Lacuna no Perfil de Paes, pela revista
Piauí
O artigo, publicado na Piauí, do mês de março, sob o título de 'O Samba do Prefeito', foi
escrito por Malu Gaspar sobre a figura política do Prefeito do Rio de Janeiro,
Eduardo Paes.
A jornalista nos proporciona um
quadro bastante amplo e minucioso da trajetória do prefeito e das peripécias
ligadas à sua progressão política.
Não diria todas porque há uma
estranha omissão nessa matéria. Não há nenhuma menção à causa por que Eduardo
Paes virou prefeito. Malu Gaspar
menciona que ele e Fernando Gabeira foram para o turno decisivo.
O que ela - e aí está a razão
principal dos problemas entre os partidários de Gabeira e os de Paes -
estranhamente não menciona - que a minudência do artigo não pode senão acentuar
- Eduardo Paes ganhou por um ponto
facultativo estadual concedido pelo então Governador Sérgio Cabral.
Embora de caráter duvidoso, como
jogada política não podetia ter sido mais oportuna, pois garantiu a vitória no photo-chart ao então protegido de
Cabral, Eduardo Paes.
Funcionou o maquiavelismo de Cabral.
Ele sabia que a maior parte dos servidores estaduais o detestava, e por conseguinte votariam em Gabeira, e nunca
em Eduardo Paes, o protegido do Governador.
Dessarte, a decretação do ponto
facultativo - que não tinha de resto qualquer motivação válida - faria com o
que o grosso do funcionalismo fluminense partisse para a praia. Em
consequência, faltaram esses votos - e não eram poucos - ao popular Gabeira,
cuja candidatura vinha em curva ascendente.
Foi a dose certa do Maquiavel
Cabral para laurear o seu afilhado político, com esse ponto facultativo pra lá
de maroto.
Isso tudo é história. O que me
pareceu estranho é que uma jornalista que soube documentar-se tão bem, tenha
omitido esse detalhe (que, de resto, diz muito sobre as relações ruins - a que
Malu Paes alude - entre os grupos que ligados a Fernando Gabeira e Sérgio
Cabral).
Insatisfação
de Obama com Cameron
Muito provavelmente o
problema da Líbia não será resolvido por Barack Obama, o 51º presidente dos
Estados Unidos. Lá prevalece a anarquia, no seu sentido etimológico anarchos (falta de governo).
O poder civil
líbico por não ter o imperium não
dispõe de qualquer autoridade junto às inúmeras milicias que se apossaram das
armas do ditador Kaddafi (que, como já foi dito, as armazenava no deserto).
Obama reclama do Primeiro Ministro
David Cameron e do ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy, a quem responsabiliza
por esse estado de coisas.
Na verdade, a questão não é, assim,
tão simples, e os Estados Unidos tem igualmente um tanto de responsabilidade.
Quando Kaddafi foi eliminado, houve a
chamada vacatio legis , e é daí que se
formou a maior parte do problema. Obama tem prevenção marcada quanto a
extensões do poder americano, haja vista a experiência do Iraque. Como se sabe,
finda a guerra convencional, que derrubara Saddam Hussein, surgiu um vácuo de
poder no Iraque. O Secretário da Defesa de então, Donald Rumsfeld, concebera
derrubar o ditador iraquiano de forma rápída. Até esse ponto o seu planejamento
funcionou, mas as medidas tomadas por Rumsfeld não levaram a cessação das
hostilidades.
Porque a guerra seria rápida
(sempre no entender de Don Rumsfeld) o Secretário de Defesa fez com que os
veículos tivessem blindagem mais leve, o que lhes daria mais velocidade, dentro
de sua planejada guerra relâmpago. Como se imaginava que o poder de Saddam
desmoronaria, tampouco Rumsfeld pensou em organizar a ocupação do país
conquistado.
