A chamada crise venezuelana, com a formação de diáspora de cerca três milhões de pessoas, não é decerto um fenômeno "circunstancial",
conforme teve a cara de pau de afirmá-lo em Genebra Jorge Arreaza, o atual ministro do exterior de Nicolás Maduro.
Participar de tal governo, que, com o
contínuo agravamento da situação interna diuturnamente põe a nu o fracasso do
regime chavista, já deve constituir não pequena pressão psicológica para
aqueles que aceitem integrá-lo, no caso de lhes restar alguma conexão com a
realidade, e que não formem entre os aproveitadores de sistema podre, que tem o
próprio fim marcado, o qual sequer
reedita o que fora oferecido aos convivas do festim de Baltazar...
Se não é por certo invejável a
condição desse regime, em que Maduro e seus asseclas sofrem a inelutável pressão
provocada pela sucessão de desmandos políticos, e a carantonha da crise cresce
por todo canto, caracterizada pela falimentar situação de um país que,
possuidor de reservas invejáveis de petróleo, leva a inépcia, junto com a
cupidez a tais extremos que esse ouro negro, considerado pela qualidade
equivalente nas vantagens comparativas a autêntico champagne, torna-se pela
generalizada roubalheira e a deslavada inépcia do "sistema" político
legado por Hugo Chávez uma verdadeira camisa de Nessus dentro da cupidez e
da desonestidade que caracterizam o tal "regime".
Por enquanto, a canalha chavista não
tem outras forças a temer, de que a própria profunda e pertinaz ineficácia do
suposto regime que, após malbaratar a riqueza do país e a extrema qualidade de
seu único produto, proporciona à gang
de Nicolás Maduro o que deve ser uma longa, insuportável espera do desastre
que não é mais anunciado, pois ele se reflete nas supostas metrópoles, nas
cidades e nos vilarejos de uma terra antes rica e produtiva, e que no tempo
hodierno, corroída pela hiperinflação e. mais do que tudo, por um misto de profunda desonestidade, incompetência política e de desesperadas - e
sempre malogradas - tentativas de entender e controlar o câncer da
hiperinflação - a que pela sua inaudita gravidade traz consigo a pecha
irremovível da sistêmica incapacidade desse anti-sistema de governança, legado
por Hugo Chávez, e que segue sempre a agravar-se, desde que, com a morte do
caudilho, desapareceram os últimos vestígios da remanescente seriedade num
regime que, pendurado no cangote dos altos mandos castrenses, sua frio no calor
do Caribe diante do enésimo golpe - tão anunciado e tornado tão provável - a
que a própria ineficiência e incapacidade tem empurrado, com comovente
regularidade e pertinácia, à criação da "situação ideal" para que a
turma uniformizada se capacite afinal de que é preciso pôr um termo nesse
pandemônio que assola tanto aos miseráveis, quanto à população em geral, a que
muita vez não resta senão o recurso de afastar-se pelas próprias pernas do
inferno chavista.
Quanto isso, depois do seu festim turco, em que exibiu a
perda de qualquer sentimento de ombridade e de mínimo respeito pela miséria em
que vive, por um misto de incompetência e de volúpia de ganhos escusos, a pobre
gente venezuelana, que em má hora acreditara nas patranhas de Chávez et cia.
Resultado desse crime contra a Humanidade, que se espelha no próprio Povo,
existem cerca de três milhões de pessoas que, despojadas de recursos, vivem
existência deplorável na América Latina, e também nos Estados Unidos, Espanha e
Canadá.
O refugiado, tangido a
terras estranhas, pela necessidade nua e crua, é o retrato de sistema
fracassado de governança, que por incapacidade do regime corrupto tange gente
de todos os níveis sociais para o exílio, que pode ser muito poético nos versos
de Gonçalves
Dias, mas que constitui um sistema abominável de vida, em que os
desgraçados, longe da própria terra e daqueles que lhe são próximos, se
arrastam por terras e rincões em que a condição do alienígena será sempre uma
marca, senão um estigma, por lhe afastar do próprio ambiente e de uma situação
a que tudo fizera para não abandonar, pelas circunstâncias e, sobretudo, os
desafios do desconhecido que a terra
estrangeira possa causar, por mais boa vontade que mostrem aqueles que estão à
sua volta.
Por isso, diante da agressividade desse
quadro negro que escorraça para outros
países e mesmo outros continentes três milhões de desgraçados e miseráveis,
surge inequívoca situação de calamidade pública - e não aquela dentro de seu
próprio país, e feita para atender desastres ou climáticos ou humanos - mas
outra muito diversa, com cores muito mais agressivas e mesmo hostis, a que a
hipocrisia dos representantes de um regime hiper-corrupto não poderá jamais
ocultar.
As Nações Unidas e os
diversos sistemas políticos que nela confluem não podem mais em sã mente
tolerar esta trágica tempestade, fabricada não por forças climáticas e mesmo
estrangeiras, que transforma em párias pessoas que não faz muito viviam
placida e satisfatoriamente, com razoáveis condições de vida em seu próprio
país.
A Venezuela de Maduro se
transformou em flagelo humano, fabricado pela inépcia de seu recente fundador,
pela funda e entranhada corrupção do próprio governo dito chavista, e um
escândalo público para quem, com agressiva má-fé, teima em agarrar ao Libertador das Américas a sua sorte,
com o caviloso cinismo de uma ditadura podre, como a de Nicolás Maduro, que
parece ter como único objetivo o aviltamento da própria terra e de todas as
suas riquezas.
Infelizmente, não há
nenhum Cícero no semifechado Congresso da Venezuela. Até quando terá esse Povo
que aguentar todas essas maldições, baixarias e crimes de regime que faz muito
clama para ser proscrito?
(
Fontes: Simón Bolívar, a tragédia na Venezuela, a primeira Catilinária de
Cícero, Gonçalves Dias).
Nenhum comentário:
Postar um comentário