Afinal, a ONU poderá enviar ajuda
humanitária à Venezuela. O ditador Maduro se recusara até ontem, pois temia que
o auxílio servisse de pretexto para intervenção militar no país.
Até outubro, ele ainda temia que a ajuda internacional
servisse de pretexto para a entrada dos militares. Por isso, Maduro rejeitava o
termo "emergência humanitária.
Agora, um pacote inicial de US$ 9,2 milhões será liberado. O dinheiro
ficará sob controle das agências internacionais.
A crise alimentar e sanitária naquele país resultou no êxodo de três
milhões de pessoas, o que é considerado o maior fluxo migratório na história
recente da América Latina. Somente no
corrente ano de 2018, cerca de 205 mil
venezuelanos solicitaram refúgio e centenas de milhares atravessam
fronteiras como imigrantes.
Para as Nações Unidas o fluxo aumentará nos meses vindouros. Somente
melhora real nas condições sanitárias e alimentares interromperá o fluxo. Na semana vindoura, a crise na Venezuela
entrará por primeira vez na lista dos programas humanitários divulgados pela
ONU. Nessa ocasião, as Nações Unidas lançarão apelo global para crises no
Iêmen, Síria, Líbia e outros países, como a Venezuela. O covarde temor do ditador Maduro de que o
auxílio humanitário poderia desestabilizar o próprio mando impediu que muitas
pessoas fossem salvas.
O programa da Unicef destinará US$ 2,6 milhões para a "recuperação
nutricional de crianças com menos de cinco anos, mulheres grávidas ou que
esteja amamentando". Nesse sentido, oito Estados venezuelanos serão
atendidos.
Outro montante, de US$ 1,7 milhão,
será destinado ao atendimento de mulheres e meninas, principalmente nos estados
de fronteira com Colômbia e Brasil. A maior porção do dinheiro irá para a Organização Mundial de Saúde, Essa
agência tem US$ 3,6 milhões para dispender no fortalecimento de hospitais,
ajudar a pagar salários e comprar medicamentos.
É de notar-se que, consoante fontes ouvidas pelo Estado, as
agências internacionais estavam lidando apenas "com os sintomas da
crise". Até o presente, elas atuavam tao somente fora dos limites do país
- nesse sentido, quarenta entidades têm a- tendido a população que deixou a
Venezuela.
Nas Nações Unidas,
fontes acreditam que esse primeiro passo de ajuda humanitária marque o início
de processo que permitirá uma maior presença de entidades nesse país. Jorge
Arreaza, ministro do exterior da Venezuela,
durante recente visita a Genebra, indicou que o país não vive uma "emergência
humanitária", que "todos tinham acesso à saúde" e não se pejou em
garantir que a crise era "manobrada" pelos americanos, na tentativa de levar Maduro à renúncia.
A Organização
Pan-americana de saúde (Opas) denunciou
que um em cada três médicos venezuelanos já deixaram o país e informou o
aumento nos casos de Aids, malária,
tuberculose, sarampo, difteria e de outras doenças.
Por exemplo, em
2014 existiam registrados 66,1 mil médicos na Venezuela. Em 2018, 22 mil
debandaram. Segundo a Opas, em
mortalidade infantil,o país regrediu
quarenta anos. Os índices de 2017 são equivalentes ao que se registrava na
Venezuela em 1977.
( Fonte: O
Estado de S. Paulo )
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