A revista Isto
É, em número exclusivo, proporcionou
aos leitores do Brasil, a rara oportunidade de informar-se sobre um verdadeiro
escândalo que é a série de notícias proporcionadas pela reportagem 'A Delação
de Delcídio'.
A aparente desimportância que a cúpula
petista dera à detenção de um Senador da República e ainda por cima líder do
Governo no Senado - e a maneira peculiarmente agressiva com que fora tratado,
depois de lançado à prisão, por medalhões do único universo que para eles conta, i.e.
o poder petista em Pindorama - poderia
dizer alguma coisa - em termos freudianos - do nervosismo da Nomenclatura, no que tange às
respectivas possibilidades do escândalo em termos nocivos para o que só lhes
interessa, i.e., o governo de Dilma Rousseff e a sua subordinação ao maximato
de Lula da Silva.
O que tem ultimamente tirado o sono
desses magnos personagens é recente invenção das autoridades da Justiça, notadamente
a P.F. (polícia federal) e o M.P.F. (ministério público federal). São os
chamados acordos de delação premiada, que tem aberto para as autoridades
policial e judicial a ambicionada porta secreta para revelações antes
impensáveis dos elementos às voltas com as malhas da lei.
Primo,
expliquemos o que não é a chamada delação
premiada. Quando em viagem aos Estados Unidos, Dilma Rousseff fez questão
de exprobar aos que se serviam desse recurso, que os igualaria, no seu
entender, a verdadeiros traidores da pátria, como Joaquim Silvério dos Reis,
que foi o delator da conjura da Inconfidência
Mineira.
Secondo, de um certo modo o
argumento de Dilma ou é de notável indigência intelectual (ao confundir a
delação premiada com a traição à pátria, como no caso acima), ou - o que é ainda pior - presume a falta de
raciocínio de parte popular, o que implicaria na confusão dos dois tipos de
delação - trocando em miúdos, a própria utilização desse meio para tentar
desmerecer da delação premiada já
implica ou em má-fé, ou limitação intelectual.
O vazamento da delação premiada de
Delcídio traz no seu conteúdo inúmeros motivos para acionar o impeachment. As tentativas são tantas
que vou permitir-me elencar alguns dos crimes de responsabilidade cometidos
pela Presidenta: "Dilma tentou por três ocasiões interferir na Lava Jato, com a ajuda do ex-ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo. Dentre essas tentativas, a começar pela reunião
em Portugal com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski. "A primeira
investida do Planalto para tentar alterar os rumos da Lava Jato salta aos olhos
pela ousadia: o encontro realizado em 07/07/2015 (18 dias após a prisão de
Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo) entre Dilma, José Eduardo e o presidente do
STF, Ricardo Lewandowski, numa escala no Porto (Portugal), para
supostamente falar sobre o reajuste de
verbas do Poder Judiciário.(...) A razão principal do encontro (...) foi a
mudança nos rumos da Lava Jato. Contudo, a reunião foi um fracasso, em função
do posicionamento retilíneo do ministro Lewandowski, ao afirmar que não se
envolveria. A segunda também fracassou: o Dr.
Trisotto,o ministro convocado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) se
negou a votar pela libertação dos acusados: Trisotto se negou a assumir tal
responsabilidade espúria. Após os dois fracassos anteriores se recorreu
à nomeação de Marcelo Navarro, desembargador do TRF da 5ª Região, muito
ligado ao ministro e presidente do STJ, Dr.
Francisco Falcão. Tal nomeação seria relevante para o Governo, pois o
nomeado entraria na vaga detentora de prevenção para o julgamento de todos os habeas-corpus e recursos da Lava Jato no
STJ. Na semana de definição, Delcídio
esteve com Dilma no Alvorada para conversa privada. Enquanto caminhavam pelos
jardins do Palácio, Dilma solicitou que Delcídio conversasse com o
desembargador Marcelo Navarro a fim
de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo e de Otavio... Em
reunião em saleta de espera no Palácio do Planalto, no andar térreo, muito
rápida pelas implicações de o que se tratava, o Dr. Marcelo ratificou seu
compromisso, alegando inclusive que o Dr. Falcão já o havia alertado sobre o assunto.(...) Em
recente julgamento dos habeas corpus
impetrados no STJ, confirmando o compromisso assumido, o Dr. Marcelo Navarro,
na condição de relator votou favoravelmente pela soltura dos dois executivos
(Marcelo e Otavio). Entretanto, Dilma sofreu outro revés, e por 4x1 contra a posição do relator, eis
que as prisões foram mantidas pelos outros ministros da 5ª turma do STJ...
Tratemos agora de outra parte da
delação premiada do Sen. Delcídio do
Amaral (PT-MS). Reporto-me à Enferrujadinha,
a Refinaria de Pasadena que só a
protérvia de quem se sente acima de qualquer risco poderia induzir a recomendar
e/ou aprovar uma operação de compra. Segundo o Senador, Dilma - então presidente do Conselho de Administração da Petrobrás -
sabia que por trás da compra da Refinaria de Pasadena havia um esquema de
superfaturamento para desviar
recursos da estatal. Ela poderia ter barrado as negociações, mas
os contratos foram aprovados pelo Conselho de Administração em tempo recorde e
a Petrobrás teve um prejuízo de US$ 792 milhões, como foi
comprovado pela Lava Jato e pelo TCU.
Por fim, um tema que concerne
ao ex-presidente Lula. A CPI do CARF
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Delcídio afirmou aos procuradores da Lava Jato que, como líder do
Governo, foi pressionado por Lula
para que Mauro Marcondes e Cristina
Mautoni não fossem depor na CPI que apura a venda de Medidas Provisórias. Delcídio revelou que o ex-presidente temia
que o casal pudesse implicar seus filhos no escândalo. Assim, "por
várias vezes o próprio Lula solicitou a
Delcídio que agisse para evitar a convocação do casal para depor perante a CPI.
Lula alegava que estava muito preocupado com eles. Mas, em verdade, Lula estava
preocupado com implicações à sua própria família, especialmente os filhos Fábio
Luiz Lula da Silva e Luiz Cláudio Lula da Silva. Esse fato foi confirmado a
Delcídio por Maurício Bumlai, que
conhece muito bem a relação dos familiares de Lula com o casal. Em resposta à
insistência de Lula, Delcídio, como líder do governo no Senado, mobilizou a
base do governo para derrubar os requerimentos de convocação do casal na
reunião ocorrida em 05/11/2015, onde logrou êxito."
( Fonte: IstoÉ, Grande Enciclopédia
Delta-Larousse )
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