Contrariando os prognósticos, o Não contra as condições da Troika venceu com 61,3% - 38,7% votaram pelo
SIM. Sai,portanto, reforçado no
embate o Primeiro Ministro Alexis
Tsipras, que fez campanha em
prol da rejeição da austeridade. A abstenção foi de 5,8º.
O bloco liderado
por Angela Merkel, a defensora
ferrenha do rigor extremo, sofreu baque inesperado.
Hoje se
encontrarão em Paris a Chanceler Merkel e o Presidente francês François Hollande. De um acordo entre
os dois líderes sairá possivelmente o que a União Europeia fará com a República
Helênica.
A facção da
austeridade à outrance[1] sai
enfraquecida dessa primeira prova. Como não se desconhece, essa linha na União
Europeia, até o presente majoritária, desejava tudo menos a prova das urnas.
Bem fez o Premier Tsipras impondo,
com coragem política, tal condição.
Nesse
contexto, não se pode exagerar nas exigências à enfraquecida (economica e
socialmente) Grécia. Tsipras pôs a carreira a prêmio, e venceu essa etapa.
Os pendores
da Kanzler alemã são conhecidos, mas
dada a enorme dívida grega, a situação sócio-econômica de boa parte da
população, e o interesse de muitos em manter a República Helênica dentro da
União Européia, a direção comunitária não pode exagerar nas condições. Dado o
malogro evidente da receita da austeridade para a pequena Grécia, outros
tratamentos deveriam ser intentados.
O próprio
Fundo Monetário Internacional, não conhecido pela extrema flexibilidade,
recomendaria cautela.
De sua
parte, o presidente François Hollande não deverá ser desta feita o Monsieur
Oui-oui[2]
no que tange à moderna versão de Chanceler
de Ferro.
Diante do
descalabro grego – de que Bruxelas, pela longa displicência na precedente
avaliação das reais condições desse velho parceiro na U.E.(desde princípios da
década de oitenta) não teria condições de invocar surpresa – algo teria de ser
feito para encontrar um meio termo para o intratável problema colocado por
Atenas.
Se o
monitoramento é indispensável – dada a responsabilidade do povo grego e de seus
líderes no estado presente de sua economia, e do caráter por ora insustentável
de seu endividamento – como a perda do paciente poderia ter consequências
nocivas para a União Europeia, os clínicos devem mostrar um mínimo de
moderação, temperado com a obrigatória firmeza germânica, para que não se perca
mais uma oportunidade de tirar da UTI o paciente helênico, que, como o do filme,
se acha em condições lastimáveis.
O
Presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi – que, sendo italiano, de
dívidas é igualmente bom entendedor - carece de ser instruído a mostrar alguma
flexibilidade nos financiamentos, para que a inadimplência grega não contamine
outras economias de países-membros, em
que o vermelho também aparece com exagerado protagonismo nas respectivas contas.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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