quarta-feira, 2 de março de 2016

Boa vitória de Hillary


                              

        Contra Bernie Sanders, o rival que não está tão fraco quanto recentes comentários na imprensa anunciavam, Hillary Clinton obteve vitória maiúscula nesta super-Terça Feira.
         Fez uma razzia (devastação) no Sul profundo (Texas, Tennessee, Alabama, Georgia, Virgínia, Arkansas) e ainda vence no fio da navalha, no ultra-liberal Massachusetts (50%).
         A sua maioria no eleitorado afro-americano, está na base de 60% em quatro estados, inclusive o Texas, com 70% na Georgia e 80% no Alabama. Conhecedores da sua longa militância no Sul, o voto negro a apoiou de forma maciça, chegando em certos estados a ultrapassar o que Barack Obama tinha obtido desse importante segmento do eleitorado democrata. Com a quase nenhuma participação de B.Sanders em defesa dos negros - só conseguiu produzir uma foto desfocada de 1963 - este sólido ativo da ex-Secretária de Estado - o apoio do voto afro-americano, de grande peso nos sufrágios democratas - tende a ser trunfo temível para o adversário.

           Por outro lado, surpreende que arrebate Massachusetts, próximo da base de Sanders, e com menor participação do contingente afro-americano.

            No momento, Hillary tem já cerca de metade dos delegados 'pledged' (comprometidos) necessários para arrebatar a cobiçada nomination. Isto sem falar dos chamados superdelegados, que já afluíram para o seu ticket com grande vantagem em relação ao direto adversário. Bernie Sanders, além de vencer no estado natal, Vermont, ganhou tambem em Oklahoma e Colorado, estados com perfis liberais que se encaixam na respectiva base de apoio do Senador populista.

             O New York Times, nas suas habituais contradições, apesar de endossar a candidatura de Hillary Clinton (anteriormente havia apresentado artigos ambíguos com relação ao irmão de Hillary, e faz pouquíssimo publicou longo artigo[1] - em duas partes - no qual questiona a influência de Hillary no que concerne ao desastre na Líbia ), reconhece que Bernie Sanders  precisará de landslides (avalanches eleitorais) para mudar o jogo.

            

              Ainda falta muito para declarar que Hillary já tenha a vitória assegurada. Mostra, no entanto, ao contrário de muitos observadores, que a sua parcela no voto negro - e o apoio que tem de outros segmentos, como o da classe A, e dos idosos - semelha montar um percentual no sufrágio democrata, de que o concorrente Bernie Sanders careceria  de colher triunfos com sólidas maiorias, com pelo menos vinte por cento de vantagem,  o que por ora não se divisa no visível horizonte.

 
                Mas a política é o que é, e os triunfos surgem e são coroados pela Convenção. Antes disso, o caráter lábil dos sufrágios e as muitas armadilhas que cercam os grandes candidatos, aconselham cautela.

  

                Como diz o americano "so far, so good", i.e., por enquanto vai bem. O por ora especialmente  positivo é que, apesar do súbito crescimento do rival Sanders, Hillary mostra nesta Super-Terça-feira ótimo desempenho, com comportamento nas primárias que relembra - e aí está a ironia - aquele de seu rival vencedor em 2008, Barack  Hussein Obama.

 

 

( Fonte:  The New York Times )




[1] Oportunamente farei no blog resenha sobre esse artigo.

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