Pelo visto, o chefe do ISIS, Abu
Bakr al-Baghdadi respeita o poder da Superpotência, e tem muito presente a
respectiva mortalidade. Ao contrário de
outros chefes de movimentos terroristas, que se crêem acima de o que possa
ocorrer com os seus subordinados, al-Baghdadi tem predisposto medidas de
emergência, previstas para serem implementadas no caso de sua falta.
O
autoproclamado Califa dispôs que os seus alternos, assim como os comandantes
nos teatros regionais na Síria e no Iraque tenham ampla autoridade, de forma a
superarem de forma expedita o vácuo na organização no caso de sua morte e a de
altas figuras na hierarquia do ISIS.
A idéia que
preside tal planejamento objetiva possibilitar adaptação rápida a tal
contingência, com vistas à continuação da luta.
Essa sensação
de vulnerabilidade – que os bombardeios americanos, seja na ‘capital’ Raqqa,
seja nos campos de petróleo, ou como força auxiliar em combates, devem
enfatizar diuturnamente – e as consequentes providências predispostas pela alta
chefia representam uma diferenciação marcada em relação a outros movimentos
terroristas.
Além disso, tal
frieza revela igualmente dois traços a serem sublinhados: (a) os fins do
movimento precedem a um eventual personalismo; e (b) o milenarismo do ISIS se
conjuga com articulação tática que tenta conjugar fanatismo com realismo.
Como os
comandantes locais obedecem a diretivas operacionais, mas dispõem de autonomia
significativa para efetuar as próprias operações no Iraque e na Síria, os
soldados e seus chefes diretos têm informação limitada acerca do funcionamento do
Estado Islâmico. Por outro lado, comandantes locais são plenamente fungíveis.
Dessarte, se forem abatidos, são substituídos sem prejudicar a organização.
Os iraquianos
ocupam as posições mais altas – a partir de Abu Bakr – enquanto Tunisianos e
Sauditas encabeçam cargos religiosos.
O chefe do ISIS
aprendeu da necessidade de delegar a grupo reduzido de militantes pela
experiência de outros grupos terroristas, que tiveram a ação prejudicada por
operações de drones ao longo dos anos. Nesse contexto, dar a comandantes de
hierarquia intermediária um grau suficiente de autonomia é visto como espécie
de seguro para que a continuidade da ação não seja afetada.
Outra fonte de
informação para o ISIS foram as revelações de Edward J. Snowden, (atualmente
asilado na Rússia) que dão elementos de como os Estados Unidos coleta
informações acerca de militantes. O
principal resultado é de que os principais chefes do ISIS empregam correios
especiais ou canais criptados que, segundo o artigo do New York Times, não
poderiam ser decifrados.
Há fundadas
dúvidas se os dois alternos de Abu Bakr al-Baghdadi seriam Abu Alaa al-Afri e Fadel
al-Hayali, conhecido como Abu Muslim
al-Turkmani, antigo oficial das forças especiais iraquianas, natural da
cidade de Tal Afar, perto de Mosul. No entanto, há informes procedentes do
Iraque de que esses chefes foram mortos recentemente em ataques aéreos...
Quem
substituiria al-Baghdadi se os bombardeios americanos lograrem matá-lo, como
semelha ter sido o caso de seus dois alternos?
Reza a lei islâmica que a posição de Califa – tornada irrita, é bom frisar,
por Mustafá Kemal em 1924 – deve ser ocupada por um Árabe da tribo Quraysh (que
é a mesma do Profeta Maomé).
Como é
lógico inferir, muitos dos dados sobre o ISIS
e o seu comandante supremo são algo nebulosos. Para a segurança curda no
Iraque do Norte, e para funcionários americanos de informação, al-Baghdadi
seria efetivamente o principal executivo, dando diretivas através das áreas sob
controle do movimento.
Para outros,
no entanto, al-Baghdadi teria mais presença em termos de religião e não em
aspectos operacionais de campanha.
O esforço de
guerra do ISIS se baseia de forma preponderante em explosivos. Nesse sentido,
foram estabelecidas fábricas para fornecer o material para os militantes.
Não
surpreende, dada a presença maciça de pessoal iraquiano, que os soldados do
ISIS se valham muito dos chamados IEDS
(Engenhos explosivos improvisados), que estrearam na guerra do Iraque contra os
blindados americanos. Como se sabe, a mortalidade dos soldados de Tio Sam foi alta
no começo da insurgência, porque a blindagem dos carros era sobre o leve,
dentro da teoria do principal comandante americano Donald Rumsfeld, de que a
guerra contra Saddam Hussein seria rápida e muito breve. Efetivamente a marcha contra
Bagdah foi quase um passeio, mas depois da ‘Missão Cumprida’, como a
encenação do piloto George W. Bush
descendo no porta-aviões Abraham Lincoln
dizia, o problema foi que não combinaram com os demais iraquianos e a guerra
continuou, com os desastrosos resultados para os Estados Unidos sobejamente
conhecidos.
( Fonte: The New York Times )
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