sábado, 10 de novembro de 2018

Do melancólico Fim do Governo Temer


                             
          A omissão tem sido, neste final de governo, a característica da Administração Temer. O Brasil far-se-á representar pelo embaixador acreditado em Paris, a despeito do convite recebido pelo atual Governo de participar - entre outros 75 líderes mundiais - do 1º centenário da Grande Guerre , em que nosso país teve alguma presença, posto que não haja participado da acérrima carnificina.  Se enviara tropas para esses sangrentos embates, elas não estiveram - e felizmente - presentes nas intensas porfias que marcam a cruel e sangrenta guerra de trincheiras. Mas quando e se voltaram, traziam nas respectivas mochilas as lembranças terríveis daquela horrenda comemoração do fim da Belle Époque, de que terrorista sérvio - Gavrilo Princip (que diga-se de paso, morreu na cama, muitas décadas depois) - desencadearia a matança que poria fim à Belle Époque, ao progresso das nações, empenhadas ora em matar os próprios semelhantes, que seriam talvez seus companheiros de folgança em deploráveis festividades de um tempo de cabeças coroadas e de alegres turistas que - é bom sempre lembrar - não careciam de passaporte para viajar.
                Surpreende que nem o Presidente Michel Temer, nem o Ministro do Exterior Aloysio Nunes Ferreira, estarão presentes nas cerimônias organizadas pelo Presidente Emmanuel Macron, a que comparecem, entre outros, muitos dignitários e dirigentes políticos, que talvez  representando os muitos exércitos e batalhões, cujos oficiais e soldados morreram ou ficaram aleijados ou incapacitados, por essa brutal guerra de trincheiras, que mostrou (sem que os espectadores de então se dessem conta de o que seria, em matéria de letalidade humana o século XX) a terrível carantonha da guerra moderna, com seus gases, ou mortais, ou desfigurantes, suas terríveis, sórdidas trincheiras em que morreram poetas, escritores, e gente do povo, sem esquecer as ordens dos generais que manda-vam, sem titubear, em busca da glória nacional, em improváveis triunfos, nas charnecas e no lodo da desfigurada campanha francesa, gerações e gerações de promissores artistas, escritores, irmanados à gente simples, todos unidos a atravessarem campos minados...

( Fontes: O  Estado de S. Paulo; July 1914, de Sean McMeekin;  e  The Sleepwalkers, de Christopher Clark) 

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