A transição do Brexit pode ir até
2022; Gibraltar ainda trava o acordo. Reino Unido e U.E. finalizaram ontem
outra etapa das negociações da saída inglesa da UE. O projeto, que não tem força legal, prevê a
ampliação do período de transição até 2022, e oferece concessão na fronteira
irlandesa. Contudo, o status de
Gibraltar e as licenças de pesca em águas britânicas permanecem num impasse.
A declaração não
agradou à oposição ao governo de Theresa May e alguns membros pro-Brexit de seu
partido criticaram a declaração, que está prevista para ser votada no fim de
semana, em reunião de representantes dos 27 países da UE, a que deve comparecer
a Primeira Ministra.
A Primeira Ministra May disse que o
acordo é bom para os dois lados da negociação e abre caminho para manter as
relações comerciais com a U.E., bem como novos acordos bilaterais com outros
países. May argumentou que o pacto contempla
tudo que os britânicos favoráveis ao Brexit queriam: controle de fronteira,
fim do trânsito livre de pessoas e fim do repasse de recursos ao
bloco.
No caso da fronteira irlandesa, o
acordo oferece alternativa, que consiste na implementação de mecanismos
tecnológicos para trânsito de bens e pessoas que impeçam a restauração de uma
fronteira física na ilha. A ausência de fronteira entre as duas Irlandas, situação
estabelecida pelo Acordo de Paz de 1998, é condição tida como inegociável para
o Brexit.
Falta, no entanto, a resolução
de acordo sobre a colônia britânica de Gibraltar. A questão é rica de
possibilidades de que vire pendência. O caráter antiquado desse litígio, o que
é também um símbolo às avessas do retrocesso causado pela votação do Brexit.
Tampouco foram resolvidas as regras sobre a pesca. Nem sempre é fácil voltar no
tempo, e contrariar condições desde muito observadas, que têm ainda o defeito
de funcionarem a pleno contento.
O deputado conservador
eurocético Marc François disse que o documento se compunha de "26 páginas
de camuflagem política". Por sua vez o líder trabalhista Jeremy Corbyn e
Nicola Sturgeon, lider do partido nacionalista escocês, afirmaram que o acordo
negociado pode levar a uma saída às cegas do Reino Unido da UE.
Essa eventual partida da
Inglaterra pode causar muitas surpresas, mas Corbyn pela sua cuidada abstenção, na prática
omitiu-se do problema, contrariando o sentir de seu próprio partido. Quanto à
escocesa Nicola Sturgeon, é dificil saber o que realmente pretende.
Uma coisa, no entanto, é certa: se
o Reino Unido escolheu a opção da mediocridade, Theresa May surge como a líder
apropriada para o que muitos, sobretudo nas camadas mais jovens, lamentarão como
uma escolha do passado. O diabo é que esse tempo verbal tem como principais alimentos
a nostalgia e a contemplação de velhas fotografias...
(
Fontes: The Independent, O Estado de S. Paulo )
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