sábado, 17 de novembro de 2018

Assange indiciado em segredo


                               
         Segundo revelação do Washington Post,  os Estados Unidos indiciaram o fundador do site WikiLeaks,  o australiano Julian Assange, em um procedimento secreto que seria divulgado por engano.
          A medida do governo americano marca inegável escalada de Washington contra Assange e seu grupo.  Especula-se, nesse sentido, que tal 'descoberta' possa fazer avançar as investigações sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016.
           Em carta a um juiz, o Procurador Kellen Dwyer, assim se referiu ao caso: "em razão da sofisticação do réu e da publicidade, em torno do caso, é provável que nenhum outro procedimento mantenha confidencial que ele foi acusado." Mais tarde, Dwyer escreveu que as acusações "precisariam ser mantidas sob sigilo até Assange ser preso."
             Como se sabe, Julian Assange pedira asilo à embaixada (chancelaria) do Equador em Londres, no que contou com o apoio do então presidente   Rafael Correa.  Posteriormente, a sua situação de asilado na chancelaria equatoriana se tornou precária, pela diferente posição política de quem fora feito presidente do Equador para suceder a Correa pelo grande empenho demonstrado  por este ultimo em viabilizar a candidatura de Lenin.
               Em um lance teatral, que não é inusitado na política,  Lenin Moreno iria dissociar-se da posição assumida por seu anterior chefe, Rafael Correa, e tal mudança não deixaria de afetar a situação de Julian Assange, como asilado na embaixada equatoriana em Londres.

                Especula-se sobre que acusações pesam contra Assange no contexto da campanha eleitoral de 2016, embora não se trate de difícil exercicio . Assinala-se a propósito a possibilidade de indiciá-lo por conspiração,  roubo de propriedade governamental e violação da Lei de Espionagem pela divulgação de documentos secretos do Pentágono e do Departamento de Estado americano, em 2010, no Wiki-Leaks. É, de resto, notória a intervenção do site Wiki-Leaks em inúmeras divulgações de documentos do Departamento de Estado, sempre com o intento de favorecer ao candidato de Vladimir Putin à Casa Branca,  Donald Trump.  O Wiki-leaks foi uma notória plataforma de propaganda anti-Hillary, inclusive com sua divulgação de textos subtraídos do Diretório do Partido Democrata .
                    Por estranha ironia, o Departamento de Justiça propiciou ao Wiki-Leaks de Assange um "furo de reportagem" ao revelar acidentalmente  a existência de acusações confidenciais (ou um rascunho delas) contra Julian Assange, em" um aparente lapso no copiar e colar , em um caso não-relacionado",  como escreveu o Wiki-Leaks no Twitter.

                     Assim, a acusação de Assange nos Estados Unidos poderia ter implicações na presente investigação dirigida pelo procurador-especial Robert Mueller, sobre um conluio da campanha presidente de Trump com a Rússia, e além disso, se o atual presidente obstruíu a Justiça na investigação.  Em julho, o Procurador Mueller acusou doze espiões russos de conspiração ao hackear os computadores do Comitê Nacional Democrata, assim como de roubo de informação e publicação dos arquivos com o escopo de distorcer o resultado da votação. Nesse sentido,  uma das acusações aponta o Wiki-Leaks como plataforma usada pelo Kremlin para divulgar os e-mails roubados.

( Fontes: Washington Post e New York Times )  

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