Com as suas vitórias nesta terça, Hillary Clinton mostrou que pode construir amplas maiorias baseadas
nos eleitores afro-americanos e nos chamados latinos, além de ter largo apoio
na população branca e sulista.
Dessarte, agregando minorias - e nisso
incluídos os segmentos de brancos de menor renda que a Senhora Clinton vem
montando maiorias através das primárias desta eleição - tende a ser fórmula
para a vitória da chapa da ex-Senadora por New York e Secretária do Departamento de Estado, no
primeiro mandato de Obama.
Se Bernie Sanders continua ainda
competitivo, com as derrotas da
Super-terça a sua posição se enfraquece, e já não mais parece o bicho-papão que
surgira com a esmagadora vitória no pequeno New Hampshire.
Há outro dado muito importante que
merece especial consideração: com esta Super-terça, Hillary montou uma
diferença em delegados comprometidos (pledged)
para a Convenção Democrata que é superior àquele que possuía Barack Obama sobre
ela, logo após a Super-terça de 2008.
Ainda é muito cedo para considerar Bernie Sanders como fora do páreo, mas
Hillary tem demonstrado forças e um approach
eleitoral (aprendido e hoje internalizado pelas palmatórias da disputa primária
com o jovem Senador Barack Obama, ao
ensejo da competição pela nomination
da campanha de 2008).
E Hillary não desconhece uma outra
premissa para construir sólidas maiorias para o além-Convenção, vale dizer a
campanha pela presidência com o rival - possivelmente Donald Trump -
representante de um indisposto GOP.
Por isso, a senhora Clinton, ao
deparar o forte adversário nestas primárias,
terá presente igualmente a necessidade de construir sólidas coalizões para o dopo
(depois) convenção de Charlotte.
Dessarte, ela não desfará do contendor e deverá tratá-lo - se a campanha
continuar a evoluir dentro das linhas das últimas refregas - não esquecendo que
adversário hodierno poderá ser o aliado de amanhã. Não queimar pontes,
portanto, com o pensamento voltado para a formação de largas alianças de
eleitores das minorias (negros e latinos), de sulistas e população branca de
baixa renda, inclusive operários - todos seus eleitores no passado e no
presente - assim com a seara de Bernie, com os liberais (progressistas) e a
juventude. Por outro lado - e tenho a
impressão de que isto virá por acréscimo - se incrementará a conscientização no
público feminino da importância para o gênero de enfim mulher entrar na Casa
Branca, não como cônjuge, mas como Madam
President.
Nessa grande democracia, não se
fazem presidentes (ou presidentas) por indicação de algum magno cacique ou
coronel - como talvez em outras partes da América isto seja possível. Pode ter havido no passado um presidente 'eleito'
pela Corte Suprema - e estou certo que os Estados Unidos pagaram muito caro
pela circunstância de que Al Gore
(que teve a maioria na votação direta, mas não na indireta, que é a que conta
nos Estados Unidos) perdeu para quem seria um dos piores presidentes
estadunidenses, George W. Bush, que com
a aventura do Iraque desperdiçou bilhões e bilhões de dólares do Tesouro
americano, sendo por conseguinte o principal responsável pelo chamado Declínio, que é a retração da
Superpotência (que pode ou não ser permanente) por força do desastre
neo-conservador do intento de derrubar Saddam Hussein, encontrar as armas de
destruição de massa (inexistentes) e
estabelecer a pretensa democracia no Oriente Médio...
Um dos herdeiros principais do
grande erro é o chamado ISIS, exército islâmico, composto em
boa parte pelos soldados e apoiadores de Saddam Hussein.
Em termos de destruição
irreparável de monumentos de antigas civilizações, até então preservados, a
palma vai para o chamado Exército Islâmico, sob o Califa al-Baghdaadi, que no
passado servira sob as ordens de Saddam, junto com muitos de seus companheiros
militares.
Por sobrevoarmos, ainda que
metaforicamente, a sua área de ação, que é a velha Síria, a terra da passagem
entre Europa e Oriente Médio, será bom ter
muito presente a relevância de uma paz real na Síria. Infelizmente, por ora, Bashar
al-Assad, graças ao apoio de gospodin
Vladimir V. Putin (que ganha boas
bases militares e navais em consequência)
deverá permanecer com algum poder. Isto decerto já não é dessa
longuíssima sublevação um bom fim, porque permitiria a permanência do ditador
responsável em última análise por todo o desastre ocorrido na região (e não é
de menos que seja a origem do grande afluxo de refugiados que testa a
resistência e a capacidade de absorção dos diversos países, a começar pelo mais
afluente e com mais firmes bases na C.E. que é a Alemanha de Angela
Merkel). E este milhão de refugiados acolhidos[1]
pela Chanceler da RFA coloca não só a estabilidade política alemã em perigo,
mas também a permanência no poder de Frau Merkel em dúvida mas a própria
estabilidade da União Européia. Mas isso é um outro assunto...
( Fonte: The New York Times )
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