sábado, 24 de novembro de 2018

A Crise das Livrarias


                            

        Essa crise tem afetado um bom número de livrarias.  Muitas dessas tinham apostado no modelo megastore, que não vem resistindo à concorrência na internet, de que o exemplo maior é  a Amazon, que vem suplantando as antigas cadeias tradicionais de livrarias.
          Jeff Bezos terá criado um novo modelo de bookstore, que opera na internet, que não tem horários para ser visitada, e que se especializa na rapidez e na disponibilidade através do espaço herziano.
            O modelo tradicional não tem condições de concorrer  com esse novo espécimen na selva de Johannes Gutenberg. Não há dúvida que o intelectual se sentia mais à vontade no ambiente de grande, tradicional livraria, no estilo da Barnes & Noble, mas o mundo da cibernética não costuma deter-se por tais supostas vantagens. O vento as leva assim como as posses da sulina Scarlet O'Hara...
             Recordo-me de um grande amigo meu já falecido, de quem teci o retrato nas Cartas ao Amigo Ausente, escrito sob o impacto de sua inesperada morte (o desaparecimento de uma grande amizade tem duas características: costuma ser súbito e silencioso).  Pois ele passou boa parte da vida coletando livros nos sebos do centro do Rio de Janeiro (que existiam e até mesmo floresciam, mas de súbito tiveram a sentença de morte exarada por um prefeito que queria modernizar o centro carioca. Ele teve um certo tipo de sucesso: pois deixou um bairro que palpitava em bares, livrarias, sebos (!), lojas e um público variado, vindo não se sabe de onde, mas que tinha um gosto pelas ruelas acanhadas e pelo afluxo diurno,  para hoje desaparecer em ermos becos e desertas ruas, quase sem vida,  a espera de virarem sabe-se lá o quê, no aguardo do modernoso futuro, que teima em não dar as graças, frustrando os planos de quem já pensava suplantar os antecessores).   

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