Os que não votaram em Dilma e engrossaram as manifestações do domingo
(segundo o Ministro Rossetto) continuam a crescer, a ponto de colocar em dúvida
a lisura dos computadores no segundo turno da última eleição... O que antes se
chamava paradoxo, na verdade, a pesquisa Datafolha
contribui para pôr a limpo.
Assim, as
mentiras de Dilma na reta final da eleição, assim como a roubalheira na
Petrobrás, o aumento da inflação e o consequente pessimismo econômico da
população, tudo isso de cambulhada forma pacote formidável em termos de uma
opinião pública em processo de rejeição à Presidenta.
62% de ruim/péssimo é o dílmico total que entra na esfera da degringolada de
Fernando Collor, que registrou nas cercanias do impeachment 68%.
Os próprios totais de regular (24%) e de ótimo/bom (um patético
13%), confirmam que tanto para a Presidenta, quanto para o PT o cenário
político toma feição inquietante.
Uma presidente que apresenta tais totais
entra em área de acentuada turbulência política, o que, por outro lado, se vê
frisado pela circunstância, assinalada por Eliane
Cantanhêde na sua coluna (que se reporta apenas às manifestações de domingo
passado), que o PT passou de caçador a
caça.
Apoiada em
um dos gabinetes mais fracos e desmoralizados dos últimos tempos, entende-se
porque Dilma Rousseff emagreceu tanto nas últimas semanas, enquanto a sua
fisionomia mostra o vinco da grande crise política.
Se ela hoje
paga pelo que muitos chamam o estelionato
eleitoral, à sua volta o seu antigo padrinho e mentor dá mostras de que
sofre de agudo processo de perda do poder de avaliação de situações.
Quando a
tempestade ronda, a turma do comando, se se deixou embalar pelos filmetes e discursetes
do marqueteiro, principia a dar sinais de que perde o sentido da realidade.
Como interpretar as ameaças do ex-torneiro mecânico de que vai chamar o exército de Stédile? Se ele pensa que isso
aqui é Venezuela, permito-me, com todo o respeito, Senhor ex-presidente,
ponderar-lhe que não é definitivamente o caso. Badernas não são o caminho
preferencial de regime para tentar superar a má fase e lograr fazer o que
Collor não conseguiu – terminar o próprio mandato.
Não
aproveita a um regime que enfrenta a sua maior crise (excluída talvez a do
mensalão, quando os choramingos de Lula e a inépcia dos tucanos lhe abriu as
portas da salvação in extremis), partir
para a negação tipo avestruz, processo esse que sói terminar com o fim do
regime, no caso o esquema petista.
Se Dilma não quer entrar para a UTI,
e a deterioração clínica de um verde segundo mandato, deve esclarecer ao Povo
Soberano que nada tem a ver com o Petrolão. Entende-se o nervosismo de seu
criador e a extensão da crise.
A
pergunta que paira no ar é se ela terá condições de contornar essa hora má, e
convencer a opinião pública de que seria capaz de espécie de refundação não do
regime petista – que já mostrou estar passado da hora – mas dela própria,
livrando-se da enxúndia e da gordura desse incrível governo que oscila entre os
39 e os 40 da antiga caterva, feito sob medida não para a boa administração,
mas para atender a fins adjetivos e não-programáticos.
Nessa
hora, não adianta fazer pose de coitada – que, de resto, não faz o seu gênero –
mas mostrar que uma refundação da própria administração ainda seria possível
nessa vigésima quinta hora. Em tal caso, porém, esqueça o marqueteiro e fale a
verdade sem ambages, se é capaz.
Nos
alvores de seu primeiro governo, a senhora empreendeu a única operação em que logrou
infundir esperança no povo brasileiro de que a corrupção pode ser vencida. Se
hoje tem condições para isso, somente a senhora poderá demonstrá-lo.
Não
será se escondendo atrás de slogans e palavras de ordem esvaziadas e
desmoralizadas, não será recorrendo a manifestantes estipendiados, que o céu de
seu governo há de desanuviar-se.
Muitos
ainda acreditam que a senhora pode vencer a corrupção. Para tanto, contudo,
palavras vazias não têm serventia. O Povo não é bobo, dona Dilma. Assim,
acordos de leniência e atitudes similares devem ser jogados na lata de lixo da
história.
A
humildade não deve ser postura de fachada. A corrupção não é uma velha
senhora inamovível. Para que os céus se desanuviem, a Senhora precisa dizer ao
que veio. Não perca tempo em agarrar-se a velhos projetos.
O
Brasil não é propriedade de um partido. Se aceitar essa premissa, a senhora há
de passar, na normalidade democrática, a faixa ao seu sucessor, seja ele quem
for.
( Fontes: Folha de S.
Paulo, Pesquisa Datafolha, Estado de S.Paulo )
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