sábado, 5 de março de 2016

A vez de Dilma


                                 

        Há interpretações distintas na grande imprensa quanto à posição de Dilma Rousseff, diante da condução coercitiva de Lula da Silva - seu guia e criador - determinada pelo juiz Sérgio Moro. Não há negar o sucesso da operação, referendada pela Ministra Rosa Weber, embora tenha havido voz dissidente, a do Ministro Marco Aurélio. Dada a posição deste último, e as respectivas opiniões, permanece o apoio institucional do Supremo à postura do juiz Sergio Moro.

         Será o fim do projeto do PT, como refere Eliane Cantanhêde, analista política do Estadão?  Segundo ela, "a condução coercitiva de Lula e de seu primogênito, Fábio Luiz, não foi nenhuma surpresa no mundo político, mas é daqueles fatos que todo mundo espera, mas quando acontecem, são como uma explosão atômica."

         A sua dedução pode parecer evidente: "Com Lula depondo na Polícia Federal e acossado, junto com a Presidente Dilma Rousseff, pelas acusações de Delcídio Amaral, não há outra conclusão possível senão a óbvia: é o fim do projeto do PT."

         A reação de Dilma ao impensável (sobretudo para a nomenclatura petista) da operação Lava-Jato afinal não só batendo à porta, mas levando o ex-presidente para responder a perguntas, por condução coercitiva, deu vaza a interpretações contrastantes, Enquanto certos órgãos assinalam que a Presidente saíu em defesa de Lula (Estadão), o Globo sublinha que ela "defende Lula, mas dedica mais tempo a rebater Delcídio".

          Nesse contexto, a Presidenta declarou-se "indignada" e inconformada com o  alegado vazamento seletivo da peça acusatória do Senador Delcídio Amaral. São conhecidas as limitações de Dilma Rousseff, limitações essas que por consequência natural se estendem ao respectivo ministério, que é por certo um campeão da mediocridade republicana.

          Nos escalões políticos, a importância do ministério não se marca obviamente pelo número, pois em política como em tudo o mais, a inchação não pode confundir-se com a qualidade.  Por outro lado, as características dos titulares - e as exceções são microscópicas - refletem a falta de valor objetivo de quem, em hora crepuscular, foi chamada a pensar o Brasil. Pois é esta a atribuição principal de chefe de governo. Infelizmente, pensar uma nação, constitui atividade que não aparece todo o dia. Por isso, José Ingenieros se esforça em frisar que os medíocres podem ter valor. No entanto, esse elogio da mediocridade é também o reconhecimento de suas extremas limitações.

            Aqui, não é o lugar para reconhecer qualidades a quem não as tem, em especial aquelas que marcam o Primeiro Servidor do Estado, e a sua capacidade de deixar a respectiva, indelével marca.

             Depois de avançar de forma animadora, o processo do impeachment dorme sono agitado, eis que grande parte da população continua desejosa de que vá a termo. O quero já, do jovem D. Pedro II, cabe aqui e como!

              No seu caminho, no entanto, talvez a maior pedra tenha sido jogada pelo jeitoso Ministro Luís Roberto Barroso. O mais recente Ministro, Edson Fachin, impressionara a muitos pela qualidade de seu voto-parecer, ao ensejo da ação movida pelo PCdoB - que é uma sucursal do PT. Assim como no México,o PRI dispunha de partidos menores, que se ocupavam de questões  que, por vezes, o então regime mexicano do PRI preferia agir por provocação menos do que por iniciativa própria.

               Com o seu voto-parecer, o Ministro Barroso  (o do ponto fora da curva) pensara deter a tramitação do impeachment. Sem embargo, atualmente essa questão está atravessada no nosso Supremo, eis que fez prevalecer tese que vai contra o artigo 2 da Constituição (os três Poderes da União são independentes e harmônicos entre si), além de ter barrado o voto secreto na constituição da Comissão Especial, quando o sigilo do voto é no Legislativo o procedimento a ser adotado, para proteger a liberdade de opinião !  Além disso, Sua Excelência detonou as candidaturas avulsas, em outra suposta 'correção' de o que o Legislativo predispusera. Com o mal-estar criado por tal intromissão de um Poder no outro, mormente em questão da relevância do impeachment, a habilidade do ministro Barroso acabou por entornar o caldo e nesse momento não se sabe como se há de resolver tal questão.

