O homem que, por muitos
anos, foi guarda-costas de Hugo Chávez, e agora detido nos Estados Unidos, torna-se na prática peça-chave em inquérito
internacional para localizar dinheiro sujo desviado por Maduro & Cia.
Nesta terça, 20 de novembro, a
Justiça estadunidense revelou esquema ilegal de câmbio que movimentou subornos
superiores a US$ um bilhão, na Venezuela. Peça chave no esquemão, a corrupção
passou por Alejandro Andrade, que havia sido catapultado de simples
guarda-costas ao de chefe do Tesouro Nacional.
Preso pela Justiça estadunidense
no final de 2017, Andrade fechou acordo de delação premiada. A Justiça
permitiria que ele ficasse em prisão domiciliar, mas exigiu colaboração total.
Além de devolver avião, cavalos,
relógios de luxo, e propriedades, o venezuelano deu dicas que levaram Tio Sam a
abrir inquéritos contra pelo menos vinte diretores e ex-diretores da Petroleos
de Venezuela, a estatal do petróleo.
A Justiça estadunidense
acredita que, com as informações de Andrade, pôde descobrir quais eram os
principais beneficiários do esquema chavista de corrupção. O processo
instaurado nos EUA revela dezenas de transferências de milhões de dólares entre
o banco HSBC, na Confederação Helvética, e a aquisição de bens de luxo no
mercado americano.
Andrade transferiu, em março de 2013, US$ 281 mil para a compra de um
iate. No mesmo ano, Andrade gastou cerca de US$ l milhão, para instalar sofisticado
sistema de segurança na própria residência.
Os investigadores suspeitam que a escolha do banco na Suiça não é mera
coincidência. O governo de Chávez a partir de 2005 fechara acordo para que o
HSBC em Genebra fosse gestor do Tesouro. Em 2007, o ex-guarda costas passou a
ocupar o cargo e a ter autoridade sobre as contas secretas mantidas na Suiça.
Estima-se que tais contas acumularam US$ quatorze bilhões.
Não surpreende que sua
'gestão' no Tesouro Nacional tenha sido alvo de pesadas críticas. Ele negociava
com empresários o acesso ao mercado de câmbio, em troca de milionárias
propinas. Além disso, Andrade foi denunciado por ter montado esquema para a
compra de papéis da dívida de países como a Bolívia e a Argentina. Dadas tanto
a corrupção, quanto a desvalorização nessas economias, vê-se que o
ex-guarda-costas passara a atuar em áreas de alto risco.
Saído de um meio
modesto, tornou-se amigo de Chávez, ao participar no malogrado pronunciamiento, em 1992, que mais tarde
catapultaria Chávez para o poder. Durante a campanha política de
1998, tornou-se o segurança privado de Chávez, e em 1999, deputado.
Por estranha
ironia, sua sorte com Chávez foi selada pela perda de um olho, em um golpe de
"chapita", espécie de beisebol, em que a bola é substituída por
tampinhas de refrigerante. A partir dessa data, ficaria ainda mais próximo de
Chávez, que se tornou padrinho de seu filho mais jovem.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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