quarta-feira, 18 de março de 2015

O Desmanche do Governo Dilma

                            

          Os que não votaram em Dilma e engrossaram as manifestações do domingo (segundo o Ministro Rossetto) continuam a crescer, a ponto de colocar em dúvida a lisura dos computadores no segundo turno da última eleição... O que antes se chamava paradoxo, na verdade, a pesquisa Datafolha contribui para pôr a limpo.

           Assim, as mentiras de Dilma na reta final da eleição, assim como a roubalheira na Petrobrás, o aumento da inflação e o consequente pessimismo econômico da população, tudo isso de cambulhada forma pacote formidável em termos de uma opinião pública em processo de rejeição à Presidenta.

         62% de ruim/péssimo é o dílmico  total que entra na esfera da degringolada de Fernando Collor, que registrou nas cercanias do impeachment 68%.

         Os próprios totais de regular (24%) e de ótimo/bom (um patético 13%), confirmam que tanto para a Presidenta, quanto para o PT o cenário político  toma feição inquietante.

          Uma presidente que apresenta tais totais entra em área de acentuada turbulência política, o que, por outro lado, se vê frisado pela circunstância, assinalada por Eliane Cantanhêde na sua coluna (que se reporta apenas às manifestações de domingo passado), que o PT passou de caçador a caça.

          Apoiada em um dos gabinetes mais fracos e desmoralizados dos últimos tempos, entende-se porque Dilma Rousseff emagreceu tanto nas últimas semanas, enquanto a sua fisionomia mostra o vinco da grande crise política.

          Se ela hoje paga pelo que muitos chamam o estelionato eleitoral, à sua volta o seu antigo padrinho e mentor dá mostras de que sofre de agudo processo de perda do poder de avaliação de situações.

           Quando a tempestade ronda, a turma do comando, se se deixou embalar pelos filmetes e discursetes do marqueteiro, principia a dar sinais de que perde o sentido da realidade. Como interpretar as ameaças do ex-torneiro mecânico de que vai chamar o exército de Stédile? Se ele pensa que isso aqui é Venezuela, permito-me, com todo o respeito, Senhor ex-presidente, ponderar-lhe que não é definitivamente o caso. Badernas não são o caminho preferencial de regime para tentar superar a má fase e lograr fazer o que Collor não conseguiu – terminar o próprio mandato.

             Não aproveita a um regime que enfrenta a sua maior crise (excluída talvez a do mensalão, quando os choramingos de Lula e a inépcia dos tucanos lhe abriu as portas da salvação in extremis), partir para a negação tipo avestruz, processo esse que sói terminar com o fim do regime, no caso o esquema petista.

              Se Dilma não quer entrar para a UTI, e a deterioração clínica de um verde segundo mandato, deve esclarecer ao Povo Soberano que nada tem a ver com o Petrolão. Entende-se o nervosismo de seu criador e a extensão da crise.

               A pergunta que paira no ar é se ela terá condições de contornar essa hora má, e convencer a opinião pública de que seria capaz de espécie de refundação não do regime petista – que já mostrou estar passado da hora – mas dela própria, livrando-se da enxúndia e da gordura desse incrível governo que oscila entre os 39 e os 40 da antiga caterva, feito sob medida não para a boa administração, mas para atender a fins adjetivos e não-programáticos.

                Nessa hora, não adianta fazer pose de coitada – que, de resto, não faz o seu gênero – mas mostrar que uma refundação da própria administração ainda seria possível nessa vigésima quinta hora. Em tal caso, porém, esqueça o marqueteiro e fale a verdade sem ambages, se é capaz.

                Nos alvores de seu primeiro governo, a senhora empreendeu a única operação em que logrou infundir esperança no povo brasileiro de que a corrupção pode ser vencida. Se hoje tem condições para isso, somente a senhora poderá demonstrá-lo.

                Não será se escondendo atrás de slogans e palavras de ordem esvaziadas e desmoralizadas, não será recorrendo a manifestantes estipendiados, que o céu de seu governo há de desanuviar-se.

                Muitos ainda acreditam que a senhora pode vencer a corrupção. Para tanto, contudo, palavras vazias não têm serventia. O Povo não é bobo, dona Dilma. Assim, acordos de leniência e atitudes similares devem ser jogados na lata de lixo da história.

                A humildade não deve ser  postura de fachada. A corrupção não é uma velha senhora inamovível. Para que os céus se desanuviem, a Senhora precisa dizer ao que veio. Não perca tempo em agarrar-se a velhos projetos.

                O Brasil não é propriedade de um partido. Se aceitar essa premissa, a senhora há de passar, na normalidade democrática, a faixa ao seu sucessor, seja ele quem for.

 

( Fontes: Folha de S. Paulo, Pesquisa Datafolha, Estado de S.Paulo ) 

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