terça-feira, 21 de julho de 2015

A Caixa Preta Sindical

                                     

        O jornal O Globo realiza série de reportagens sobre a desordem sindical. Há muitos dados que mais do que preocupem, inquietam.

        Intitulada ‘Sindicato para a Eternidade’ a avaliação aponta vários problemas, que tem sua origem sobretudo na falta de controle das respectivas categorias e na consequente baixa representatividade dos respectivos dirigentes.

        Como se sabe, durante o governo do PT e notadamente com dona Dilma, como se fora capitania hereditária a pasta do Trabalho foi entregue ao PDT. Revezam-se no ministério os senhores Carlos Lupi e Manoel Dias. E a outorga do ministério pelo governo petista parece feudal, eis que em recente votação de interesse direto do dílmico governo todos os deputados pedetistas votaram contra a posição da Presidenta.    

        Para começar, não há limite para a duração de mandatos. A reportagem aponta para o Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Saferj). O seu presidente, Alfredo Sampaio, assumiu a respectiva presidência em 1990. Dada a sua longuíssima permanência, há muitos problemas conexos: além da falta de representatividade (Alfredo Sampaio é técnico e não atleta), nepotismo (o filho é diretor da academia da Saferj) e conflito de interesses (tem uma empresa de marketing esportivo).

         A despeito de estar há vinte e cinco anos à testa do Sindicato, Sampaio nega que se perpetue no poder. “No ano passado”, segundo afirma “quis sair da presidência (mas) meus companheiros me convenceram a permanecer num último mandato.”  Talvez essa frase relembre os leitores de velhos governantes que dela se servem como mantra para justificar a respectiva permanência...

         Há casos de enriquecimento ilícito e desvio de sindicatos.  Em um mundo em que existem 10.620 entidades por onde, em 2014, circularam R$ 3,18 bilhões de contribuição sindical. Esse chamado imposto sindical é obtido com um dia de salário de todos os trabalhadores com carteira assinada. O próprio governo petista teria assentido em que o chamado ‘imposto sindical’ não fosse fiscalizado.

         A absurda permanência dos sindicalistas nas esferas respectivas se deve à falta de termo para os mandatos (a própria permanência nos cargos executivos federais, estaduais e municipais acaba de ser reduzida a quatro anos, com a supressão da reeleição...).

         Em termos de controle sindical, ninguém bateu a família Mata Roma, que dominou por mais de cinquenta anos o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro. Somente uma série de denúncias (desvios de verba e nepotismo) logrou afastá-los  do poder, mas ainda não apeá-los.

         A reportagem inclui igualmente entrevista com Rita de Cácia Almeida, presidente do Sindicato dos Comerciários de Niterói, que recebe cerca de R$ 50 mil para presidi-lo. Eleita em 2008, ela tem mandato de doze anos (!), podendo, portanto, ficar até 2020. Para que se tenha ideia do nível dessa senhora, basta ler as suas declarações para o repórter: “Sabe o que é uma história hilárica (sic)?”. E mais adiante: “você (o repórter) pode fazer a imagem que você quiser porque eu sou púbrica (sic)!”.

  

( Fonte:  O Globo )

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