Os Espiões e os Hackers
Recordam-se
da invasão de Hackers nos registros
gerais de funcionários americanos? Foi
determinada a origem da quebra do sigilo – os invasores são da República
Popular da China.
Diante da
quebra da confidencialidade dos dados pessoais dos servidores, a que tiveram
acesso os piratas digitais da RPC,
veio à tona uma consequência dessa gatunagem de milhões de dados profissionais.
Por indicações
a que tiveram acesso as autoridades responsáveis, essa visita altamente indiscreta afastou em
caráter permanente de serviço no exterior os espiões americanos que se achavam
na referida lista.
O número não
foi revelado, mas será sem dúvida bastante avantajado. A menos de truques
especiais e de eventuais trocas de identidade (o que será ou não possível de
acordo com a documentação a que os ditos Hackers
tiveram acesso) que venham a ser empregados para tornar-lhes possível o retorno
à respectiva (e arriscada) atividade, a maior parte dos descobertos ficará impossibilitada de retornar àqueles países onde
atuaram no passado.
A par disso,
se o espião se dirigir para outro país, contando passar desapercebido, o
recurso a eventual cotejo de fichas identificatórias restaria sempre possível,
com o decorrente aumento do risco.
Intui-se,
por conseguinte, o potencial e considerável prejuízo da Superpotência (que não
mais poderia utilizar agentes especiais com presumível grande experiência
profissional num campo de ação que reveste óbvio interesse para Washington).
Ficaria, nesse contexto, meridianamente claro porque a diretora do serviço
assumiu a falha e pediu demissão.
Turquia entra na Coalizão contra o ISIS
Com a
sua virtual entrada na guerra contra o Exército
Islâmico, a Turquia dá à coalizão maior força e mais presteza na capacidade
de intervenção. Com a disponibilização dos aeroportos turcos, tornam-se grandemente
agilizados os ataques da Superpotência contra o ISIS, seja no espaço sírio
(notadamente Raqqa), seja no espaço
iraquiano, em que o E.I. se apossou de Mosul e de áreas ao norte.
No
entanto, há um complicador nesse quadro prima facie favorável. A Turquia
resolveu inserir nesta sua campanha, igualmente ataques contra o PKK,
um agrupamento guerrilheiro de oposição armada à Ancara, o qual tem a sua base
nas remotas regiões montanhosas do norte do Iraque.
Vigora informalmente uma trégua desde 2013 entre a Turquia e o PKK. Por
causa de alegados ataques de seus militantes contra nacionais turcos, Ancara
decidiu quebrar esse armistício informal, o que poderá dificultar a inserção da
Turquia no conflito contra o ISIS.
Essa
escalada turca contra o PKK agrega um elemento de incertez na guerra contra o
ISIS. Dada a situação curda de haver sido a única nacionalidade de maior
expressão que foi reduzida à condição de minoria étnica em diversos países da
área médio-oriental (Irã, Iraque, Síria e, por último, na Turquia onde se acha
o respectivo segmento mais importante) é notório o esforço curdo de estabelecer
a sua base nacional. Ela congregaria a maior parte de tais comunidades
espalhadas pela região e, nesse sentido, avançou no norte do Iraque a formação
de virtual Curdistão, que é defendido pela milícia peshmerga, e que tem acesso
a poços petrolíferos.
Não há negar que a participação conjunta
de Âncara – o principal inimigo dos curdos – em campanha tanto contra o
Exército Islâmico, quanto contra os curdos confundiria e mesmo atrapalharia bastante
a campanha estadunidense contra o ISIS.
Um
dos principais aliados de Washington nessa guerra contra o E.I. tem sido um derivado do PKK, a saber o YPG (Unidades de Proteção do Povo). Na
vasta área síria a leste, que em função da guerra civil contra o regime Assad
em Damasco não se acha sob domínio de qualquer das partes, o YPG tem
constituído o aliado mais confiável dos Estados Unidos. Como Washington não dispõe
de contingentes de infantaria nessa ampla res nullius (terra de ninguém),
intui-se o valor que possui para os EUA o apoio do YPG e, em especial, o seu efetivo
domínio nesse terreno. Para Washington, por conseguinte, qualquer ação de Recip Erdogan, o presidente turco, contra
o PKK na Síria viria a ser extremamente negativa e mesmo nefasta para o esforço
bélico conjunto.
A
ação contra o E.I. pela Turquia não pode ser realizada às expensas do Povo
Curdo. Atendida a importância, sobretudo logística, da participação de Ancara
na guerra contra o ISIS (inclusive fechando parte das vias de acesso de
voluntários para o E.I.), entende-se a preocupação americana em que os
interesses vitais do Povo curdo sejam igualmente atendidos.
( Fonte:
The New York Times )
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