A
omissão tem sido, neste final de governo, a característica da Administração
Temer. O Brasil far-se-á representar pelo embaixador acreditado em Paris, a
despeito do convite recebido pelo atual Governo de participar - entre outros 75
líderes mundiais - do 1º centenário da Grande
Guerre , em que nosso país teve alguma presença, posto que não haja
participado da acérrima carnificina. Se
enviara tropas para esses sangrentos embates, elas não estiveram - e felizmente
- presentes nas intensas porfias que marcam a cruel e sangrenta guerra de
trincheiras. Mas quando e se voltaram, traziam nas respectivas mochilas as
lembranças terríveis daquela horrenda comemoração do fim da Belle Époque, de que terrorista sérvio - Gavrilo Princip (que diga-se de paso, morreu na cama, muitas décadas
depois) - desencadearia a matança que poria fim à Belle Époque, ao progresso das nações, empenhadas ora em matar os
próprios semelhantes, que seriam talvez seus companheiros de folgança em
deploráveis festividades de um tempo de cabeças coroadas e de alegres turistas
que - é bom sempre lembrar - não careciam de passaporte para viajar.
Surpreende que nem o Presidente
Michel Temer, nem o Ministro do Exterior Aloysio Nunes Ferreira, estarão
presentes nas cerimônias organizadas pelo Presidente Emmanuel Macron, a que
comparecem, entre outros, muitos dignitários e dirigentes políticos, que talvez
representando os muitos exércitos e
batalhões, cujos oficiais e soldados morreram ou ficaram aleijados ou
incapacitados, por essa brutal guerra de trincheiras, que mostrou (sem que os
espectadores de então se dessem conta de o que seria, em matéria de letalidade
humana o século XX) a terrível carantonha da guerra moderna, com seus gases, ou
mortais, ou desfigurantes, suas terríveis, sórdidas trincheiras em que morreram
poetas, escritores, e gente do povo, sem esquecer as ordens dos generais que
manda-vam, sem titubear, em busca da glória nacional, em improváveis triunfos, nas
charnecas e no lodo da desfigurada campanha francesa, gerações e gerações de
promissores artistas, escritores, irmanados à gente simples, todos unidos a
atravessarem campos minados...
(
Fontes: O Estado de S. Paulo; July 1914, de Sean McMeekin; e The Sleepwalkers, de Christopher Clark)
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