Joaquim Levy é o síndico da massa
falida. O seu trabalho, no entanto, de
repor as coisas no seu lugar se vê bastante dificultado pela própria Chefe, a
presidente Dilma Rousseff. A culpa, no entanto, é de atribuir-se à respectiva
gestão presidencial.
O desastroso
primeiro mandato só apareceria na sua terrível transmissão para o segundo. Por
conta de hábil retenção de informação, a verdade – esse personagem incômodo que
ao cabo sempre aparece – pôde ser maquiada na travessia de Silas e Caríbdes, o
que permitiu que muitas mentiras e falsidades fossem recobertas pelo diáfano
véu da aparência e conveniência política.
A construção
do marqueteiro – e as assertivas da Presidenta nos debates – conduziram a
candidata ao afanoso desembarque no porto seguro da reeleição. Mas a mentira,
como reza o ditado, tem pernas curtas.
A raiva do Povo
soberano em sentir-se enganado, ela a sentiria mais tarde, ao despencarem os respectivos
índices de aprovação sob o toque do tambor de outros arautos, que rasgavam os
sedosos tecidos das estórias de faz-de-conta, para mostrarem a face verdadeira
do mau governo, a que se acrescia a incrível estória do Petrolão.
De repente,
os velhos fantasmas da revolta popular, acicatada pelo ressaibo amargo de autêntico
conto do vigário, foram buscá-la no seu carcomido pedestal. E é forte,
incontornável, agressiva a cólera do Povão. Ninguém gosta de ser ilaqueado, e
ainda mais com a empáfia e a soberba da Presidenta nas assertivas dos debates.
Em
consequência, na sombra da Lava-Jato, os índices no Datafolha a colocaram junto da incômoda companhia de outro
Presidente, de nome Fernando Collor.
O viés da popularidade de Dilma roça de forma inquietante os percentuais da
rejeição ao presidente da Casa da Dinda.
Essa súbita debilidade presidencial a expõe a todo
tipo de dissabor. O Partido dos
Trabalhadores se vê sombreado por crise maior do que o Mensalão. Com o Palácio do Planalto fragilizado, aumenta a
certeza de que Dilma Rousseff já perdeu a força dos recém-empossados.
Contrariada
na véspera pelo Prefeito Eduardo Paes, que foi à Justiça para diminuir a dívida
da municipalidade, a dílmica fraqueza se vê exposta em votação na Câmara, na
quarta-feira, 24 do corrente, que investe contra a Lei da Responsabilidade
Fiscal, ao determinar a mudança de indexador no ajuste fiscal, com a redução
das dívidas de Estados e Municípios.
Se
desejamos pôr a casa em ordem, os truques fiscais – que proliferaram no
quadriênio passado, no seu primeiro mandato -, essa mágica do Congresso não
entra no compasso do tratamento sério, que venha a pôr ordem na nossa economia.
Tem as
pernas curtas como a mentira o intento de fazer agrados a estados e municípios
devedores, renegociando as dívidas respectivas. Como o voluntarismo e a
irresponsabilidade fiscal, que Dilma mostraria no malogrado primeiro mandato, não
há nesta esfera lugar para passes de mágica. A grande virtude da L.R.F. havia
sido reimplantar o realismo fiscal no
Brasil. Note-se que o PT então recorrera
a uma alucinada oposição à responsabilidade fiscal, indo até ao Supremo para
contestá-la.
Se
começarmos a tratar o ajuste fiscal dessa forma irresponsável, com falsos
remédios e isenções intempestivas, a
maior preocupação está com o sinal que a renegociação das dívidas possa emitir
em momento de crise, como o atual. Como não há medicação mágica para tais casos,
qualquer eventual “perdão” de parte das dívidas estaduais e municipais poderia
levar ao rebaixamento da nota do país pelas agências de avaliação de risco.
Valendo-se de critérios heterodoxos, a economia brasileira se afastaria da
lição de casa a aplicar no caso, em que a
ortodoxia é obrigatória. A incerteza dessas intervenções quebraria a confiança
(fundada na obediência às regras), eis que não há espaço para mágicas no
domínio fiscal. Voltaríamos a uma condição
que é própria das economias sob regime especulativo, sem a segurança do dever
de casa bem feito.
De qualquer forma, todas essas confusões e
fórmulas extemporâneas, lançam a dúvida sobre as perspectivas do ajuste fiscal
para pôr um cobro nas insânias fiscais do Dilma I.
Se a
irresponsabilidade e a demagogia prevalecerem – o que nesse Congresso sob
domínio do PMDB não há de espantar – o ajuste fiscal irá para o brejo, e junto
com ele as perspectivas de recuperação da economia brasileira. Mas o quê esperar de um Congresso presidido
por Renan Calheiros e Eduardo Cunha?
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário