sábado, 24 de novembro de 2018

Black Friday ?


                                                    
                                        
         Sob certos aspectos, pode ser vista como contristadora a atitude de boa parte da sociedade brasileira em acolher, de forma esfuziante e até mesmo excessiva, usanças estrangeiras.  O fenômeno de pronta, entusiástica mesmo, aceitação de modismos comerciais estadunidenses vem demonstrando que aquela velha observação quanto à alegada inclinação para a imitação do brasileiro em geral - a ponto de não poucos de nossos irmãos platinos chegarem  a chamar os brasileiros de macaquitos - não é tão destrambelhada quanto a princípio nos pareceria e - pelo menos para muitas gerações de brasileiros - há de ter revoltado pela alegada injustiça.
           Vivemos mesmo em uma sociedade global? Ou o fenômeno seria melhor descrito se o encararmos como um pendor para imitar ou copiar práticas alienígenas, de preferência de sociedade com as características de pujança e presença mundiais como a americana?
            Se a influência cultural tende a ser grande, como foram no passado a francesa e a inglesa, não é estranhável que a presença estadunidense cresça em termos culturais no nosso país.  Mas descambar para essa imitação desenfreada de práticas comerciais - mormente com a aceitação que tem a olhos vistos - não terá um efeito descaracterizador em nossa sociedade e, sobretudo, contribuir para que dê lugar a observações que, no melhor dos casos, se prestem a interpretações ambivalentes, como se a tendência brasileira de copiar - ou arremedar - hábitos e usanças estrangeiras, em especial de potências com grande presença mundial, como é o caso dos Estados Unidos na presente sociedade global, em que de resto a tendência para a imitação cresce em função - como é preciso admiti-lo, dadas à facilitação das comunicações mundiais - da dita sociedade globalizada, que caracterizaria o mundo atual?
           Ou será que, com todas as condições reforçando tal tendência à imitação, ainda assim tendemos a levar esta inclinação a posturas que poderiam ser interpretadas como se derivadas de certo servilismo cultural ?

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