Já existe virtual unanimidade nacional
quanto a esse governo. E, como se tal não bastasse, para gente com larga
experiência na política, cresce a perplexidade diante de sua mediocridade tão
sólida, tão bem implantada.
Debalde, os veteranos hão de buscar
seja na vivência, seja no cotejo da história algum outro governo que se lhe
possa comparar.
Não há nada que lhe possa ser posto
ainda abaixo em termos de valor.
O desespero com um governo pode ser
produto, seja da sua temeridade, seja de sua vontade de acertar, e até de sua
postura errônea, se bem que coerente, o que tende a suscitar contra ele uma
oposição forte e até dele descrente, mas que na excitação de temperamentos
contrapostos passa uma corrente comum de respeito, mesmo a contra-gosto, da
construção adversária.
Nada disso existe na avaliação do
Governo Dilma. A mediocridade de Dilma Rousseff está solidamente implantada no
terreno. Foi, por isso, de resto que Lula da Silva optou por indicá-la para um
eleitorado de cabresto.
Pois Lula pensava nele próprio,
no seu respectivo interesse, quando a designou para o Povo brasileiro. Pois de
designação é que tristemente se trata, pois a grande maioria do eleitorado
demonstrou que o cabresto lhe vai bem. Mas Lula só pensou nele, ao propô-la
para o Planalto.
O mais interessante nessa
tétrica estória, em que se jogou fora uma oportunidade preciosa de progressão
do Brasil, está no maquiavelismo às avessas do grande Lula. Tão bem tratou do
aparelhamento do Estado brasileiro que uma governante que, além de medíocre,
pensava para desventura nossa que tinha ideias na cabeça, não é que ela montada
na máquina de eleger gente de Lula, conseguiu o que ninguém ousara
prognosticar.
Valendo-se do dito aparelhamento
e da força imanente de uma Chefe de Estado ela alcançou o que ninguém ousara
pensar que fosse possível: ganhar mais um quatriênio, com sólída proposta
baseada em mentiras, e impedindo que a maioria da gente soubesse em tempo
válido o erro descomunal que estavam cometendo.
José Ingenieros, o pensador
argentino de princípios do século passado, nos legou uma verdade importante (a
que nós de resto não damos a atenção devida): os medíocres podem ter valor!
Demonstrando assim um fato que
não creio fosse de seu conhecimento, Dilma Rousseff passou uma rasteira no
espertíssimo Lula da Silva.
Mas sem querer aumentar o
paradoxo, temos de ponderar que a sua esperteza não levou em conta que melhor
seria para ela se saísse de cena, tais as confusões que criara - além daquelas
outras que, como boa secretária, ela fingiu que de nada sabia - e que
fatalmente iriam estourar no mandato seguinte...
Se a administração está
parada, se o Brasil murchou, se a primeira letra do acróstico do BRIC, não é
mais sequer lembrada como a de um país que
mostrara ter futuro - agora se o nosso desempenho está junto das pobres
Venezuela e Ucrânia, pelo menos essas duas nações tem razões muito válidas para
explicar a crise que as manda para baixo da classificação mundial: para a
primeira, Nicolàs Maduro, e para a segunda, Vladimir Putin.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, José Ingenieros )
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