Começo a compreender quais são os
verdadeiros inimigos de Nancy Pelosi. Uma dessas pessoas, hoje designada pela
redação do New York Times, nos vem com a sua razão para que se movam
céus e terras afim de que o caucus do
Partido Democrata na Câmara de Representantes de repente tome consciência de
jovem valor a que se deveria dar oportunidade de vir a ser a nova líder da
bancada.
Estranhas prioridades essas que, de súbito,
agora que os democratas acabaram com a maioria do gerrymander que perdurou na Câmara desde o segundo biênio da
Administração Obama, e que, seja dito en
passant, somente nos correntes dias, surge
para os azuis a real oportunidade de realizarem coisas importantes na Câmara de
Representantes, por tantos anos destinada à pasmaceira das maiorias
republicanas, dentro de sucessão de speakers
em que uma mediocridade semelhava suceder à anterior, todas unidas, seja na cega oposição ao presidente democrata,
seja pela sua pálida presença ao lado do Senado, que para fortuna da América algum
dia voltará a ser democrata.
Ora, todos esses grandes valores,
quando acaso se elegeram, jamais pensaram em reivindicar à Pelosi a árdua
direção da bancada minoritária do partido de Roosevelt. Durante todos esses
anos, transcorrido o brevíssimo período de maioria - em que, sob a direção de
Pelosi, a Administração Obama recebera no colo as Leis da Segurança Sanitária,
da Reforma dos Bancos e o Estímulo para as empresas prejudicadas pela recessão
de 2008 - veio o longo estirão da maioria republicana, que somente agora se vê
quebrado. Durante todo esse tempo, a líder da bancada democrata foi Nancy
Pelosi, que esgrimiu nesses cinzentos anos a sua conhecida habilidade de
defender os direitos dos menos favorecidos e de todo aquele vasto campo que
constitui o futuro lourel para que o eleitor se recorde de o que logra uma
bancada bem dirigida, ainda que minoritária.
Tem parecido estranho deveras que
transcorrido o inverno da longa oposição, a que a capacidade e a firmeza da
chefe da Minoria Nancy Pelosi dera personalidade e, sobretudo, respeito perante
o eleitor da capacidade democrata e de sua direção de mostrar bem alto o que
pode realizar a Câmara de Representantes, que um punhado de novos representantes,
açulados por quem sobretudo teme a firmeza, o conhecimento e a habilidade da
tarimbada Madam Speaker venham agora, pressurosos, dizer que é tempo de a
bancada democrata ser entregue a alguém das novas levas. A jogada é tão óbvia
que a sua proveniência já parecerá demasiado conhecida, pois ao tentar indicar
alguém sem qualquer conhecimento dos desafios que têm pela frente, atrás dessa
manobra se escondem os que temem a Speaker
Nancy Pelosi, pelo tino e capacidade por ela já demonstrados, e não só em árduas
ocasiões, mas também na produção e aprovação de Leis memoráveis para aqueles
que necessitam do aporte democrata no Trabalho, na Saúde e na afirmação dos
próprios direitos, que pela astúcia do GOP
tantas vezes são denegados a essa imensa grei de desvalidos que forma grande parte do eleitorado que
pela sua confiança dignifica, e motiva o Partido Democrata.
Não vamos ceder a tais manobras de
última hora, que mais parecem urdidas pelo campo adversário, o qual quer
valer-se da ingenuidade e da possível pressa de quem ainda não domina aos
desafios da Câmara de Representantes. Não é hora de fazer o jogo da Casa Branca e dos demais redutos
republicanos. O Partido Democrata deve à América que uma de suas maiores
parlamentares, e que é com razão respeitada e mesmo temida pelas hostes do GOP, possa exercer as altas funções de Madam Speaker da Casa de Representantes.
O Povo americano, que sempre a
elegeu durante esse longo inverno democrata na Câmara de Representantes, deve
colher de novo a sua grande capacidade de liderança e de defesa de todos os
americanos e, muito em particular, daqueles segmentos que fazem a especial
honra do Partido de Roosevelt - vale dizer, dos humildes e desvalidos, dos
pobres e perseguidos.
( Fonte: The New York Times
)
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