terça-feira, 15 de março de 2016

Ética e Poder

                                     

       Angela Merkel seria a grande derrotada nas eleições regionais em três departamentos da Alemanha.

        Os eleitores na Renânia-Palatinado e no Baden-Wurtemberg deram a preferência, respectivamente, ao SPD (Partido Social Democrata) e ao Partido Verde. Cresceu bastante a legenda do AfD, sigla populista de direita, com plataforma anti-refugiados, e sobretudo na Saxônia-Anhalt (antes pertencente à Alemanha Oriental).

       Líder do AfD, Frauke Petry disse não importar-se que nenhum partido pretenda fazer alianças com sua legenda.

       De qualquer forma, Frau Merkel continua como a principal líder alemã.  No atual sistema, a CDU (Partido Cristão-Democrata) teria 35% dos votos. A notar-se que é aliada natural da CDU, a CSU, a União Cristã-Social, filial bávara da Democracia-Cristã, o que somaria mais uns 5%.

       Apesar do descontentamento com a sua corajosa política de acolhida a refugiados (em vivo contraste com as políticas timoratas de tantos líderes ocidentais, como Barack Obama, François Hollande e David Cameron),  a Merkel venceria  pleito direto, com 50% dos votos. Assinale-se que no sistema vigente, a CDU, seu partido, obteria  30%, o bastante para assegurar a formação do gabinete, em grande aliança com a SPD (social-democrata).

        Como se verifica, por conseguinte, a despeito das advertências e das sombrias ameaças quanto à possibilidade de soçobrar nas ondas de reação anti-refugiados, a Chanceler Angela Merkel, com coragem, mostra que esses dois polos - a boa política e a abertura aos refugiados - não são necessariamente antinômicos, nem a salvação no poder está necessáriamente nos braços da excessiva cautela ou prudente covardia, como vemos refletido em diversos Estados do Ocidente.

        E como falamos de ética e poder, algumas considerações cabem sobre as manifestações de anteontem. Mostram, para aqueles que querem ver, que a atual Presidenta tem os dias contados no poder. Um mínimo de sensatez política penderia  para levar avante o impeachment. Se a permanência de Eduardo Cunha na presidência da Câmara é complicador, dada a sua condição que o inabilita a tocar avante o processo, a solução será a de ir avante, e sem mais delongas.

         Parece-me abraço de afogado a solução de colocar Lula no governo, na teoria como articulador-geral, e na prática como governante, na tentativa de virar o jogo - que já está na prorrogação.

         Sendo o propósito blindá-lo das investidas do Ministério Público e do Juiz Sérgio Moro, falta a Lula autoridade jurídica, política e moral para essa proteção que vai ao arrepio da grande maioria  do Povo brasileiro e do próprio Congresso.

          Como toda a manobra que tem no desespero as suas raízes, ela não deverá preponderar.

           Quanto a Dilma, este erro catastrófico de Lula, ela deve renunciar. Como presidente foi um desastre - é até melhor não enumerar o seu legado negativo - e deve poupar-se, se tem respeito aos milhões de votos que foram nela desperdiçados.

           Lula infelizmente com toda a sua proficiência lançou a semente maldita, e como tudo que é errado acaba por repontar, pode inclusive destruir-lhe parte do legado.

           É melhor enfrentar a Lei do que refugiar-se nos meandros de política que já se provou desastrosa.

           Quem não deve, não teme.

           E para que negar-se ao apelo de milhões de brasileiros que sairam pacificamente às ruas neste domingo que, quer queiram ou não, marcará a isH H   hi História do Brasil por meio da maior manifestação política de sua História?

         

 

( Fontes:  Folha de S. Paulo, O Globo )

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