Embalada
talvez pelas sedosas palavras dos áulicos, a Presidenta terá pensado que os
banhos de público, se escolhidos a dedo e com a prudência dos marqueteiros de
ocasião, são boa ocasião para reverter a onda e voltar a rolar nas palmas,
vivas e sorrisos do povão...
No meio
palaciano, os cortesãos se assanham com os céus enfarruscados da popularidade.
Tornam o humor da Senhora um pouco mais azedo
e um tanto inseguro. Quando sopram os maus ventos, a empáfia e a
arrogância com que ela os fustiga, hão de encolher-se, nem que seja um pouco. Por
um instante, se esquecerá de seus 54,5 milhões de votos. Parece
difícil que tal aconteça, mas nada como um dia depois do outro para que a ficha
caia.
De repente, o
velho cenário não mais funciona. Escolhe um evento, de preferência na
locomotiva São Paulo, e lá pensa ter pela frente momento aprazível. Assim, em
ambiente restrito – ela ali aparece antes da abertura ao público – como não
estariam dadas as melhores condições para boas fotos de gente risonha, alegre
em saudar a sua Presidenta?
Estava
combinado assim. Dilma será recebida no ‘Salão Internacional da Construção
Civil’ com a acolhida bem-educada, que o PT
de São Paulo e os profissionais da exposição, sem a interferência do
zé-povinho, tampouco lhe negarão...
Será que os
suados, nervosos prepostos do núcleo palaciano nada temiam? Em que mundo vive
essa gente? Infelizmente nas horas de
cara feia, broncas e grosserias da Presidenta, eles se refugiam nos
tarjas-preta, nos Valium e Lexotan,
quando não em coisa mais forte...
Pois não é que
uma peça seria pregada aos pobres funcionários? Sob vaias, gritos de ‘fora,
Dilma!’ e ‘fora, PT’, surge a turba de mal-educados, que de repente, saídos do
nada, vem interromper e bagunçar a ocasião que eles pensavam ter organizado tão
bem, com a providencial exclusão do público-visitante...
Assim, em passe de mágica, se esvanece a lorota de
que panelaço e vaias do domingo foram
embustes da oposição, que os financiou em treze capitais...
Será que os
fins justificam os meios? O marqueteiro
fiel – de que ela é capaz de ler peças tão sensaboronas e potoqueiras, como a
do passado domingo – crê ter a solução mágica que há de fazê-la singrar pelos
mares encapelados da impopularidade, e chegar indene ao porto-seguro do regular
e constitucional fim de mandato...
E, no
entanto, para quem navega com a altivez dos poderosos, não bastarão as tapeações
dos marqueteiros e cortesãos de plantão, se de chofre o seu mundo começa a
cair, e as verdades que os do seio de Abraão cochicham nervosos estourem para
todos ver e ouvir, inclusive o próprio roufenho criador, que ainda acalanta
esperanças para 2018...
A mentira não
é aconselhável como alavanca do poder.
Até que às vezes funciona, mas o seu prazo de validade nos parece curto
por demais...
Como para outros
antecessores – Collor, Sarney – o refúgio da impopularidade e sobretudo da
mentira, só funciona se a autoridade está em fim de mandato. A história pode
ser outra, se a prometida feliz travessia de mais um quadriênio mal dá os seus
primeiros e tenteantes passos...
( Fontes: Folha de S. Paulo, O
Globo )
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