Sob certos aspectos, pode ser vista
como contristadora a atitude de boa parte da sociedade brasileira em acolher,
de forma esfuziante e até mesmo excessiva, usanças estrangeiras. O fenômeno de pronta, entusiástica mesmo,
aceitação de modismos comerciais estadunidenses vem demonstrando que aquela
velha observação quanto à alegada inclinação para a imitação do brasileiro em
geral - a ponto de não poucos de nossos irmãos platinos chegarem a chamar os brasileiros de macaquitos - não é tão destrambelhada
quanto a princípio nos pareceria e - pelo menos para muitas gerações de brasileiros
- há de ter revoltado pela alegada injustiça.
Vivemos mesmo em uma sociedade
global? Ou o fenômeno seria melhor descrito se o encararmos como um pendor para
imitar ou copiar práticas alienígenas, de preferência de sociedade com as
características de pujança e presença mundiais como a americana?
Se a influência cultural tende a
ser grande, como foram no passado a francesa e a inglesa, não é estranhável que
a presença estadunidense cresça em termos culturais no nosso país. Mas descambar para essa imitação desenfreada
de práticas comerciais - mormente com a aceitação que tem a olhos vistos - não
terá um efeito descaracterizador em nossa sociedade e, sobretudo, contribuir
para que dê lugar a observações que, no melhor dos casos, se prestem a
interpretações ambivalentes, como se a tendência brasileira de copiar - ou
arremedar - hábitos e usanças estrangeiras, em especial de potências com grande
presença mundial, como é o caso dos Estados Unidos na presente sociedade global,
em que de resto a tendência para a imitação cresce em função - como é preciso
admiti-lo, dadas à facilitação das comunicações mundiais - da dita sociedade
globalizada, que caracterizaria o mundo atual?
Ou será que, com todas as condições reforçando
tal tendência à imitação, ainda assim tendemos a levar esta inclinação a posturas
que poderiam ser interpretadas como se derivadas de certo servilismo cultural ?
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