segunda-feira, 28 de março de 2016

Fraqueza do Poder Público no Rio


                        

        O atual poder público no Rio de Janeiro tem dado mostras de preocupante fraqueza.

        Pela troca de tiros entre traficantes e PMs, uma criança morreu - nos braços de seu avô  - abatida pela chamada bala perdida.

        Por causa disso, em escola no Rio de Janeiro, as crianças ficaram retidas pela reação de traficantes, em protesto à morte de um de seus elementos, abatido pela polícia.

        Em função disso, alunos de escolas elementares se tornaram na prática reféns de situação com a qual nada tinham a ver. Diante de troca de tiros com traficantes de favela próxima com a força pública, esta preferiu mantê-los nas dependências escolares, temendo que algo lhes acontecesse.

        Obviamente, as crianças devem ser protegidas. O que choca é que inocentes sejam  utilizados impunemente por marginais, para manifestar o seu protesto contra o que acontecera com traficantes, tornando meninos e meninas reféns de situação sobre as quais nada deveriam ter a ver.

       Assim, temendo a chantagem de bandidos, se submete crianças a estúpida provação. Não me parece que a polícia militar  no Rio de Janeiro esteja em situação de tal fraqueza, que se veja obrigada a permitir que tal absurdo se perpetre contra crianças inocentes, mantidas por horas a fio em situação do gênero, vítimas de uma extorsão brutal do crime organizado.

       Outra situação que guarda certa similaridade com a prepotência anterior, está na resistência dos invasores do Jardim Botânico, que se negaram a ser removidos do espaço público - que fora inaugurado por Dom João VI, quando aqui residia - apesar de um longo processo em que foi plenamente determinada o absurdo de sua instalação ilegal no bi-centenário espaço destinado à nossa flora.

         Segundo consta, a resistência dos moradores abusivos no espaço público - de resto admitida por tempo muito além de o que seria admissível  se lá existisse autoridade que preservasse o que é público - e em especial, um vasto e secular terreno dedicado ao plantio e preservação da vegetação brasílica, que deve ser aberto à visitação pública - essa resistência serviu-se de um destacamento de invasores que intervieram contra essa medida, como se bando de indivíduos tivesse o poder de impedir a expulsão de invasores dos próprios da União (e de parques públicos).

         Assinale-se que desrespeitaram não só o direito manifesto da preservação da área pública, mas levaram a insolência ao ponto de desobedecer ordem judicial expressa nesse sentido, dando a impressão de que ali vinham como milicianos para garantir o estabelecimento indevidos daqueles invasores de próprios públicos, ainda mais afeitos à conservação de nossa flora e vegetação.

         Que se tenha feito vista grossa por largo tempo àquela invasão de áreas próprias do Jardim Botânico já evidencia a deterioração e  decadência inegável na defesa e preservação das áreas públicas, e notadamente aquelas de existência tri-secular e afetas à preservação da riqueza de nossa flora e vegetação.

         O pior está, no entanto, no vergonhoso recuo na execução de ordem judicial desde muito necessária, e que dificilmente seria pensável em outro país civilizado. Primo, não haveria a invasão de área pública, notadamente o Jardim Botânico, e Secondo, se realiza em afronta que denota a decadência do respeito do privado pelo público (que é bem comum do Povo, e como tal deve ser preservado). O Poder público, que está obrigado a defender os bens comuns, sequer se dignou a cuidar da expulsão dos invasores do Jardim Botânico, e por tal desídia, causaram a interrupção da operação.  

          A fraqueza do Poder Público se compõe com a ignorante afronta de extratos populares a uma riqueza que a todos pertence, e que claramente não se destina à invasão para estabelecer residências abusivas (como é prática nas áreas próximas às favelas).

           Atravessamos decerto um momento de omissão, temerosa ou negligente, do necessário respeito aos bens públicos, mas também às nossas crianças, que foram destratadas covardemente por traficantes, forçando-as a permanecerem longo tempo enclausuradas na respectiva escola, que é lugar de ensino e de elevação  intelectual, e nunca de cativeiro.

            E depois essa gente não fique surpresa que, diante de tais maus tratos e covarde desrespeito às nossas crianças, ouça de populares o comentário de que isso vai acabar com Bolsonaro presidente...

 

( Fontes:  O Globo, Rede Globo )             

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