domingo, 13 de março de 2016

Colcha de Retalhos D 10


                               

Lacuna no Perfil de Paes, pela revista Piauí

              

             O artigo, publicado na Piauí, do mês de março,  sob o título de 'O Samba do Prefeito', foi escrito por Malu Gaspar sobre a figura política do Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

             A jornalista nos proporciona um quadro bastante amplo e minucioso da trajetória do prefeito e das peripécias ligadas à sua progressão política.

             Não diria todas porque há uma estranha omissão nessa matéria. Não há nenhuma menção à causa por que Eduardo Paes virou prefeito.  Malu Gaspar menciona que ele e Fernando Gabeira foram para o turno decisivo.

              O que ela - e aí está a razão principal dos problemas entre os partidários de Gabeira e os de Paes - estranhamente não menciona - que a minudência do artigo não pode senão acentuar -  Eduardo Paes ganhou por um ponto facultativo estadual concedido pelo então Governador Sérgio Cabral.

               Embora de caráter duvidoso, como jogada política não podetia ter sido mais oportuna, pois garantiu a vitória no photo-chart ao então protegido de Cabral, Eduardo Paes.                            

               Funcionou o maquiavelismo de Cabral. Ele sabia que a maior parte dos servidores estaduais o detestava, e  por conseguinte votariam em Gabeira, e nunca em Eduardo Paes, o protegido do Governador.

               Dessarte, a decretação do ponto facultativo - que não tinha de resto qualquer motivação válida - faria com o que o grosso do funcionalismo fluminense partisse para a praia. Em consequência, faltaram esses votos - e não eram poucos - ao popular Gabeira, cuja candidatura vinha em curva ascendente.

               Foi a dose certa do Maquiavel Cabral para laurear o seu afilhado político, com esse ponto facultativo pra lá de maroto.

               Isso tudo é história. O que me pareceu estranho é que uma jornalista que soube documentar-se tão bem, tenha omitido esse detalhe (que, de resto, diz muito sobre as relações ruins - a que Malu Paes alude - entre os grupos que ligados a Fernando Gabeira e Sérgio Cabral).

 Insatisfação de Obama com Cameron

           

          Muito provavelmente o problema da Líbia não será resolvido por Barack Obama, o 51º presidente dos Estados Unidos. Lá prevalece a anarquia, no seu sentido etimológico anarchos (falta de governo).

          O poder civil líbico por não ter o imperium não dispõe de qualquer autoridade junto às inúmeras milicias que se apossaram das armas do ditador Kaddafi (que, como já foi dito, as armazenava no deserto).

          Obama reclama do Primeiro Ministro David Cameron e do ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy, a quem responsabiliza por esse estado de coisas.

          Na verdade, a questão não é, assim, tão simples, e os Estados Unidos tem igualmente um tanto de responsabilidade.

          Quando Kaddafi foi eliminado, houve a chamada vacatio legis , e é daí que se formou a maior parte do problema. Obama tem prevenção marcada quanto a extensões do poder americano, haja vista a experiência do Iraque. Como se sabe, finda a guerra convencional, que derrubara Saddam Hussein, surgiu um vácuo de poder no Iraque. O Secretário da Defesa de então, Donald Rumsfeld, concebera derrubar o ditador iraquiano de forma rápída. Até esse ponto o seu planejamento funcionou, mas as medidas tomadas por Rumsfeld não levaram a cessação das hostilidades.

            Porque a guerra seria rápida (sempre no entender de Don Rumsfeld) o Secretário de Defesa fez com que os veículos tivessem blindagem mais leve, o que lhes daria mais velocidade, dentro de sua planejada guerra relâmpago. Como se imaginava que o poder de Saddam desmoronaria, tampouco Rumsfeld pensou em organizar a ocupação do país conquistado.

