O atual poder público no Rio de Janeiro
tem dado mostras de preocupante fraqueza.
Pela troca de tiros entre traficantes e
PMs, uma criança morreu - nos braços de seu avô
- abatida pela chamada bala perdida.
Por causa disso, em escola no Rio de
Janeiro, as crianças ficaram retidas pela reação de traficantes, em protesto à
morte de um de seus elementos, abatido pela polícia.
Em função disso, alunos de escolas
elementares se tornaram na prática reféns de situação com a qual nada tinham a
ver. Diante de troca de tiros com traficantes de favela próxima com a força
pública, esta preferiu mantê-los nas dependências escolares, temendo que algo
lhes acontecesse.
Obviamente, as crianças devem ser
protegidas. O que choca é que inocentes sejam
utilizados impunemente por marginais, para manifestar o seu protesto
contra o que acontecera com traficantes, tornando meninos e meninas reféns de
situação sobre as quais nada deveriam ter a ver.
Assim, temendo a chantagem de bandidos,
se submete crianças a estúpida provação. Não me parece que a polícia
militar no Rio de Janeiro esteja em
situação de tal fraqueza, que se veja obrigada a permitir que tal absurdo se
perpetre contra crianças inocentes, mantidas por horas a fio em situação do
gênero, vítimas de uma extorsão brutal do crime organizado.
Outra situação que guarda certa
similaridade com a prepotência anterior, está na resistência dos invasores do
Jardim Botânico, que se negaram a ser removidos do espaço público - que fora
inaugurado por Dom João VI, quando aqui residia - apesar de um longo processo
em que foi plenamente determinada o absurdo de sua instalação ilegal no
bi-centenário espaço destinado à nossa flora.
Segundo
consta, a resistência dos moradores abusivos no espaço público - de resto
admitida por tempo muito além de o que seria admissível se lá existisse autoridade que preservasse o
que é público - e em especial, um vasto e secular terreno dedicado ao plantio e
preservação da vegetação brasílica, que deve ser aberto à visitação pública -
essa resistência serviu-se de um destacamento de invasores que intervieram
contra essa medida, como se bando de indivíduos tivesse o poder de impedir a
expulsão de invasores dos próprios da União (e de parques públicos).
Assinale-se que desrespeitaram não só
o direito manifesto da preservação da área pública, mas levaram a insolência ao
ponto de desobedecer ordem judicial expressa nesse sentido, dando a impressão
de que ali vinham como milicianos para garantir o estabelecimento indevidos
daqueles invasores de próprios públicos, ainda mais afeitos à conservação de
nossa flora e vegetação.
Que se tenha feito vista grossa por
largo tempo àquela invasão de áreas próprias do Jardim Botânico já evidencia a
deterioração e decadência inegável na
defesa e preservação das áreas públicas, e notadamente aquelas de existência
tri-secular e afetas à preservação da riqueza de nossa flora e vegetação.
O pior está, no entanto, no vergonhoso
recuo na execução de ordem judicial desde muito necessária, e que dificilmente
seria pensável em outro país civilizado. Primo,
não haveria a invasão de área pública, notadamente o Jardim Botânico, e Secondo, se realiza em afronta que
denota a decadência do respeito do privado pelo público (que é bem comum do
Povo, e como tal deve ser preservado). O Poder público, que está obrigado a
defender os bens comuns, sequer se dignou a cuidar da expulsão dos invasores do
Jardim Botânico, e por tal desídia, causaram a interrupção da operação.
A fraqueza do Poder Público se compõe
com a ignorante afronta de extratos populares a uma riqueza que a todos
pertence, e que claramente não se destina à invasão para estabelecer
residências abusivas (como é prática nas áreas próximas às favelas).
Atravessamos decerto um momento de
omissão, temerosa ou negligente, do necessário respeito aos bens públicos, mas
também às nossas crianças, que foram destratadas covardemente por traficantes,
forçando-as a permanecerem longo tempo enclausuradas na respectiva escola, que
é lugar de ensino e de elevação
intelectual, e nunca de cativeiro.
E depois essa gente não fique
surpresa que, diante de tais maus tratos e covarde desrespeito às nossas
crianças, ouça de populares o comentário de que isso vai acabar com Bolsonaro
presidente...
( Fontes: O Globo, Rede Globo
)
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