A Lava-Jato
continua e é bom que assim seja. O sorriso de mofa de corruptos e corruptores,
como se o país convivesse com determinados partidos, e respectivos líderes,
suspeitos de refocilarem na lama da
corrupção, há muito desapareceu. Ainda ecoam, no entanto, sanhudas assertivas
de chefes políticos que se refugiam na ignorância ou em proposital alheamento,
como se continuassem a viver em cômodo nicho, em que não há outros compromissos
que os da demagogia.
A Standard & Poor’s nos deu ao mesmo
tempo, como bem assinala Miriam Leitão, uma boa e u’a má
notícia. Com efeito, há elogios no aviso de que estamos à beira de perder o
grau de investimento. Segundo a dita agência, o Brasil tem quadro institucional
melhor de o que de outros países emergentes, e tal nos tem ajudado a manter o
dito grau de investimento.
E como
sublinha a colunista econômica de O Globo, a S&P foi a primeira
(em 2008) das agências de risco a tirar o Brasil do poço das inversões
arriscadas. Aquelas mesmo com que a nossa vizinha ao Sul tem forçosamente de
lidar, com os seus fundos abutres e
juízes mal-humorados e caprichosos.
Com a Lava-Jato passou afinal a anódina faxina, com que d.Dilma fizera um
extemporâneo muxoxo em que afastava, sem outras punições, os culpados de mal-feitos, que a muitos pareceu definição
meio-hipócrita, um simples e quase vazio arrufo.
Em ministério
inchado, que, tímido, não ousa pelo peso associativo do número assumir-se nos
quarenta, de que valhe essa estrutura sem nexo, além de sobrecarregar um
orçamento já comprometido, com gastos inúteis ordenados por autoridades
expletivas ?
Para
outrem, mais empenhado em retirar de desengonçado instrumento algum benefício
honesto, que mostrar-se possa a algum fiscal que leve a sério o respectivo
encargo, tivemos há pouco um exemplo de comportamento em que o acinte abraça a
arrogância, nesse faz-de-conta de que o túrgido ministério – que alguns
denominam de congolês, do tempo do sombrio Tchombé que viera ominosamente
substituir o mártir Patrice Lumumba? Pois não é que esse Tchombé, lacaio do
colonialismo, inventara tantos ministros a ponto de ignorar-lhes os nomes e as
secretarias?
Pois também o Ministério do
Trabalho – que oscila entre Manoel Dias e Carlos Lupi – teve a audácia de não apoiar com sequer um único voto o
Ajuste Fiscal em que se empenha o Governo Dilma Rousseff ? E a fraqueza do Governo é tanta que nada se
ouviu, nem sequer puxão de orelhas? Semelha que as prebendas do gabinete não
são capazes de merecer sequer um sufrágio, uma isolada manifestação de empenho
político.
Por isso, é bom que entre muitos, a
Lava – Jato cumpra com o seu dever. Desta feita – e creio que é a primeira – prendeu um militar, o Almirante da reserva Othon Luiz
Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear. A Polícia
Federal o deteve sob a acusação de receber R$
4,5 milhões em propina da Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Engevix,
Techint e UTC, todas partícipes nas obras da usina nuclear de Angra 3, e que
são orçadas em R$ 15 bilhões. A dinheirama teria sido paga a uma firma de
consultoria que pertenceu a Othon.
Todos sabemos do uso – e do abuso
– das consultorias, que tem sido feito por diversos figurões da
República. É de notar-se que o Almirante Othon é o primeiro militar a cair na Lava-Jato.
( Fontes: O Globo, Folha de S.
Paulo )
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