quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Guarda-costas de Chávez vira delator


                              
          O homem que, por muitos anos, foi guarda-costas de Hugo Chávez, e agora detido nos Estados Unidos,  torna-se na prática peça-chave em inquérito internacional para localizar dinheiro sujo desviado por Maduro & Cia.
             Nesta terça, 20 de novembro, a Justiça estadunidense revelou esquema ilegal de câmbio que movimentou subornos superiores a US$ um bilhão, na Venezuela. Peça chave no esquemão, a corrupção passou por Alejandro Andrade, que havia sido catapultado de simples guarda-costas ao de chefe do Tesouro Nacional.
              Preso pela Justiça estadunidense no final de 2017, Andrade fechou acordo de delação premiada. A Justiça permitiria que ele ficasse em prisão domiciliar, mas exigiu colaboração total.
               Além de devolver avião, cavalos, relógios de luxo, e propriedades, o venezuelano deu dicas que levaram Tio Sam a abrir inquéritos contra pelo menos vinte diretores e ex-diretores  da Petroleos de Venezuela, a estatal do petróleo.
                 A Justiça estadunidense acredita que, com as informações de Andrade, pôde descobrir quais eram os principais beneficiários do esquema chavista de corrupção. O processo instaurado nos EUA revela dezenas de transferências de milhões de dólares entre o banco HSBC, na Confederação Helvética, e a aquisição de bens de luxo no mercado americano.
                  Andrade transferiu, em março de 2013, US$ 281 mil para a compra de um iate. No mesmo ano, Andrade gastou cerca de US$ l milhão, para instalar sofisticado sistema de segurança na própria residência.
                   Os investigadores suspeitam que a escolha do banco na Suiça não é mera coincidência. O governo de Chávez a partir de 2005 fechara acordo para que o HSBC em Genebra fosse gestor do Tesouro. Em 2007, o ex-guarda costas passou a ocupar o cargo e a ter autoridade sobre as contas secretas mantidas na Suiça. Estima-se que tais contas acumularam US$ quatorze bilhões.
                     Não surpreende que sua 'gestão' no Tesouro Nacional tenha sido alvo de pesadas críticas. Ele negociava com empresários o acesso ao mercado de câmbio, em troca de milionárias propinas. Além disso, Andrade foi denunciado por ter montado esquema para a compra de papéis da dívida de países como a Bolívia e a Argentina. Dadas tanto a corrupção, quanto a desvalorização nessas economias, vê-se que o ex-guarda-costas passara a atuar em áreas de alto risco.
                        Saído de um meio modesto, tornou-se amigo de Chávez, ao participar no malogrado pronunciamiento, em 1992, que mais tarde catapultaria Chávez para o poder. Durante a campanha política de 1998, tornou-se o segurança privado de Chávez, e em 1999, deputado.
                            Por estranha ironia, sua sorte com Chávez foi selada pela perda de um olho, em um golpe de "chapita", espécie de beisebol, em que a bola é substituída por tampinhas de refrigerante. A partir dessa data, ficaria ainda mais próximo de Chávez, que se tornou padrinho de seu filho mais jovem.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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