terça-feira, 27 de novembro de 2018

A Crise Russo - Ucraniana


                                            

              A Crise russo-ucraniana só existe pela fraqueza do Ocidente.  Com a dúbia e frágil posição de Washington perante esse ulterior desrespeito de Vladimir Putin ao Direito internacional e à livre navegação marítima,  as perspectivas se enegrecem na Europa e na Ásia quanto às reais possibilidades de pôr cobro a situação que recorda - para quem porventura queira lembrar-se daqueles tempos - da sobreveniência do desrespeito contumaz do mais fraco pelo mais forte, por mais sólidos e respeitáveis que sejam os direitos daquele diante deste último.
             Sob Donald Trump os Estados Unidos parecem condenados a ser um mero país inferior (underling) diante daquele que tanto lucrara com os próprios atrevidos esforços  para viabilizar a vitória eleitoral em 2016 de seu amigo, o atual presidente dos Estados Unidos.
              Ontem, Líderes europeus condenaram firmemente essa operação. Sem embargo, da fraca reação da Europa no que tange à conquista (rape of) da Criméia, de que Moscou sofrera apenas débil reprimenda das Nações Unidas através de recomendações da Assembléia Geral (a esquecer a atitude do governo de Dilma Rousseff indo contra toda a tradição brasileira em termos de respeito a limites, fronteiras, e last but no least ao apoiar, para vergonha do Brasil e de sua tradição internacional, a ação da Federação Russa, anexando sanhuda e ilegalmente a Crimeia) não deve induzir muitas esperanças quanto à eventual firmeza futura da Comunidade Europeia, excluídas quem sabe algumas sanções isoladas.
                 Apresar três navios no estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov - mostra o quanto se permite na própria audácia diante da debilidade da Europa Ocidental e do ignavo silêncio americano, gospodin Vladimir V. Putin, que parece não encontrar limites diante da debilidade de União Europeia e da virtual inação de seu amigo Trump. É alto o preço do 45º presidente, ao marcar de forma tão desonrosa o papel da chamada Superpotência nesse triste e deplorável episódio, em que o Direito Internacional Público é conspurcado e espezinhado.
                     Quando haverá no Concerto das Nações quem aja com a adequada firmeza diante de quem faz retornar o mundo à ação das nações piratas e ao consequente ignóbil retrocesso na Lei Internacional e no Direito das Gentes?

( Fonte: O Estado de S. Paulo  )

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