sábado, 14 de março de 2015

Manifestações chapa-branca ?

                                      

         Tendo presente a incógnita do domingo, as organizações com laços umbilicais com o PT saíram à rua nesta sexta-feira. Além de defender a investida e questionada Presidenta – sobretudo pelas mentiras nos debates e a propaganda eleitoral enganosa – muitos desses órgãos heteróclitos – que são chapas-branca enquanto lhes aproveita e até oposição – como se poderia qualificar-lhes a atuação como paladinos de causa  que o Povão não mais abraça?

        A tintura do oficialismo pode ser útil pelas verbas e dotações. No entanto, o uso da coleira – através de subvenções e prebendas outras – vai fundo, roubando-lhes a autenticidade. O exemplo está na UNE de hoje, sobre que pesa o estigma das dotações oficiais e, sobretudo, da chapa-branca, terá alguma semelhança, excluída a sigla, com a associação de antanho, que lutava pelos direitos dos estudantes diante do poder, fosse ele o constitucional ou o militar, aí computada a sua truculência?

        Tal maldição não se cinge à entidade estudantil. Sob a consigna do apoio à Presidenta, saíu às ruas bem-comportada a sopa de letras das entidades oficialistas.

        Terão cumprido com a sua parte a Central Única dos Trabalhos (CUT), o Movimento dos Sem Terra (o exército de Stédile, nutrido pelo Tesouro, e na aparência força de apoio de Lula da Silva), e tantos outros, todos ligados à munificência oficial, que está, salvo ordem em contrário, sob o mando, direto ou indireto, do Partido dos Trabalhadores e, por consequência, enquanto no poder estiver serão mantidos pelos recursos do Estado, que ao Povo Soberano pertence.

         A insegura Dilma, fustigada por impopularidade que lhe caíu de repente, pelas contradições entre promessas de campanha e revelações posteriores,  resolveu à última hora dar marcha-à-ré, ficando em Brasília, e não aderindo à manifestação de Belo Horizonte.

         Esses movimentos sociais se espalharam pelo menos em 23 capitais. Não houve excessos, se às reuniões faltou o entusiasmo, dado o caráter burocrático que as caracteriza. Essa falta de espontaneidade – que é adereço de movimentos encomendados – se reflete no respeito das consigna, não esquecido o apoio à Presidente Dilma Rousseff, que, sem dúvida, dele está bem precisada.

        Pena que falte a esses movimentos oficiais ou oficialóides a marca da autenticidade  do que nasce, não por ordem de gabinetes, mas por vontade própria. Daí a falta de entusiasmo entre os militantes, que se reflete sobretudo nos claros advindos daqueles que preferiram quedar-se em casa. Daí também a patética inchação das presenças: sem pejo de agredir a verdade ou de mergulhar no ridículo, para o maior ato sindical, acontecido em São Paulo, a CUT orçou a presença em cem mil, enquanto o serviço da PM apontava para doze mil manifestantes.  Essa discrepância, com variações entre os números cantados pela entidade organizadora e o cômputo da realidade pela aferição da PM, estaria presente por toda parte, como se o velho teatrólogo italiano, Luigi Pirandello, ali pairasse com o seu dito “Assim é, se lhe parece...”   

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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