Mais do que a atitude dos
partidários do P.T. - que pode até entender-se como meio polêmico, em que o
carimbo de direita constitui artifício de peso para contradizer e, sobretudo,
tentar desmoralizar os críticos do imperante governo – importa compreender e
situar a reação da maioria da população brasileira que se insurge contra a
atual administração e, sobretudo, a incompetência deste regime, a agressiva
má-fé de Dilma Rousseff nos debates televisivos e na propaganda eleitoral, que foi
comparada por muitos a autêntico estelionato.
Como já se
verifica nos filmetes do marqueteiro – e é exemplo escrachado de propaganda
enganosa o que assemelhava autonomia do Banco Central com o furto da comida da
mesa dos pobres, a que a Justiça eleitoral sequer permitiu que Marina pudesse ter
direito de resposta – se configurou a postura da Dilma candidata à reeleição –
mentirosa, arrogante e autoritária.
O povão ainda
não sabia que a cortina fechada (a qual impedia a visão da realidade) só se
reabriria quando a pobre Inês morta estivesse, e não mais em condições de
influir no resultado das urnas. A dílmica propaganda tinha curtíssimo prazo de
validade, mas bastante seria para garantir-lhe os três por cento que lhe deu o
Nordeste e, incongruamente, Minas Gerais. De qualquer forma, a coisa terá
andado preta, tanto que a evolução da decisão definitiva só foi liberada nos finalmente, quando os sufrágios da
presidenta lograram superar os de Aécio Neves, já à vista do
photochart...
Nesse contexto, há aqueles que tudo sacrificam
– inclusive a verdade – para reorientar a realidade do Brasil em panorama em
que, com precedência sobre as reais condições, devam imperar
os rótulos da esquerda e da direita (na ânsia da polêmica, o centro não
os atrai).
Como todas as
embalagens, esse tipo de tratamento deve ser visto com muita cautela e até desconfiança. Entende-se que fica mais fácil –
para quem apóia um regime que passa do mensalão
ao petrolão, e que, no primeiro
mandato da mulher do Lula,
irresponsavelmente reeditou quase todos os truques inflacionários anteriores ao
Plano
Real – que eles sempre combateram e, ao parecer, nunca tiveram a
grandeza de aceitá-lo, como programa não de partido, mas da Nação brasileira.
Não é justo,
decerto, confundir com esquerda o estouvamento aloucado de Dilma Rousseff, no
seu primeiro mandato, em que trouxe de volta a inflação, e construíu as bases
do déficit fiscal (ao invés do superávit), a par de ressuscitar toda a
bagunça econômica dos primeiros quatro anos, com a assistência de fé do fraco Guido
Mantega e de seu impetuoso secretário do Tesouro, Arno Augustin.
Chamar isso de
esquerda é ofensa a grandes economistas do passado. Passada a eleição, não têm
mais voga as estórias de ninar de Tia Dilma. Foi, então, hora de chamar a Joaquim Levy, que vem tentar pôr ordem
nos despautérios da herança da Presidenta Dilma I. Não sei se ele logrará
sucesso ou não, porque os cordões da bolsa não mais os pode segurar com firmeza
a Dilma II. Mas daí a chamar isso programa de direita é injustiça a outro grupo
de grandes economistas, que não merece ser injuriado por truque tão chulo e
barato.
Quando
se fala das manifestações chapa-branca de esquerda, com o seu espetáculo
raquítico, basta olhar para a contrastante imagem da semana em O Globo, com o mar de protesto no dia
quinze de março, e o milhão que foi às ruas em São Paulo, e o restante milhão
que apareceu por todos esses Brasis, inclusive no Nordeste, em que a presidenta
vencera com folga as eleições...
Por isso,
importa não nos perdermos nos cartazes enganosos de alegadas direitas e
esquerdas. No atual contexto, seria, outrossim, mais veraz e mesmo mais honesto falar-se de situação e oposição. O
brasileiro que aguenta as erradas apostas de Dilma e a consequente carestia, a par da
roubalheira da sopa de letras de partidos, não está abraçando a direita quando
se opõe ao desgoverno que aí está.
Apresentá-lo sob esta fórmula mais
do que burrice é má-fé.
( Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo )
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