Tendo presente a incógnita do
domingo, as organizações com laços umbilicais com o PT saíram à rua nesta
sexta-feira. Além de defender a investida e questionada Presidenta – sobretudo pelas
mentiras nos debates e a propaganda eleitoral enganosa – muitos desses órgãos
heteróclitos – que são chapas-branca enquanto lhes aproveita e até oposição –
como se poderia qualificar-lhes a atuação como paladinos de causa que o Povão não mais abraça?
A tintura do
oficialismo pode ser útil pelas verbas e dotações. No entanto, o uso da coleira
– através de subvenções e prebendas outras – vai fundo, roubando-lhes a
autenticidade. O exemplo está na UNE
de hoje, sobre que pesa o estigma das dotações oficiais e, sobretudo, da chapa-branca, terá alguma semelhança,
excluída a sigla, com a associação de antanho, que lutava pelos direitos dos
estudantes diante do poder, fosse ele o constitucional ou o militar, aí
computada a sua truculência?
Tal maldição não se cinge à entidade
estudantil. Sob a consigna do apoio à Presidenta, saíu às ruas bem-comportada a
sopa de letras das entidades oficialistas.
Terão cumprido
com a sua parte a Central Única dos Trabalhos (CUT), o Movimento dos Sem Terra
(o exército de Stédile, nutrido pelo Tesouro, e na aparência força de apoio de
Lula da Silva), e tantos outros, todos ligados à munificência oficial, que
está, salvo ordem em contrário, sob o mando, direto ou indireto, do Partido dos
Trabalhadores e, por consequência, enquanto no poder estiver serão mantidos
pelos recursos do Estado, que ao Povo Soberano pertence.
A insegura
Dilma, fustigada por impopularidade que lhe caíu de repente, pelas contradições
entre promessas de campanha e revelações posteriores, resolveu à última hora dar marcha-à-ré,
ficando em Brasília, e não aderindo à manifestação de Belo Horizonte.
Esses
movimentos sociais se espalharam pelo menos em 23 capitais. Não houve excessos,
se às reuniões faltou o entusiasmo, dado o caráter burocrático que as
caracteriza. Essa falta de espontaneidade – que é adereço de movimentos encomendados
– se reflete no respeito das consigna, não esquecido o apoio à Presidente Dilma
Rousseff, que, sem dúvida, dele está bem precisada.
Pena que falte
a esses movimentos oficiais ou oficialóides a marca da autenticidade do que nasce, não por ordem de gabinetes, mas
por vontade própria. Daí a falta de entusiasmo entre os militantes, que se
reflete sobretudo nos claros advindos daqueles que preferiram quedar-se em
casa. Daí também a patética inchação das presenças: sem pejo de agredir a
verdade ou de mergulhar no ridículo, para o maior ato sindical, acontecido em
São Paulo, a CUT orçou a presença em cem mil, enquanto o serviço da PM apontava
para doze mil manifestantes. Essa
discrepância, com variações entre os números cantados pela entidade
organizadora e o cômputo da realidade pela aferição da PM, estaria presente por
toda parte, como se o velho teatrólogo italiano, Luigi Pirandello, ali
pairasse com o seu dito “Assim é, se lhe parece...”
( Fontes: O Globo, Folha de S.
Paulo )
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