A disputa pelo butim no PP
No primeiro mandato de Dilma, o
Ministério das Cidades passou a ser cota
do Partido Progressista. A princípio, o grupo de Mario Negromonte (BA)
se assenhoreou da pasta. Gerindo a ‘quota’ dada ao PP pela divisão das propinas
nos contratos da Petrobrás, o bando de Negromonte se autofavoreceu a tal ponto
que provocou a revolta do grupo que ficara de fora das remessas feitas pelo
doleiro Alberto Youssef.
Por força da
sanhuda reação dos ‘enjeitados’, esse segundo grupo, com o Senador Ciro
Nogueira (PI) e deputados Arthur Lira (PI), Eduardo da Fonte (PE) e Aguinaldo
Ribeiro (PB) forçou a demissão de Mario Negromonte, que saiu queixando-se do ‘fogo
amigo’.
Foi
substituído pelo deputado Aguinaldo Ribeiro.
Dentro da
partidocracia, cercada por senhores feudais, ter-se-á dona Dilma, como titular
soberana, perguntado então da razão da troca de ministros?
Os tempos passam
Na primeira página da Folha, se
depara a fisionomia entre abatida e preocupada do Senador Lindbergh Farias
(PT/RJ). Como assinala Bernardo Mello Franco, Lindbergh despontou entre os
cara-pintadas nos atos pelo impeachment de Fernando Collor em 1992. Liderança estudantil e depois mais de uma vez
candidato pelo PSTU no Rio de Janeiro, Lindbergh acabou emigrando para o PT,
pela impossibilidade de eleger-se sozinho por aquele partido, eis que não
lograva vencer a barreira da legenda.
Como é do
seu feitio, a atitude do senador Lindbergh Farias é aberta e franca. Ele confirma
haver recebido R$ 2 milhões por intermédio do então diretor da Petrobrás Paulo
Roberto Costa em 2010. Nega, no entanto, haver participado do esquema de
corrupção na estatal.
Lindbergh,
segundo declarou, conheceu Costa ao participar de inaugurações da estatal no
Rio, com a presença do então presidente Lula. Assim, ao candidatar-se, decidiu
procurar Costa: “Eu sabia que ele era uma pessoa muito bem relacionada na
Petrobrás e perguntei se ele conhecia alguma empresa que pudesse me receber.
Ele ligou para alguém da Andrade Gutierrez e pediu para me receber.”
Lindbergh
falou “algumas vezes” com Otavio Azevedo, presidente da construtora. Então “fui
na Andrade Gutierrez, falei da minha campanha. Ninguém falou mais de Paulo
Roberto. Ninguém falou de propina, muito pelo contrário.”
O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot,
sustenta que Lindbergh “tinha conhecimento do caráter ilícito dos valores
recebidos, pois não haveria qualquer justificativa lícita razoável” para
recorrer a Costa.
Para
Lindbergh, o Ministério Público não tem provas: “Você acha que alguém disse: ‘Olha, esse dinheiro aqui que eu vou te
ajudar é de uma propina?’ Isso não existe.”
Diante da
conexão estabelecida pelos investigadores entre as doações feitas a
políticos pelas empreiteiras e as propinas
que elas pagavam para fechar contratos
com a estatal, pondera Lindbergh : “Como eu poderia saber que o dinheiro
de uma empresa grande estava saindo para a minha campanha de um processo como
esse ? Eu não sabia. Ninguém sabia disso aí.”
Por isso, o
senador pelo Rio de Janeiro acusa o M.P. de “criminalizar doações legais”. E
acrescenta: “do jeito que a lista foi lançada, estão misturando gente que
recebia mesada de propina com doação legal de campanha.”
Nesse
contexto, Lindbergh lembra que “essas empreiteiras ligadas à Lava Jato fizeram
mais de 60% das doações nas últimas campanhas. Se eu recebo dinheiro de uma
grande empresa, nunca passou pela minha cabeça saber se era ilícito ou não era.”
A conexão
com Collor reponta na vida do jovem Senador. Despontara como cara-pintada na
campanha pelo impeachment de Fernando Collor. Agora entra numa lista em que o
seu retrato está em outro escândalo, em que agora estaria do mesmo lado do
ex-presidente. “É horrível. O Collor tem
uma acusação real, concreta. O meu caso é diferente.” E acrescenta: “estou numa
lista que é praticamente uma condenação. Nunca sofri tanto. Pedi doação legal e
entrei na lista com gente que fez atos bárbaros de corrupção. Isso pode estar
destruindo a minha carreira política.”
