Primárias republicanas
O assim chamado Super-sábado - que é rival apagado da
badalada Super-Terça - teve como protagonista o Senador Ted Cruz, com
vitórias no Kansas e em Maine.
No seu discurso de vitória, Cruz
sublinhou o progresso feito na luta contra o populista Donald Trump, que venceu na Lousiana e no Kentucky. Ted Cruz
amealhou pelo menos mais quinze delegados nessas primárias do que o front-runner Trump.
Por outro lado, o Senador pelo Texas
sugeriu aos seus companheiros de partido - o Senador Marco Rubio e o governador
John Kasich - que saíssem da disputa, visto que estariam fazendo a parte de
Trump, negando-lhe mais delegados na sua luta pela nomination do GOP.
O Senador pela Flórida, Marco Rubio, está tendo desempenho bem
abaixo das suas ambiciosas expectativas. Continua a ter baixas contagens de
apoio e enfrenta na próxima semana a perspectiva de humilhante derrota no seu
estado da Flórida, o que em termos
práticos acabaria com as próprias remanescentes ilusões de ser o nominee (designado pela Convenção do GOP).
Por outro lado, o governador John Kasich, do Ohio, parece ser o de uma nota só.
Aferra-se à batalha pelas primárias, apesar de desempenho bastante
medíocre, na esperança de abafar no seu estado natal. É o que será
decidido muito em breve.
Primárias democratas
A preponderância de Hillary
Clinton entre os eleitores negros e no Sul profundo continuou a pesar favoravelmente
na respectiva campanha. Assim, a despeito do rival Senador Bernie Sanders ter vitórias nos caucus de Nebraska e Kentucky, bastou a Hillary ganhar na Lousiana
- o estado com maior número de delegados - para que continue a levar vantagem
nesse campo determinante para o sucesso na Convenção de Charlotte. A fraqueza do Senador Sanders enquanto
a apoio de minorias lhe vem custando caro, eis que vai ficando para trás na
coleta dos delegados para a Convenção Nacional Democrata, prevista para referida
cidade de Charlotte, na Carolina do Norte.
Por enquanto, o comportamento de
Hillary Clinton nas primárias espelham o desempenho de sua nêmesis em 2008,
Barack H. Obama.
A força da democrata junto às
chamadas minorias - latinos, negros - que também apoiam ao Presidente Obama tem
marcado o seu desempenho nas primárias democratas. Bernie é o queridinho dos jovens e até de parte do eleitorado
feminino, mas esses trunfos por enquanto não tem pesado na bolsa da campanha,
de forma a deter o avanço da front-runner
Clinton.
Publicado em dois segmentos, em
fevereiro último, tal artigo - a que me havia referido anteriormente com
sinalização de cautela - me surpreendeu de forma favorável.
A transição líbia - do
enfraquecimento do ditador Kaddafi à sua queda e posterior assassínio - representou
decerto um enigma para a liderança em Washington, no que toca sobretudo ao
Presidente Obama e à Secretária de Estado
Hillary Clinton.
As dificuldades do momento não devem
ser minimizadas. A par disso, erros
decerto foram cometidos pela liderança em Washington quanto à preparação do pós-ditador cel. Muammar el-Kaddafi.
Confiou-se, decerto, demasiado
nos líderes políticos líbicos. Os muitos anos da ditadura de Kaddafi não passaram
em vão, no esvaziamento de eventuais sucessores com cacife para assegurar a
transição.
O artigo é descrição
equilibrada do significado desse desafio para o Ocidente e, em particular, para
Washington e a Administração Obama.
No que tange à Secretária de
Estado, a avaliação de seu papel me aparece apropriada.
Não há dúvida que até hoje o
mundo - sobretudo o entorno mais próximo - esteja sofrendo os efeitos da disponibilização
excessiva do armamento que fora armazenado durante tantas décadas pelo
ditador. Uma das falhas na crise líbica
foi não atentar adequadamente para esse risco, que se comprovou infelizmente,
como se tem notado no largo entorno da Líbia.
O tratamento que se deu ao
pós-Kaddafi pode ser visto como manual prático a não ser seguido em outras crises que porventura apresentem alguma
semelhança com o posterior caos líbio.
Por outro lado, os
republicanos, sobretudo a sua Câmara Baixa, têm intentado por
todos os meios possíveis inculpar a Secretária de Estado Hillary pelo covarde
assassínio do pobre embaixador Christopher Stevens, covardemente
abatido pelos facínoras líbicos, ao deixar o consulado americano em Benghazi,
na noite de terça-feira, onze de setembro de 2012. Outros três funcionários
americanos morreram nessa ocasião.
Esse tenebroso exercício
das audiências supostamente investigativas foi repetido várias, na verdade demasiadas vezes, e para desgosto dos deputados do GOP, nada lograram no que tange a retirarem lôbregos ganhos
políticos à custa de eventuais responsabilidades da então Secretária de Estado,
Hillary
Clinton. Como é notório, as atenções
republicanas contra ela não se dirigem à ex-Secretária de Estado, mas sim à
pré-candidata democrata à Presidência. Como os sôfregos picadores das touradas,
o que os deputados republicanos perseguiram - e saíram de mãos abanando - foi
alcançar algum proveito político (erros da pré-candidata presidencial, a serem
eventualmente utilizados na campanha presidencial). Nunca se gastou tanto
dinheiro público com finalidade inconfessável, do que nessas pretensas
investigações da Câmara.
No que tange à
experiência americana com a mudança de regime na Líbia - dada a situação
presente, em que os fracos governos civis da Líbia - que não dispõem na realidade de força armada - são títeres nas mãos das super-armadas
milícias - é de esperar-se que possa haver internamente quem possa dominar os
mecanismos estatais e introduzir um modicum
de ordem naquele país.
A falta de um Estado digno desse nome e que tenha condições de dispor de suporte armado a ele diretamente subordinado - e não a ter proteção precariamente montada graças a pagamentos às ditas milícias - é requisito sine qua non para que possa haver um Estado soberano, e por conseguinte forte, que controle efetivamente o cenário interno, ao invés de ser dele dependente.
A falta de um Estado digno desse nome e que tenha condições de dispor de suporte armado a ele diretamente subordinado - e não a ter proteção precariamente montada graças a pagamentos às ditas milícias - é requisito sine qua non para que possa haver um Estado soberano, e por conseguinte forte, que controle efetivamente o cenário interno, ao invés de ser dele dependente.
Por enquanto, a Líbia
tem sido um verdadeiro núcleo de desestabilização regional, máxime pela ação de
milícias corruptas que agenciam o rendoso tráfico humano de refugiados, que
buscam um suposto eden do outro lado
do Mediterrâneo. Muitos têm aprendido de forma amarga e mesmo fatal, o que
representa essa corrente humana em frágeis embarcações, conduzidas por gente
que tem ainda menos apreço a carga dessa migração do desespero, de que os chacais que cuidam do tráfico entre o
México e o eldorado americano.
( Fonte : The
New York Times )
Nenhum comentário:
Postar um comentário