quarta-feira, 29 de julho de 2015

Lava-Jato & Corrupção

                                                   

           A Lava-Jato continua e é bom que assim seja. O sorriso de mofa de corruptos e corruptores, como se o país convivesse com determinados partidos, e respectivos líderes, suspeitos de refocilarem na  lama da corrupção, há muito desapareceu. Ainda ecoam, no entanto, sanhudas assertivas de chefes políticos que se refugiam na ignorância ou em proposital alheamento, como se continuassem a viver em cômodo nicho, em que não há outros compromissos que os da demagogia.

           A Standard & Poor’s nos deu ao mesmo tempo, como bem assinala Miriam Leitão, uma boa e u’a má notícia. Com efeito, há elogios no aviso de que estamos à beira de perder o grau de investimento. Segundo a dita agência, o Brasil tem quadro institucional melhor de o que de outros países emergentes, e tal nos tem ajudado a manter o dito grau de investimento.

           E como sublinha a colunista econômica de O Globo, a S&P foi a primeira (em 2008) das agências de risco a tirar o Brasil do poço das inversões arriscadas. Aquelas mesmo com que a nossa vizinha ao Sul tem forçosamente de lidar, com os seus fundos abutres e juízes mal-humorados e caprichosos.

            Com a Lava-Jato passou afinal a anódina faxina, com que d.Dilma fizera um extemporâneo muxoxo em que afastava, sem outras punições, os culpados de mal-feitos, que a muitos pareceu definição meio-hipócrita, um simples e quase vazio arrufo.

            Em ministério inchado, que, tímido, não ousa pelo peso associativo do número assumir-se nos quarenta, de que valhe essa estrutura sem nexo, além de sobrecarregar um orçamento já comprometido, com gastos inúteis ordenados por autoridades expletivas ? 

            Para outrem, mais empenhado em retirar de desengonçado instrumento algum benefício honesto, que mostrar-se possa a algum fiscal que leve a sério o respectivo encargo, tivemos há pouco um exemplo de comportamento em que o acinte abraça a arrogância, nesse faz-de-conta de que o túrgido ministério – que alguns denominam de congolês, do tempo do sombrio Tchombé que viera ominosamente substituir o mártir Patrice Lumumba? Pois não é que esse Tchombé, lacaio do colonialismo, inventara tantos ministros a ponto de ignorar-lhes os nomes e as secretarias?

           Pois também o Ministério do Trabalho – que oscila entre Manoel Dias e Carlos Lupi – teve a audácia de não apoiar com sequer um único voto o Ajuste Fiscal em que se empenha o Governo Dilma Rousseff ?  E a fraqueza do Governo é tanta que nada se ouviu, nem sequer puxão de orelhas? Semelha que as prebendas do gabinete não são capazes de merecer sequer um sufrágio, uma isolada manifestação de empenho político.

           

            Por isso, é bom que entre muitos, a Lava – Jato cumpra com o seu dever. Desta feita – e  creio que é a primeira – prendeu um militar, o Almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear. A Polícia Federal o deteve sob a acusação de receber R$ 4,5 milhões em propina da Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Engevix, Techint e UTC, todas partícipes nas obras da usina nuclear de Angra 3, e que são orçadas em R$ 15 bilhões. A dinheirama teria sido paga a uma firma de consultoria que pertenceu a Othon.

              Todos sabemos do uso – e do abuso – das consultorias, que tem sido feito por diversos figurões da República.  É de notar-se que o Almirante Othon é o primeiro militar a cair na Lava-Jato.

 

 

( Fontes: O  Globo, Folha de S. Paulo )

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