Há grande confusão cercando no
presente a crise da Grécia na Zona do Euro. As mudanças de posição do Primeiro
Ministro Alexis Tsipras são um fator
dessa situação, mas decerto não o único.
Ao mostrar-se
disposto a voltar atrás na sua postura, com a carta enviada à Bruxelas, Tsipras
criou perplexidade, mas de repente se descobre pendurado no ar, diante da
aparente rejeição dos seus interlocutores da troika (que representam os credores)
na União Europeia.
O governo
helênico, por isso, vem sendo acusado ou de incompetência na negociação, ou de
desejar fomentar mais confusão.
A presença
alemã da Chanceler Angela Merkel tampouco tem ajudado muito àqueles interessados
em distender o ambiente, e transmitir impressão de profissionalismo e, por
conseguinte, de claros objetivos no tratamento da situação.
A confusão
tem motivos de sobejo para existir. A República Helênica fez, de início,
proposta, que foi rechaçada pela troika
da U.E. A argumentação inicial de Bruxelas era que tudo já fora examinado, e
cabia a Atenas cumprir com o acordado (i.e.,
pagar o devido).
Confrontada
com a postura do credor que passa aos finalmente,
a resposta do gabinete Tsipras foi de inserir um novo (e potencialmente
explosivo) ingrediente nesta suposta negociação: o referendo. Tratava-se da
consulta aos eleitores gregos, prevista para o próximo domingo, dia cinco de
julho. Os gregos ou respondem SIM, e
aceitam as exigências da Troika, ou NÃO
e, por conseguinte, as declinam.
A resposta imediata da Troika foi a de que não aceitava o referendo.
Além de
recomendar a votação pelo NÃO, o
governo grego posteriormente enviou documento em que afirmava a disposição de negociar. Isso se deveu sobretudo ao calote grego no FMI, e uma carta de Alexis Tsipras, em que se dava o
dito por não dito, e o Premier se declarava “preparado para aceitar” um novo
‘deal’ avançado entrementes pelos credores, com ‘pequenas modificações’ em
alguns dos pontos centrais, como cortes nas pensões e aumento de impostos.
Tsipras ligava tudo isso a um novo pacote de ajuda de ‘bailout’, que deveria
também ser negociado.
Frau Merkel, negociadora tenaz,
respondeu repetindo a respectiva posição de que não haveria quaisquer
negociações antes da realização pela Grécia do anunciado referendo. Diga-se, de
passagem, que não foi por acaso que a Bundeskanzler Merkel vestia as cores
referendárias, antes rechaçadas. Segundo muitos líderes europeus, existe a
forte probabilidade que esta votação do próximo domingo vá redundar em
retumbante SIM às exigências da Troika, o que levaria a uma posição de
fraqueza do governo grego (que está propondo o NÃO). Daí a aludida carta posterior de Tsipras, ora querendo
inserir novas condições para a negociação.
Com o
calote no FMI, sobreveio a recusa peremptória de Herr Wolfgang Schäuble, Ministro das Finanças da Alemanha e alter
ego da Chanceler Federal Angela
Merkel. Depois de apoiar a nova
proposta de sua Chefe, Herr Schäuble deixou bem claro que conversações
suplementares seriam necessárias antes que um novo programa de assistência
possa ser analisado pela União Europeia para a Grécia.
A esse
respeito, ele não deixou de relembrar que
o processo se tornara mais dificultoso por uma quebra na confiança.
Para Herr Schäuble o primeiro passo para
a retomada das negociações deveria ser clareza de Atenas acerca de suas
pretensões e objetivos: “O Governo helênico precisa esclarecer o que quer”.
Por outro
lado, Yanis Varoufakis, Ministro das
Finanças do Gabinete Tsipras, declarou que renunciará ao seu posto no governo
se os gregos votarem pelo SIM ao bailout pela
União Europeia.
( Fonte: The New York Times )
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