Pegando
carona neste dia oito de março, em cadeia nacional a Presidenta vai defender os
ajustes propostos por sua equipe econômica. Vai uma vez mais
responsabilizar o agravamento da crise
internacional pela necessidade das medidas já tomadas.
Para o
que muitos vêem como responsabilidade do Dilma I, ela tenta justificar-se
apontando para uma crise econômica internacional como a real causadora dos problemas ora enfrentados pelo Dilma II.
É de
assinalar-se que é a primeira vez que Dilma Rousseff recorre à cadeia nacional
de rádio e tevê para falar das medidas
econômicas de seu Ministro Joaquim Levy.
O
discurso de Dilma ocorre uma semana antes dos protestos contra o governo e pró-impeachment, marcados para o vindouro dia quinze de março em
várias cidades.
Segundo
indicação da Folha, o texto foi
elaborado pelo marqueteiro João Santana e o Ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil). Além de colaborações do Ministro Joaquim Levy, da Fazenda.
FHC rejeita ato em defesa de Dilma Rousseff
Sem embargo, a
nota se insere em discurso anterior em que o ex-presidente teria admitido a
aliados a hipótese de aproximação com a petista, na tentativa de ajudar a achar
uma saída para a crise política e
econômica do país.
A despeito de
tais supostos intentos tucanos de conciliação, a nota de ontem tem uma tônica
mais dura: “o momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim
com o povo. Este quer antes de mais nada que se passe a limpo o caso do
Petrolão”.
Se houve
algum aceno conciliatório, o Senador
Aloysio Nunes (PSDB-SP), em outra nota, chama de “delírio sem qualquer fundamento na realidade” a tese de um acordo
pela governabilidade de Dilma...
O FSB (antigo KGB) compareceu, através de seu Chefe, Aleksander Bortnikov, à
televisão para anunciar a prisão de Anzor
Gubashev e Zaur Dadaev, ambos do
norte do Cáucaso, como suspeitos da morte de Boris Nemtsov.
A ida do Chefe
do FSB (Serviço Federal de Segurança)
à televisão para anunciar as detenções é um fato raro, que assinalaria o
empenho do Governo Putin na solução do crime.
O caminho, no
entanto, é ainda longo. No caso de Anna
Politovskaya, os primeiros juízos não avançaram, por se desconhecerem os
reais mandantes da eliminação da corajosa jornalista.
Putin, a quem
Nemtsov não poupava em suas críticas, fez declaração exigindo que o Ministério
do Interior previna crimes políticos
como “o descarado assassinato de Nemtsov
em pleno centro da capital”. Nesse quadro, Vladimir Putin afirmara
anteriormente que o crime era uma “provocação” para desestabilizar a Rússia, a par de prometer que os autores
serão julgados.
Na oposição,
há uma certa discórdia quanto à responsabilidade pela autoria do crime. Se Aleksei Navalny, que é o principal
opositor a Putin, acusou os “serviços especiais” russos e até mesmo o Kremlin de estar por trás do assassínio, sem embargo, os partidários de Nemtsov não
acusam diretamente a Vladimir Putin, mas sim círculos governamentais de criar o ambiente propício, ao plantar a ‘semente
de ódio’ contra os opositores.
A par de sua contestação ao Presidente
Putin, contestação essa convalidada pela relevância do papel de Boris
Nemtsov na política russa (com posições de relevo no governo Ieltsin e depois na oposição a Putin),
dentre os motivos de sua eliminação estariam as críticas ao conflito na Ucrânia
(e participação de ‘voluntários’ russos junto dos rebeldes separatistas na ação
contra Kiev), assim como sua condenação ao ataque contra o semanário Charlie Hebdo, e suas caricaturas (que
ocorreu em janeiro último).
Nesse
contexto, a morte de Nemtsov seria imputável ao ódio muçulmano (entre outras
palavras, compareceriam os militantes da Tchetchênia como possíveis suspeitos).
Muitos, no entanto, discordam dessa genérica imputação, que escanteia gente que
teria motivos muito mais próximos para mandar o pobre Nemtsov entrar na barca de Caronte...
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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