quinta-feira, 17 de março de 2016

Bonnie & Clyde


                                      

       A hora é difícil para a República, mas os papéis não poderiam estar mais marcados.

       Viver para ouvir pelo noticiário da televisão parece incrível, mas os mais velhos terão tido a impressão de escutar, como em outros tempos, locutor entonar para os atentos ouvintes que 'é tudo verdade'.

       Será mesmo?

       O que deveria ser confidencial explode na primeira página dos jornalões, com manchetes garrafais.

       E o mais triste, senhores e senhoras, é que é mesmo tudo verdade.

       Como estampa a Folha :"Presidente atuou para evitar a prisão de Lula, indica gravação."

       Por sua vez, O Globo  exclama no cabeçalho: "Diálogo ameaça Dilma".

        O terceiro personagem, o Juiz Sérgio Moro assevera: "Interesse Público Justifica Divulgação"

        Quando a comunicação desses dois personagens veio a público:

        "Manifestantes e Oposição Pedem Renúncia".

         Foram concentrações imediatas e espontâneas, diante do Palácio do Planalto e do Congresso, em Brasília, assim como na av. Paulista. E o carro que levava o ex-presidente foi atacado ao deixar o Instituto Lula, em São Paulo. E panelaços por toda a parte.

        Como afirma Clóvis Rossi, "iniciativa de Dilma é clara tentativa de obstrução da Justiça”.

         E em complementos consonantes: "Revolta deságua nas ruas com o colapso da legitimidade" (Vinicius Torres Freire);

        "O governo ataca, mas estrago político das conversas é inegável" (Bernardo Mello Franco);

        "Nomeação para o Governo é escárnio com o Judiciário."  (Rogério Gentile).

         A entrada de Lula no governo foi considerada a última cartada para barrar o impeachment da presidente.

         Por outro lado, o STF acolheu na prática o dúbio parecer  do Ministro Luis Roberto Barroso que - é bom lembrar-se - foi escolhido para o Supremo por causa de seu artigo "Um Ponto Fora da Curva", a respeito do Ação Penal 470.

          De maneira estranha, bizarra mesmo, a maioria do STF alegremente corroborou o parecer de Barroso, que ía contra o voto do Ministro Luiz Edson Fachin. A posição anterior foi acoimada por antigos Ministros, como o ex-Presidente do Supremo, Ministro aposentado Carlos Velloso

         No entanto, apenas dois ministros deste Supremo discordaram do parecer Barroso - Gilmar Mendes e Dias Toffoli. A maioria do Supremo ignorou o artigo 2 da Constituição, quanto à independência e harmonia dos poderes, e ao arrepio das disposições da Câmara mandou na prática anular a eleição da Comissão Especial, a par de conceder ao Senado prevalência sobre a Câmara, podendo inclusive mandar arquivar o processo do impeachment. Tudo isso estranhamente para favorecer a Presidente Dilma Rousseff, que provocou, pela própria inépcia e descomunal incompetência, a apresentação de petição pelo impeachment assinada pelo Dr. Hélio Bicudo e o Dr. Miguel Reale Júnior.

           As manifestações pelo país, e em particular em São Paulo e Brasília - está prevista uma no Rio de Janeiro - são em repúdio à nomeação de Lula da Silva para Chefe da Casa Civil.

           Agora, o Juiz Federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal aceitou ação da Oposição, em forma liminar, anulando o termo da posse.

            Não compareceu também à cerimônia o Vice Michel Temer, que alegou desrespeito da Presidente Dilma, que dera posse a filiado ao PMDB como Ministro, ao arrepio da recente disposição da Direção do PMDB, pela saída do PMDB do governo Dilma Rousseff.

 

( Fontes: Globo,  Folha de S. Paulo, site de O Globo)

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