
a parte mais importante.
Dentro desse raciocínio lógico, cabe a Nancy Pelosi, a líder dos democratas na Câmara, depois do longo
inverno, primo, em função da reação da
direita extremista, ajudada pela
inexperiência política no seu primeiro biênio, com os debates acadêmicos na
Casa Branca, sem embargo, no entanto, da aprovação das Reformas da Saúde e daquela
Bancária, e secondo, a instrumentalização
da reação da direita, com movimento populista, estimulado pelos notórios
irmãos petroleiros, veio a criação de outra maioria, essa da ultra-direita, que
se propunha o domínio do Ramo Legislativo (o que na Câmara de Representantes
se efetuou pelo GOP, com a determinante
ajuda do gerrymander por um demasiado
longo período).
Nesse
conflituoso primeiro termo do governo do presidente Trump - que surge, em
detrimento de representante democrata, da qualidade de Hillary Clinton, por conjunção infeliz, de uma parte, da relativa
timidez presidencial, e de outro lado, de ação por intermédio de ator
subalterno, no Executivo, a que se permitiu uma estranha margem de manobra que
foi muito além do papel administrativo-funcional a ser por ele exercido. Sobre
tal deplorável episódio, há um estrondoso silêncio, que não tenho dúvidas, será
apontado no futuro com a seriedade que esse inexplicável happening faz por merecer. Se Donald Trump foi o feliz beneficiário
de tal lamentável incidente, a responsabilidade histórica por esse ruinoso
presidente não deveria ser havida como um desastre fortuito. Houve uma
conjunção infeliz de ações no mínimo deploráveis - tanto aquelas adotadas pelo
alegado patrono estrangeiro do candidato republicano, quanto a incrível - e
decerto sem par na história política americana - iniciativa tomada por um funcionário
burocrático governamental.
Através dos tempos, as mulheres na política têm sido muita vez combatidas
e prejudicadas por ações que, por deplorável conjunção de fatores, lograram na prática ir muito além da mítica Taprobana, do grande vate dos Lusíadas, Luiz de
Camões.
Nancy Pelosi não está onde se
acha por acaso. Como muitos outros personagens, ela tem sido sinalizada e
mesmo demonizada pela mídia pró-republicana, que semelha temerosa de o que
realizar possa. Não é fenômeno extraordinário que muitos próceres políticos e
muitas valerosas mulheres tenham sido combatidos mais por causa de suas
qualidades de o que por eventuais defeitos.
Por bom, excepcional mesmo, que haja sido o próprio desempenho, ainda me
pareceria surpreendente que o mal-feito sofrido por Hillary Clinton, fôra marcado sob um cavo silêncio.
Que grande, maravilhosa surpresa que, contra o conformismo e mesmo o
cinismo - que por tanto tempo semelham prevalecer - essa sanhuda injustiça viesse
por fim a colher a análise e exposição críticas que, a despeito de tantos
meses, ela continua não só a clamar, mas
sobretudo a merecer.
( Fontes: The New York Times;What Happened, de
Hillary Clinton, Os Lusíadas, de Luiz de Camões)
Nenhum comentário:
Postar um comentário