terça-feira, 15 de março de 2016

Mais tacadas de Putin ?


                                   

              O Presidente Vladimir V. Putin, de chofre,  divulgou pela imprensa russa, no seu sinuoso estilo direto, que foge das armadilhas dos detalhes: "Acredito que a tarefa colocada para o Ministério da Defesa e as forças armadas da Rússia foi cumprida, e em sua totalidade".

               Eis o estilo Putin no Kremlin: propositalmente vago na sua concretude, o que lhe realça o lado positivo e tenta dissimular eventuais fragilidades.

               Na sua intervenção, após solicitação de Bashar al-Assad, enviara tropas e  esquadrilhas de caças-bombardeio. Graças à reentrada na guerra civil síria, ganhara outra base aérea, agora na província de Latakia. O porto de Tartus, no Mediterrâneo oriental já constituía há tempos base naval da frota russa.

               Em Latakia, estão entre quatro e cinco mil homens, e cerca de setenta aeronaves Sukhov, além de sistemas de defesa antiaérea, blindados (não muitos) e navios no Mediterrâneo.

               Para surpresa de alguns, as intervenções aéreas russas atacaram não só o ISIS, mas também os rebeldes. Assim, o ingresso no conflito sírio terá melhorado um tanto a situação do ditador alauíta. A ênfase dos ataques aéreos russos visou, contudo, não só a melhorar a posição do ditador sírio, mas também a imagem do autocrata (essa guerra é popular com o povo russo).

               Regiamente pago pela intervenção, Putin busca ganhar mais prestígio para a Rússia, como potência mundial, e não mais simples força regional, como espicaçara Barack Obama.

               A guerra civil síria, iniciada no sul, dura portanto há cinco anos. Duzentos mil sírios morreram e onze milhões perderam suas casas. Nesse último grupo, está a fonte principal da marcha de refugiados para a Europa Ocidental.

               A participação russa na guerra civil síria - desde que Assad começou a ter ameaçada a sua posição - tem sido uma constante. Se a resistência da Síria livre contou com o apoio da Liga Árabe, e dos países do golfo,  o governo de Damasco foi apoiado pelo Irã e pelos caudatários guerrilheiros do  Hezbollah. No entanto, será a intervenção    H  e          Hhh
 de Putin no final do ano passado, a partir de setembro, que deu alento ao ditador alauíta, e o pôs em algo melhorada situação nas negociações de Genebra.

             O Ocidente, com a omissão de Obama - que barrou uma presença mais afirmativa na guerra da Síria, como propusera Hillary Clinton, então Secretária de Estado, a qual contara com o apoio de todo o estamento de defesa americana. Mas não foi bastante para demover Obama de sua programática inação.

              Entrementes, após a curva ascendente na expectativa de vitória a favor da União Rebelde - que teve o apoio da própria Liga Arabe, as reticências do Ocidente deram alento ao tirano, enquanto refluía a união rebelde.

   
               A guerra na Síria colheu em torno de cinco mil mortos  e transformou-se na fonte de milhões de infelizes refugiados que tem colocado em crise a União Européia.            

 
                Sergei Lavrov,  Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa, é uma espécie de alter ego de Vladimir Putin, e estará na mesa de negociações de forma proeminente, por força da dosada intervenção russa, até agora coroada de êxito (salvou o parceiro Assad e cravou mais uma base no Mediterrâneo oriental).


               Como sempre Putin visa a mais lucros e expansão naquela área a que os russos mencionam de forma ominosa para os infelizes vizinhos com o estrangeiro próximo. Gospodin Putin conta afinal livrar-se das sanções que foram cominadas à Russia (por atacar a Ucrânia, invadindo e  apossando-se da Criméia). Para tanto, o Kremlin estaria disposto até a voltar atrás no apoio aos separatistas pró-Rússia, no oriente da Ucrânia...

 

 

( Fonte:  Folha de S. Paulo )

Nenhum comentário: