O presidente
do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, é o atual Presidente
do Conselho Nacional de Justiça.
Como se sabe,
o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi iniciativa do então Ministro Nelson
Jobim. A sua intenção, que a prática confirmou, era a de contribuir para a
melhor atuação e serviço de nossa magistratura.
Com o
Conselho atuante na plenitude de suas funções, só tem a ganhar o Povo
brasileiro. Não é o interesse do
legislador e da autoridade adotar postura corporativista no que tange aos
órgãos públicos. Bem fez o Ministro
Jobim ao deixar-nos o legado do Conselho Nacional de Justiça. Em pouco mais de
dez anos cresceram figuras como o Ministro Joaquim Barbosa e a grande corregedora
Eliana Calmon.
O CNJ
encontrou desde o início a ciumada dos defensores dos respectivos órgãos judiciários.
O corporativismo existe em toda parte, mas talvez inexista área em que ele seja
mais danoso ao interesse público, do que pelo enfraquecimento do CNJ.
A postura
corporativista é o oposto do interesse público. A pretexto de defender as
prerrogativas do Judiciário, o que na verdade tais personalidades perseguem é o
interesse corporativo e paroquial de cada órgão, como se ele existisse para
realçar as vaidades dos integrantes respectivos e não para defender o público
interesse.
Não há visão
mais acanhada e, por conseguinte, mais em detrimento do interesse da
coletividade, do que a acanhada, medíocre postura de favorecer o interesse de
cada tribunal e instância judicante. Ao torná-las na prática autônomas e, por
conseguinte, fora do alcance de qualquer controle de qualidade, não se trabalha
deveras pelo bem comum.
Houve já
várias tentativas de emascular o CNJ,
todas elas voltadas para proteger o corporativismo e o bom-mocismo, que na
prática funciona como o defensor do mau juiz, não só porque atua contra a
própria magistratura, pois atingirá sempre a Justiça o magistrado que não
aplica a Justiça, seja por não trabalhar como devera e, em consequência,
aumentar ainda mais o atraso que é o mal
mais comum nos tribunais.
Já no tempo
da presidência Peluso houve tentativa de emenda constitucional que prejudicaria
o CNJ. Por sua vez, na presidência Lewandowski não se faz mistérios sobre o
escopo corporativista da respectiva gestão, através do esvaziamento do Conselho
Nacional de Justiça. E o CNJ, a exemplo das heráldicas águias bicefalas,
pressupõe a concordância para o bem comum, como no tempo em que o labor do CNJ,
a cargo do Excelentíssimo Presidente do Supremo era complementado por uma
grande Corregedora, como o foi para o orgulho perene da instituição a Ministra
Eliana Calmon.
Os ataques
ao CNJ têm ranço corporativista e uma vesga visão do interesse da comunidade. A
quem aproveita esvaziar o CNJ ? Não será decerto ao Povo Soberano, porque o
público tem interesse em que a magistratura seja monitorada, e que o corregedor
do CNJ não esteja ali para dificultar o controle da atuação dos juízes.
E não se
imagine que sejam ataques a detalhes da legislação. Não há sutileza nesse
ataque generalizado que atinge, através da Corregedora Ministra Nancy Andrighi,
que ordenou a desativação do Justiça
Aberta, banco de dados que permite o monitoramento do trabalhos dos
magistrados.
Tampouco a
Lei de Acesso à Informação foi regulamentada pelo Plenário do CNJ. Como o
Conselho é o órgão responsável pela
análise de pedidos de informação negados pelos tribunais de todo o país, causa
perplexidade e embaraço que, por falta de regulamentação, os eventuais recursos, não possam ser julgados.
Atravessamos um momento difícil no país. Não se pode olhar para a
Presidência da República, porque a atual ocupante do cargo atravessa hora penosa, com baixíssima popularidade
(inferior a dez dígitos). Igualmente, não é lícito pensar que Sua Excelência
Ricardo Lewandowski, na sua oposição ao CNJ, e depois de participar de
tentativa (ainda sub judice do
legislador) de aumento, por muitos visto como despropositado para o Poder
Judiciário, e que é a fortiori interpretado como
em extremo prejudicial ao Ajuste Fiscal – que é um plano do Brasil, e não só do
Ministro Joaquim Levy, para sanar as nossas combalidas finanças públicas.
Sei que o
Ministro Ricardo Lewandowski é o Presidente do Supremo – e foi nessa qualidade
que, recentemente, Sua Excelência foi recebido em audiência por Sua Majestade Elizabeth
II, Rainha da Inglaterra.
E é
fundado nos altos títulos de Vossa Excelência, que me permito ponderar o quanto
colaboraria para a grandeza da Terra de Santa Cruz, se nos trouxesse o seu
grande e valioso aporte ao continuado aperfeiçoamento da Justiça do Brasil,
contribuindo para que se mantenha, como está no presente, o Conselho Nacional
de Justiça.
( Fonte: O
Globo )
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