A desorganização desse tipo de
planejamento levou ao saqueio dos museus e de outros valores por um ressurgente
banditismo. Em breve, se a guerra clássica fora vencida, o adversário passou a
utilizar táticas de guerrilha. Os erros de Rumsfeld em termos de manutenção da
ordem, de controle dos militares iraquianos após a rendição, e até mesmo na
blindagem (leve) dos veículos militares abriu enorme oportunidade para os
guerrilheiros iraquianos (cujo exército havia sido desmobilizado pela comando
da ocupação). Não demorou muito portanto para que se aglutinasse no terreno uma
forte resistência de guerrilha, que matou muitos soldados, sub-oficiais e
oficiais americanos por causa da baixa blindagem dos veículos militares dos
Estados Unidos.
A eleição de Barack Obama pelo povo
americano resultou dessa inépcia de George W. Bush e de seus comandantes. Não
se há de esquecer que o brasileiro Sergio Vieira de Mello era o representante
do Secretário Geral das Nações Unidas em Bagdá. Ele morreu dessangrado na Zona
Verde da capital do Iraque, em 19 de agosto de 2003. O seu assassínio mostra a
desordem que prevalecia então, com as forças americanas incapazes de assegurar
a sua proteção, apesar de encontrar-se na dita zona verde, em que era proibido
o ingresso de elementos não identificados.
Esta segunda fase da guerra no
Iraque - que fora lançada por Bush para trazer a democracia para o
Médio-Oriente, tese cara aos neo-conservadores - representou uma enorme perda
para a Superpotência, que dessangrou-se em terra iraquiana, com colossal
prejuízo de bilhões e bilhões de dólares para o Tesouro dos Estados Unidos.
A cataclísmica presidência de
Bush ocasionou o chamado declínio da Superpotência, de que já
me ocupei alhures. O grande responsável, George Bush, sequer fora eleito pelo
Povo Americano, eis que por primeira vez na História a Corte Suprema (com
maioria republicana), mandou suspender a apuração na Flórida. Com tal
procedimento, foi viabilizada a vitória de Bush contra Gore (este último obteve
maioria na votação popular, mas o que vale nos Estados Unidos é a votação
indireta dos distritos eleitorais formados pelos estados).
Com o perdão pelo parêntese -
necessário porque explica a postura de Barack Obama - há uma compreensiva
ojeriza nos Estados Unidos contra aventuras militares.
Quando o fugitivo Muamar Kaddafi
foi assassinado - a sua morte em uma estrada deserta por guerrilheiros - não
houve, por conta dos temores de entrar em nova guerra de guerrilha, uma ação
militar das três potências ocidentais para assegurar uma transição pacífica na
Líbia.
Se Obama reclama dos britânicos
e dos franceses, porque disporiam de forças muito mais próximas para controlar
a transição, a sua reclamação, feita agora em palavras do Presidente Obama que
vazaram para a imprensa. Além de que os termos em inglês não tenham a mesma
carga de vulgaridade que apresentem nas suas traduções pela imprensa, eles não
deixam de ser grosseiros e, por
conseguinte, um tanto insultuosos para o Primeiro Ministro David Cameron
(Sarkozy, por estar fora do poder, implica para a França em menor carga
ofensiva).
De qualquer forma, por mais
candente que seja a linguagem de Obama, os Estados Unidos são também
responsáveis pelo presente virtual domínio pelas milícias líbicas do poder
efetivo na Líbia. Daí a entrada do Exército Islâmico nesse país, a desordem no
transporte a soldo de grupos de refugiados agora da Síria, e no passado de
diversos países africanos assolados pela guerra civil, para os países
mediterrâneos da Europa (Grécia, Itália, Malta, e França)
Visita de Justin Trudeau à Casa Branca
O Primeito Ministro canadense Justin Trudeau realiza
importante visita oficial aos Estados Unidos.
Por uma série de fatores, esta
visita de estado não se realizava há vinte anos. A fim de enfatizar-lhe a relevância, Trudeau se fez acompanhar de seis
ministros canadenses.
Trudeau, de 44 anos, um dos
mais jovens chefes de governo, foi eleito faz relativamente pouco tempo,
derrubando o domínio do partido conservador do então Premier Steven Harper.
Trudeau é filho do carismático Pierre Trudeau, ele também à testa do
Partido Liberal. Assumiu o poder em novembro de 2015, em uma verdadeira landslide (avalanche).
( Fontes: O
Globo, New York Review )
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