Essa crise tem afetado
um bom número de livrarias. Muitas
dessas tinham apostado no modelo megastore,
que não vem resistindo à concorrência na internet,
de que o exemplo maior é a Amazon, que vem suplantando as antigas
cadeias tradicionais de livrarias.
Jeff Bezos terá criado um novo modelo
de bookstore, que opera na internet,
que não tem horários para ser visitada, e que se especializa na rapidez e na
disponibilidade através do espaço herziano.
O modelo tradicional não tem condições
de concorrer com esse novo espécimen na
selva de Johannes Gutenberg. Não há dúvida que o intelectual se sentia mais à
vontade no ambiente de grande, tradicional livraria, no estilo da Barnes & Noble, mas o mundo da
cibernética não costuma deter-se por tais supostas vantagens. O vento as leva
assim como as posses da sulina Scarlet O'Hara...
Recordo-me de um grande amigo meu
já falecido, de quem teci o retrato nas Cartas
ao Amigo Ausente, escrito sob o impacto de sua inesperada morte (o
desaparecimento de uma grande amizade tem duas características: costuma ser
súbito e silencioso). Pois ele passou boa
parte da vida coletando livros nos sebos do centro do Rio de Janeiro (que
existiam e até mesmo floresciam, mas de súbito tiveram a sentença de morte
exarada por um prefeito que queria modernizar o centro carioca. Ele teve um
certo tipo de sucesso: pois deixou um bairro que palpitava em bares, livrarias,
sebos (!), lojas e um público variado, vindo não se sabe de onde, mas que tinha
um gosto pelas ruelas acanhadas e pelo afluxo diurno, para hoje desaparecer em ermos becos e desertas
ruas, quase sem vida, a espera de
virarem sabe-se lá o quê, no aguardo do modernoso futuro, que teima em não dar
as graças, frustrando os planos de quem já pensava suplantar os antecessores).
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