terça-feira, 28 de julho de 2015

Notícias de Tio Sam (IV)

                                           
 

Os Espiões e os Hackers

 

          Recordam-se da invasão de Hackers nos registros gerais de funcionários americanos?  Foi determinada a origem da quebra do sigilo – os invasores são da República Popular da China.

         Diante da quebra da confidencialidade dos dados pessoais dos servidores, a que tiveram acesso os piratas digitais da RPC, veio à tona uma consequência dessa gatunagem de milhões de dados profissionais.

         Por indicações a que tiveram acesso as autoridades responsáveis,  essa visita altamente indiscreta afastou em caráter permanente de serviço no exterior os espiões americanos que se achavam na referida lista.

         O número não foi revelado, mas será sem dúvida bastante avantajado. A menos de truques especiais e de eventuais trocas de identidade (o que será ou não possível de acordo com a documentação a que os ditos Hackers tiveram acesso) que venham a ser empregados para tornar-lhes possível o retorno à respectiva (e arriscada) atividade, a maior parte dos descobertos ficará impossibilitada de retornar àqueles países onde atuaram no passado.

          A par disso, se o espião se dirigir para outro país, contando passar desapercebido, o recurso a eventual cotejo de fichas identificatórias restaria sempre possível, com o decorrente aumento do risco.

          Intui-se, por conseguinte, o potencial e considerável prejuízo da Superpotência (que não mais poderia utilizar agentes especiais com presumível grande experiência profissional num campo de ação que reveste óbvio interesse para Washington). Ficaria, nesse contexto, meridianamente claro porque a diretora do serviço assumiu a falha e pediu demissão.

                                        

Turquia entra na Coalizão contra o ISIS

 

                Com a sua virtual entrada na guerra contra o Exército Islâmico, a Turquia dá à coalizão maior força e mais presteza na capacidade de intervenção. Com a disponibilização dos  aeroportos turcos, tornam-se grandemente agilizados os ataques da Superpotência contra o ISIS, seja no espaço sírio (notadamente Raqqa), seja  no espaço iraquiano, em que o E.I. se apossou de Mosul e de áreas ao norte.

                 No entanto, há um complicador nesse quadro prima facie favorável. A Turquia resolveu inserir nesta sua campanha, igualmente ataques contra o PKK, um agrupamento guerrilheiro de oposição armada à Ancara, o qual tem a sua base nas remotas regiões montanhosas do norte do Iraque.

                 Vigora informalmente uma trégua desde 2013 entre a Turquia e o PKK. Por causa de alegados ataques de seus militantes contra nacionais turcos, Ancara decidiu quebrar esse armistício informal, o que poderá dificultar a inserção da Turquia no conflito contra o ISIS.

                  Essa escalada turca contra o PKK agrega um elemento de incertez na guerra contra o ISIS. Dada a situação curda de haver sido a única nacionalidade de maior expressão que foi reduzida à condição de minoria étnica em diversos países da área médio-oriental (Irã, Iraque, Síria e, por último, na Turquia onde se acha o respectivo segmento mais importante) é notório o esforço curdo de estabelecer a sua base nacional. Ela congregaria a maior parte de tais comunidades espalhadas pela região e, nesse sentido, avançou no norte do Iraque a formação de virtual Curdistão, que é defendido pela milícia peshmerga, e que tem acesso a poços petrolíferos.

                   Não há negar que a participação conjunta de Âncara – o principal inimigo dos curdos – em campanha tanto contra o Exército Islâmico, quanto contra os curdos confundiria e mesmo atrapalharia bastante a campanha estadunidense contra o  ISIS.

                   Um dos principais aliados de Washington nessa guerra contra o E.I.  tem sido um derivado do PKK, a saber o YPG (Unidades de Proteção do Povo). Na vasta área síria a leste, que em função da guerra civil contra o regime Assad em Damasco não se acha sob domínio de qualquer das partes, o YPG tem constituído o aliado mais confiável dos Estados Unidos. Como Washington não dispõe de contingentes de infantaria nessa ampla res nullius (terra de ninguém), intui-se o valor que possui para os EUA o apoio do YPG e, em especial, o seu efetivo domínio nesse terreno. Para Washington, por conseguinte, qualquer ação de Recip Erdogan, o presidente turco, contra o PKK na Síria viria a ser extremamente negativa e mesmo nefasta para o esforço bélico conjunto.

                    A ação contra o E.I. pela Turquia não pode ser realizada às expensas do Povo Curdo. Atendida a importância, sobretudo logística, da participação de Ancara na guerra contra o ISIS (inclusive fechando parte das vias de acesso de voluntários para o E.I.), entende-se a preocupação americana em que os interesses vitais do Povo curdo sejam igualmente atendidos.

 

( Fonte:  The New York Times )

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