Vindos na maioria de Honduras, cerca de três mil imigrantes pacientam em
acampamento improvisado em centro esportivo de Tijuana, cidade mexicana na
fronteira com o ambicionado destino dos Estados Unidos da América.
Parte da espera é feita em barracas de camping, ou de cobertor, que servem de
abrigo. Diante delas o gigantesco muro-símbolo, que explica duas coisas: a
enorme diferença de renda entre América del Sur y Estados Unidos, que motiva a
empresa; e a embutida trágica ironia da rejeição.
A vista em si já é uma provocação: o
enorme Muro de Trump pode ser o fim
de uma viagem de quase dois meses de caravana. O desespero foi o guia dessa insana caminhada.
Como seria de prever, a tensão domina
em atmosfera de cansaço, que a longa, interminável espera condiciona. Neste sábado 24 de novembro, a Casa Branca
fez um acordo com a equipe de López-Obrador, ainda presidente-eleito de México,
para manter naquele país os migrantes que anseiam por refúgio em Estados
Unidos, enquanto seus pedidos são analisados. O tal acordo contraria a muitas
regras da cruel burocracia que lida com as vidas das pessoas, mas na emergência
é aceito. Para Olga Sanchez Cordero, futura ministra de López Obrador, que
afinal assume a 1º de dezembro, o entendimento com a Casa Branca é "uma
solução para o curto prazo" (segundo o Washington Post). Se o mecânico
hondurenho Ever Montes começa a pensar em voltar à terra natal, esta não é
opção para o também hondurenho Edgardo Garcia. Veio com a mulher e três filhos."Tinha
casa própria, carro, minha mecânica e um restaurante. Estou jurado de morte
pelas duas gangues de lá", por não conseguir pagar o imposto de guerra
exigido pelos criminosos.
Dentre os trabalhadores que se moviam
em busca de emprego, está o eletricista Robinson Sabillón, 25. Também o motiva
a ânsia do trabalho, mas ele tem medo dos mexicanos e dos cartéis de droga.
"Dizem que há muito sequestro aqui".
Aliás, nesse último fim de semana, centenas de moradores de Tijuana
protestaram contra a chegada dos imigrantes.
(Extraído
da reportagem de Fernanda Ezabella, da
Folha de S. Paulo)
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