A Crise russo-ucraniana só existe
pela fraqueza do Ocidente. Com a dúbia e
frágil posição de Washington perante
esse ulterior desrespeito de Vladimir
Putin ao Direito internacional e à livre navegação marítima, as perspectivas se enegrecem na Europa e na
Ásia quanto às reais possibilidades de pôr cobro a situação que recorda - para
quem porventura queira lembrar-se daqueles tempos - da sobreveniência do
desrespeito contumaz do mais fraco pelo mais forte, por mais sólidos e respeitáveis
que sejam os direitos daquele diante deste último.
Sob Donald Trump os Estados Unidos
parecem condenados a ser um mero país inferior (underling) diante daquele que tanto lucrara com os próprios atrevidos
esforços para viabilizar a vitória
eleitoral em 2016 de seu amigo, o
atual presidente dos Estados Unidos.
Ontem, Líderes europeus
condenaram firmemente essa operação. Sem embargo, da fraca reação da Europa no
que tange à conquista (rape of) da
Criméia, de que Moscou sofrera apenas débil reprimenda das Nações Unidas
através de recomendações da Assembléia Geral (a esquecer a atitude do governo
de Dilma Rousseff indo contra toda a tradição brasileira em termos de respeito
a limites, fronteiras, e last but no
least ao apoiar, para vergonha do Brasil e de sua tradição internacional, a
ação da Federação Russa, anexando sanhuda e ilegalmente a Crimeia) não deve
induzir muitas esperanças quanto à eventual firmeza futura da Comunidade
Europeia, excluídas quem sabe algumas sanções isoladas.
Apresar três navios no
estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov - mostra o quanto se
permite na própria audácia diante da debilidade da Europa Ocidental e do ignavo
silêncio americano, gospodin Vladimir V. Putin, que parece não encontrar limites diante da debilidade de União Europeia
e da virtual inação de seu amigo Trump. É alto o preço do 45º presidente, ao
marcar de forma tão desonrosa o papel da chamada Superpotência nesse triste e
deplorável episódio, em que o Direito Internacional Público é conspurcado e
espezinhado.
Quando haverá no Concerto
das Nações quem aja com a adequada firmeza diante de quem faz retornar o mundo
à ação das nações piratas e ao consequente ignóbil retrocesso na Lei
Internacional e no Direito das Gentes?
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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