O Juiz Sérgio
Moro, ao retirar o sigilo dos grampos
dos telefonemas de Lula e Dilma, tomou medida oportuna para informar a opinião
pública das incríveis falas do
ex-presidente, e o seu deplorável conteúdo, que nada tem de republicano. Como
referiu o colunista de O Globo Merval
Pereira, as gravações liberadas pela Lava-Jato revelam que Lula
é um político autoritário, que manda o (claramente embaraçado) Ministro da
Fazenda Nelson Barbosa ver o que a
Receita Federal está fazendo no
Instituto Lula.
A linguagem chula do ex-presidente
impressiona pela contundência. Na sua conversa com Dilma, desfia uma série de
poderes para ele 'totalmente acovardados'
(Suprema Corte, Superior Tribunal de Justiça, Parlamento), e vai adiante no seu
vocabulário vulgar( temos um presidente da Câmara f., um presidente do Senado f.
(e nesse instante não pude deixar de visualizar o recentíssimo e apertado abraço
que o ex-presidente dera em Renan Calheiros).
Partiu do Supremo Tribunal Federal resposta
à altura. Mas, como seria de esperar, a contestação não veio da parte de seu
presidente, Ricardo Lewandowski. Este
último, embora citado várias vezes, iniciou a sessão lendo a pauta e chamando o
primeiro processo, como se nada
estivesse acontecendo no país. Para honra do Supremo, o decano Celso de Mello pediu a palavra, para externar o que a
maioria pensa: "Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente
inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema,
traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos
escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e
arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu
gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o
receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e
independentes, que tanto honram a magistratura brasileira e que não hesitarão,
observados os grandes princípios consagrados pelo regime democrático e
respeitada a garantia constitucional do devido processo legal, em fazer recair
sobre aqueles considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a autoridade das
leis criminais de nosso País."
Essa reação do Supremo, no capítulo
personificada pela sua maior autoridade moral, o ex-Presidente fê-la por
merecer. A jovem magistratura brasileira, e em especial o Juiz Sérgio Moro, se já recebe o apoio maciço da opinião pública
nacional - como a grande demonstração do passado domingo, treze de março, o evidenciou
amplamente - tem grande oportunidade o elogio formulado pelo Ministro Celso de Mello.
Por sua vez, o empossado Ministro
da Justiça, Eugênio Aragão - que já
conhecemos pela sua atuação no TSE, quando fora barrada a inscrição do novo
partido de Marina - disse aos repórteres presentes no Palácio do Planalto:
"Quando se trata de eventual prova obtida em evento fortuito, Sua
Excelência o meritíssimo juiz deveria ter fechado os autos e encaminhado ao Supremo. Não o fez e mais: ainda declarou de público
que achava importante que a população soubesse. Isso cheira muitas vezes a
artigo 10 da Lei de Interceptações, que qualifica como crime, quando se torna
público uma gravação que diz respeito a
investigações autorizadas dentro do marco legal e constitucional".
Mostrando o quanto estaria
entendendo de o que se passa ao seu redor, Dilma declarou que, com Lula, terá
mais força de superar as armadilhas que jogam em seu caminho os que desde a sua
reeleição "não fizeram outra coisa que tentar paralisar" seu governo,
a impedir de governar ou lhe tirar o
mandato "de forma golpista".
Na verdade, e os leitores desse
modesto blog hão de concordar comigo,
ninguém com mais afinco do que a Presidenta para barrar qualquer tentativa de
sanar as finanças, para tanto inviabilizando, pela própria incompetência e
falta de liderança política, o trabalho do grande commis d'État Joaquim Levy, na Fazenda, que fora trazido adrede da iniciativa privada
para reparar o legado deixado por
Guido Mantega e Arno Augustin.
Será que quando ela fala de 'gritaria de golpistas',
esteja acaso pensando na maior
demonstração da História do Brasil, que, em números jamais vistos antes, lhe
pedira, de forma pacífica e ordeira, de norte a sul, e do Acre ao Rio Grande, que
renuncie, decerto para o bem de todos e a felicidade geral da Nação?
( Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo )
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