            A desorganização desse tipo de planejamento levou ao saqueio dos museus e de outros valores por um ressurgente banditismo. Em breve, se a guerra clássica fora vencida, o adversário passou a utilizar táticas de guerrilha. Os erros de Rumsfeld em termos de manutenção da ordem, de controle dos militares iraquianos após a rendição, e até mesmo na blindagem (leve) dos veículos militares abriu enorme oportunidade para os guerrilheiros iraquianos (cujo exército havia sido desmobilizado pela comando da ocupação). Não demorou muito portanto para que se aglutinasse no terreno uma forte resistência de guerrilha, que matou muitos soldados, sub-oficiais e oficiais americanos por causa da baixa blindagem dos veículos militares dos Estados Unidos.

            A eleição de Barack Obama pelo povo americano resultou dessa inépcia de George W. Bush e de seus comandantes. Não se há de esquecer que o brasileiro Sergio Vieira de Mello era o representante do Secretário Geral das Nações Unidas em Bagdá. Ele morreu dessangrado na Zona Verde da capital do Iraque, em 19 de agosto de 2003. O seu assassínio mostra a desordem que prevalecia então, com as forças americanas incapazes de assegurar a sua proteção, apesar de encontrar-se na dita zona verde, em que era proibido o ingresso de elementos não identificados.

             Esta segunda fase da guerra no Iraque - que fora lançada por Bush para trazer a democracia para o Médio-Oriente, tese cara aos neo-conservadores - representou uma enorme perda para a Superpotência, que dessangrou-se em terra iraquiana, com colossal prejuízo de bilhões e bilhões de dólares para o Tesouro dos Estados Unidos.

              A cataclísmica presidência de Bush ocasionou o chamado declínio da Superpotência, de que já me ocupei alhures. O grande responsável, George Bush, sequer fora eleito pelo Povo Americano, eis que por primeira vez na História a Corte Suprema (com maioria republicana), mandou suspender a apuração na Flórida. Com tal procedimento, foi viabilizada a vitória de Bush contra Gore (este último obteve maioria na votação popular, mas o que vale nos Estados Unidos é a votação indireta dos distritos eleitorais formados pelos estados).

              Com o perdão pelo parêntese - necessário porque explica a postura de Barack Obama - há uma compreensiva ojeriza nos Estados Unidos contra aventuras militares.

               Quando o fugitivo Muamar Kaddafi foi assassinado - a sua morte em uma estrada deserta por guerrilheiros - não houve, por conta dos temores de entrar em nova guerra de guerrilha, uma ação militar das três potências ocidentais para assegurar uma transição pacífica na Líbia.

               Se Obama reclama dos britânicos e dos franceses, porque disporiam de forças muito mais próximas para controlar a transição, a sua reclamação, feita agora em palavras do Presidente Obama que vazaram para a imprensa. Além de que os termos em inglês não tenham a mesma carga de vulgaridade que apresentem nas suas traduções pela imprensa, eles não deixam de ser grosseiros e,  por conseguinte, um tanto insultuosos para o Primeiro Ministro David Cameron (Sarkozy, por estar fora do poder, implica para a França em menor carga ofensiva).

                De qualquer forma, por mais candente que seja a linguagem de Obama, os Estados Unidos são também responsáveis pelo presente virtual  domínio pelas milícias líbicas do poder efetivo na Líbia. Daí a entrada do Exército Islâmico nesse país, a desordem no transporte a soldo de grupos de refugiados agora da Síria, e no passado de diversos países africanos assolados pela guerra civil, para os países mediterrâneos da Europa (Grécia, Itália, Malta, e França)

 

Visita de Justin Trudeau à Casa Branca 

 

                O Primeito Ministro canadense Justin Trudeau realiza importante visita oficial aos Estados Unidos.

                Por uma série de fatores, esta visita de estado não se realizava há vinte anos. A fim de enfatizar-lhe a  relevância, Trudeau se fez acompanhar de seis ministros canadenses.

                Trudeau, de 44 anos, um dos mais jovens chefes de governo, foi eleito faz relativamente pouco tempo, derrubando o domínio do partido conservador do então Premier Steven  Harper.

                Trudeau é filho do carismático Pierre Trudeau, ele também à testa do Partido Liberal. Assumiu o poder em novembro de 2015, em uma verdadeira landslide (avalanche).            

 

( Fontes:  O  Globo, New York Review )

Nenhum comentário: