Inicia-se no Congresso e alhures, nova
fase da crise que se apossou do país.
Esse mal-estar é alimentado pela
crescente insatisfação da opinião pública, e da própria oposição. Como as
acusações ao PT e seu líder não são respondidas - como acentuou a candidata
Marina, o PT faz a "apologia do confronto para se defender de
acusações" - a tensão só tende a aumentar, porque partir para a violência
verbal, com a implícita ameaça de agravar a 'resposta' do confronto, só tende a
enfatizar a vacuidade da alegada resposta de Lula e Dilma às imputações
específicas que lhes são feitas.
Além de brandir tais falsos argumentos
- pois a violência em todas as suas formas é o anti-argumento, aquele que
costuma corroborar ao invés o que se lhe imputa.
Entrementes, contra os anti-argumentos dos dois
líderes - Lula voltando de seu depoimento
na sala da P.F. do aeroporto de Congonhas - e Dilma se declarando
"indignada" contra as concretas assertivas constantes do depoimento
de Delcídio Amaral para a delação premiada - a oposição e a quase-oposição vão
perdendo a paciência.
Aquela inicia no Congresso a partir de
hoje o bloqueio da pauta dos trabalhos. Coordena-se a oposição para forçar, da
tribuna, a instalação da Comissão do Impeachment.
Isso requer esforço redobrado das
forças oposicionistas para, da tribuna, impedir através do bloqueio da pauta do
Congresso, que continue a prevalecer a tática petista (e de suas forças
caudatárias, como o PCdoB) de empurrar a crise com a barriga, tentando, através
do ganho de tempo, esvaziar a dinâmica da oposição.
Esta, por sua vez, tem de forçar
através de pressão que atrapalhe a tramitação do dia-a-dia congressual (a manutenção
da rotina é essencial para o situacionismo, não só por ganhar tempo, mas também
e sobretudo, para tentar que a pressão das ruas não se concretize no plenário
do Congresso).
Interessa ao PT o chamado confronto
vazio, através da rouca indignação do velho capitão nas salas de público simpatizante,
enquanto se contempla o tempo passar na esperança de que a raiva popular, como
a água da fervura, vá aos poucos baixando. Para quem não tem argumento, nem
chaves mágicas para baixar a pressão da cólera popular, o tempo será a
divindade a cujo altar hão de acorrer os que estão despojados de argumentos de
valia.
Assim, enquanto Dilma, cujas
limitações são eloquentes, só pode balbuciar ou berrar que está 'indignada' (o
timbre vai depender da audiência), Lula recorre à estratégia do tribuno que é,
apresentando as suas alegadas 'respostas'
diante de público já sedento pelas 'verdades' do chefe.
Marina está certa e põe o dedo na
ferida, quando exproba a estratégia petista de fazer a "apologia do
confronto para se defender de acusações". Esse tipo de anti-resposta, na
verdade, não leva a nada, pois nada pretende esclarecer. Quem não tem outro
argumento do que a tática dilatória, está passando a própria confissão de
tácita confirmação dos fatos que lhe são imputados, através desse recurso ao
anti-debate. Quem disso não pode prescindir, está admitindo ipso facto as acusações que lhe são
imputadas.
O escopo do bloqueio da pauta é o
de forçar o Congresso a instalar a Comissão do Impeachment. Tenha-se presente, porém, que pela última decisão do
Supremo, foi acolhido o estranho parecer do Ministro Luiz Roberto Barroso, que
favorece as forças de Dilma. Como altas figuras jurídicas já asseveraram, as
principais modificações introduzidas pelo parecer Barroso desrespeitam o artigo
2 da Constituição - independência e harmonia entre os três Poderes - assim como se chocam com a
imposição do voto aberto (quando o secreto seria o recomendável), a par da
precedência dada ao Senado sobre a Câmara, em detrimento desta última, que é a mais direta representante do
Povo. Pelos embargos de declaração é possível a modificação do parecer - sendo
apoiada por grandes vozes constitucionalistas, inclusive antigos membros do
Supremo - mas, dadas as incógnitas, nos tempos de tais decisões, não se pode
garantir que a tese mais acertada, recomendada pelas maiores autoridades, venha a
prevalecer.
Está também por ocorrer a
homologação da delação premiada do ex-líder no Senado, Delcídio Amaral (V. no blog de ontem o resumo dessa delação,
que infunde grande tristeza pelo nível ético e moral que ora prevalece em
Brasília, com os "argumentos" utilizados pelo governo petista de
Dilma Rousseff ).
Por último, o Vice-Presidente Michel
Temer torna a ocupar a tribuna e fala em reunificar o país contra a crise.
Desta feita, a Presidente Dilma não é sequer citada no discurso do Vice-Presidente.
Segundo o Vice-Presidente, o Brasil precisa de "unidade" e
"reunificação" para sair da crise.
( Fontes: O Globo, Folha de
S. Paulo, IstoÉ )
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