                  Como no caso de Dilma, para quem a mediocridade política terá sido a chave principal para que Lula da Silva a tirasse da algibeira, a questão mais importante será saber como se há de resolver a petição assinada por varões do valor e da qualidade de Hélio Bicudo, e do professor Miguel Reale Júnior.

                   A Câmara de Deputados, na qual se encontra a petição, atravessa momento peculiaríssimo, no que tange à sua direção, eis que o deputado Eduardo Cunha foi declarado réu pela unanimidade dos membros do Supremo. Sem embargo, a fraqueza de seu Presidente, eis que não constitui apenas um risco a circunstância de que os seus dias à frente do plenário estão contados, não deve de nenhuma maneira  afetar o processo do Impeachment. Salta aos olhos a sua necessidade urgente, mas o governo do PT só pensa em salvar-se, quando há uma pluralidade de fatores que mais do que grita, berra pela necessidade nacional de que a matéria seja atendida e prontamente, sem maiores delongas.

                     Tudo clama pelo impeachment de Dilma Rousseff. O seu despreparo, a decorrente situação do Brasil - a nossa economia é a terceira do mundo em estado falimentar: antes de nós, apenas, a pobre Ucrânia, dilacerada pela guerra civil, pela perda ilegal de uma província (Criméia) e por uma condição de quase-guerra com a Federação Russa de Vladimir Putin, que fomenta a oeste movimentos separatistas. E qual o outro país que se acha abaixo do Brasil?  A pobre Venezuela de Nicolas Maduro, abatida pela colossal incompetência do chavismo, pela enorme corrupção dos costumes republicanos, tudo isso conjugado com o inelutável desmoronamento da economia.

                       Correm contra Dilma Rousseff também ações no Tribunal Superior Eleitoral, e que, se aceitas pelo TSE, determinariam o pronto afastamento do governo de Dilma, com a cassação de sua licença.

                        De uma forma ou de outra - e a delação de Delcídio Amaral pode transformar-se pela sua gravidade no que tange a Dilma Rousseff na pedra final para que esse desastrado governo conheça o seu término,sendo a ação do Povo e Congresso é indispensáveis. Os estragos produzidos pela dupla Lula-Dilma deveriam pôr fim a um governo que exagera em muitos aspectos, nenhum deles bom, para que continuemos a suportá-lo e deparar esse revertere na fortuna do Brasil.

                          Em tempos de Getúlio Vargas se dizia que ou o Brasil acabava com a saúva, ou a formiguinha acabaria com o Brasil.

                           Hoje a questão é muito mais séria, que vemos refletidas nos milhões de desempregados, na queda contínua da atividade econômica, enfim, na situação atolada no ridículo de que o Pais que se dizia trouxera o futuro para o presente, com a afirmação de sua economia, de sua moeda, de sua gente, eis que, de súbito, despenca no vazio de recessão que ameaça virar depressão, em meio à incompetência e sobretudo a corrupção. De uns tempos para cá a vida política é contínua projeção de escândalos, e de personagens patibulares. Ao invés de grandes temas e conclamações para realizações e situações que dêem prazer e segurança ao brasileiro, o dia-a-dia é uma sucessão de escândalos, com dona Corrupção distribuindo favores.

                             O Brasil é demasiado grande, para continuar deitado nesse miasma de escândalos, com o dúbio perfume da Corrupção.

                              Não podemos mais embalar-nos na crença de que as alianças do PT e de seus governos de ministros anônimos possam estender-se sem que ninguém ouse vir às praças, às avenidas e às janelas para gritar que não só governar é preciso!

                               Vamos reinventar o Brasil e dar um pontapé na corrupção. Temos de abrir as janelas e as portas dos palácios para, com uma vela na mão, sairmos à busca de gente honesta para governar a Terra de Santa Cruz, que disso está muito precisada!    

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S.Paulo, Estado de S. Paulo, Isto É, VEJA )

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