Uma vez homologada a delação do Senador Delcídio do
Amaral pelo Ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, essa delação,
que já incomodava nas páginas da revista IstoÉ, caminha para a opinião pública
e a Procuradoria-Geral da República, onde o Procurador-Geral avalia se pedirá
para investigar a presidente Dilma Rousseff, por tentativa de obstruir a
Justiça.
Como já se assinalara no blog, Dilma
terá atuado em cortes superiores para tentar soltar réus da Lava Jato. Chegou
mesmo a nomear ministro do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), que teria sido incumbido de evitar a punição de
empreiteiros.
Quanto ao Ministro Aloizio Mercadante,
muito próximo de Dilma, - e por isso foi Chefe da Casa Civil, de onde foi
afastado por uma série de reveses do governo - está agora de volta na Educação
- em entrevista à Folha Delcídio ironizou Aloizio Mercadante que, segundo ele,
tentara evitar a delação, oferecendo apoio financeiro e lobby junto ao STF.
Rebatendo a assertiva de Mercadante de
que oferecera auxílio por 'amizade', jamais para comprar o silêncio do senador:
"Amigo? Ele é amigo da onça!(...) Minha história no Senado é de briga com
ele. Todo mundo sabe disso."
Segundo Mercadante, ele ofereceu auxílio por
"solidariedade", jamais para comprar o silêncio do Senador. Por sua vez, Delcídio diz que as ofertas de
Mercadante, expostas na gravação feita
por um assessor faz 'cair por terra' a tese de que o Governo não tentou
interferir no curso da Operação Lava Jato.
Além de Mercadante, o ex-líder do
governo no Congresso também mira em Edinho Silva, ministro da Secretaria de
Comunicação e ex-tesoureiro da campanha de Dilma. Segundo asseverou Delcídio
"Esse aí não aguentou um empurrão."
Delcídio pediu oficialmente a sua
desfiliação do PT. Essa desfiliação já fora programada para ocorrer no mesmo
dia em que o Supremo homologasse a delação premiada que ele fez após ter sido preso, em novembro de 2015, sob
a acusação de ter tentado atrapalhar as investigações da Lava Jato.
É de notar-se que, desde que foi
preso, Delcídio reclamou por mais de uma vez que o Partido dos Trabalhadores o
abandonara. Ele chegou a mostrar irritação por uma falta de solidariedade dos
correligionários.
Pelo acordo de delação, o Senador
terá de devolver R$ 1,5 milhão aos cofres públicos por seu envolvimento no
esquema de corrupção da Petrobrás. Essa recuperação "teve por fim a
recuperação do proveito das infrações penais praticadas pelo colaborador, no
valor de R$ 1,5milhão", consoante o afirma o Procurador-Geral da
República, Rodrigo Janot, no encaminhamento do pedido de homologação.
No relato de provas fornecidas sobre
"crimes praticados pelas organizações
criminosas no âmbito do Palácio do Planalto, do Senado Federal, da Câmara dos
Deputados, do Ministério das Minas e Energia e companhia Petróleo Brasileiro
S.A." Nesse sentido, segundo Janot, Delcídio informou que houve envolvimento do
ex-presidente Lula e do pecuarista José Carlos Bumlai na compra do silêncio do
ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró.
A propósito, Delcídio fora preso em
novembro de 2015, após ser flagrado em gravação na qual discutia um auxílio
financeiro a Cerveró para evitar sua delação e um plano de fuga.
Dilma e
a sua indignação.
Nesse contexto, a Presidente
Dilma Rousseff, em curta nota para a imprensa afirma que repudia com
"veemência e indignação" a tentativa de envolvê-la no caso.
Para a irritada Dilma - a despeito dos laços
pessoais de amizade que mantém com o Ministro Aloizio Mercadante - foi uma
decisão pessoal a iniciativa dele em se reunir com José Eduardo Marzagão,
assessor do senador Delcídio do Amaral, à época preso.
Dessarte, em curta nota, Dilma
disse que repudia com "veemência e indignação" a tentativa de
envolvê-la no caso.
Dada a frequência nesses últimos
tempos com que Dilma Rousseff tem utilizado o termo "indignação", é de notar-se a repetição de assertivas do gênero
que, indiretamente, tendem a refletir a
prevalência de um estado de espírito de autoridade que de uma forma ou de outra
se acha sitiada. Dessarte, no entender da Presidenta, ela teria a ver no
momento com um conjunto de ações que a forçam a responder de tal forma.
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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