A principal atingida pela maior
manifestação da História brasileira é a própria Presidenta - essa designação malsonante de que, espero, nos
livremos breve - diante da virtual unanimidade nacional que se estendeu do Acre ao Rio Grande, como bem o demonstra a
cobertura desta imponente e espontânea demonstração de democracia - alegre, mas
firme, com seu punhado de heróis (notadamente o Juiz Sérgio Moro) e sua penca de desafetos, com Dilma
e Lula
à frente. Um parêntesis: patética a mini-manifestação perante um dos
apartamentos de Lula, em São Bernardo. Serviu para mostrar o quanto caíu e por
fundados motivos.
São Paulo e a Avenida Paulista encerraram
a festa democrática, que já encantara os olhos desses Brasis na praia de
Copacabana. Unitária na sua diversidade, a reunião, imensa, alegre,
bem-comportada, porém firme e resoluta no cartão vermelho para o festival de
roubalheira e desgoverno com que nos presenteou o PT de Dilma Rousseff.
Ao sobrevoarmos, graças à Rede Globo,
este Brasil - porque ontem o espetáculo foi um só no seu estentórico Não a tudo que aí está, com as mazelas
do pior governo que nos coube desse latifúndio. E o que ressalta é o veio a um
tempo cômico nos bonecos Pixuleco (Lula 171) e Dilma, que foram os antiheróis da
maior festa democrática de todos os tempos.
Dilma, desprovida de sua verve e
imaginação (que costumavam estar ao seu lado na pessoa de João Santana), e, portanto sem qualquer sofisticação, nos mostrou sua
pobreza mental, enrolando-se nas palavras,
como aponta R. Noblat. Vencida
pelo nervosismo, rasgada a fantasia do marqueteiro, e arrancadas as proteções pela
hora que está muito acima da respectiva capacidade, mostrou seu nível, ao
tornar reflexivo o verbo renunciar, com frase penosa e desmoralizante: "eu não me renuncio !"
Rasgam-se os panos que lhe disfarçaram o
nível, o que torna ainda mais condenável o gesto de Lula ao indicá-la para
sucedê-lo.
No entanto, as coisas não param por aí,
eis que mais um embuste cai por terra. Ainda que reconhecesse a respectiva mediocridade,
a possibilidade de uma recuperação via derrota do impeachment poderia salvá-la depois desse estentórico Não do Povo brasileiro à sua
permanência na Presidência? Como indica o colunista Noblat - e outros
mais - "sua imagem pessoal de
honradez começa a ser posta em xeque"."São chocantes trechos da delação gravada de Delcídio.(...) Tanto
quanto as conversas com auxiliares de Dilma gravadas por empresários delatores.
A Lava-Jato não sequestrou o governo
como dizem vozes do governo. Lula, o PT e Dilma foram sequestrados pela própria
ambição."
Perdida a legitimidade, e dilacerado o
véu da pretensa honestidade, abertas as portas do Congresso, serão ainda
praticáveis os truquezinhos pelo Supremo, graças ao parecer de Luís Roberto Barroso, na contramão da
interpretação da Constituição?
Com a cabeça do Presidente Renan Calheiros
a prêmio, além do já marcado Presidente Eduardo Cunha - como o ratificou a manifestação diante do Congresso, sem falar
do nome de Dilma escrito por milhares de pessoas nessa grande parada popular em Brasília - de repente o Impeachment volta a ser expresso de
forma tonitruante pelas multidões, o que evoca, e com muito mais força, a velha
experiência dos anos noventa.
Como diria Drummond, a festa acabou.
( Fontes: O Globo, coluna de
Noblat, Rede Globo, Carlos Drummond de Andrade )
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