Lula da Silva,
o grande estadista, anda muito nervoso. Outro dia, ao visitar sua pupila
rebelde, parecia ‘pilhado’, segundo afirma gente ligada ao dílmico poder. Reclamava aos gritos de o que devia ser
feito. O ex-presidente não está habituado a ser contrariado. Por isso, se
irrita e se exaspera mesmo, com a teimosia da pupila, que não mais atende a
seus reclamos e instruções como antigamente.
Ela demora com
a reforma ministerial, mesmo aquela pontual preconizada por Lula, que deseja
substituir Pepe Vargas por alguém com mais traquejo de política.
O encontro a
sós, pelo que ouviram, terá rendido pouco, pelos altos decibéis do diálogo
entre os dois magnos personagens. Nessa hora, os cortesãos se põem ao largo,
porque a acrimoniosa discórdia dos patrões não lhes pressagia nada de bom.
Dessarte, os
validos se afastam. Quando dois valores
muito mais altos se desentendem, manda a prudência dos clientes manter
distância ou mesmo desaparecer de cena. Nesse sentido, a comparação com o velho
Oeste é a que cabe.
O velho ‘saloon’ se esvazia – até o pianista se
manda! – ou então cai o silêncio e não se move vivalma na rua principal. Cada
um trata da sua, e a exemplo do Maluf não estão nem aí para o duelo anunciado.
Mesmo que no bate-boca,
o perigo não seja carnal, seria como se fora. Por-se ao largo é a norma
não-escrita do membro do bando. Assim, eles evitam ser mal-lembrados ou pagarem o pato por briga que não é a
deles.
No entanto,
Dilma parece andar um tanto à deriva, pois não é que aceitou um mau conselho de
Lula da Silva? Este último brandiu não faz muito com ridícula ameaça de
convocar o ‘exército do Stédile’.
É coisa que
parece comportamento irresponsável e, em
verdade, é mesmo. Pois, pasmem senhores, que a Presidente da República resolveu
ir, no Rio Grande do Sul, prestar homenagem ao dito exército dos sem-terra.
A fragilização
dos chamados ‘movimentos sociais’, evidenciada na fraqueza da manifestação do
MST, CUT e UNE (que sob o petismo, se transformaram em ‘chapas brancas’ sociais)
que antecedera aos dois milhões de
quinze de março, não dissuadiu Dilma de render homenagem a João Pedro Stédile,
no assentamento Lanceiros Negros, em Eldorado do Sul (RS).
Ao prestar-se a tal papel, a antes presidenta
mais semelha nave desgovernada, que nesse transe que atravessa, atende a
orientações de seu antigo chefe, Lula da Silva. Ao fazê-lo, ouviu coisas que
não devera, e como sublinha a coluna de Merval Pereira, dele ouviu “ mais que conselhos,
orientações de como deve governar”...
Em um
governo claudicante, com presidente que no rosto e no olhar transmite a
ansiedade de comandante de barco à deriva (como se viu em outro patético
encontro, com elogios do governador Marconi Perillo), será que o arroubo (como diz o usualmente prudente
Merval) seria renovada tentativa de
firmar a própria liderança, e deixar de ser vista como um fantoche de Lula ?
Pelo
visto, a grande esperteza política do mago Lula, que pretendia reinar por
interposta pessoa, está dando chabu. Por presunção, entregou a quem não é do ramo a difícil missão. Como reza a
sabedoria popular, na hora da onça beber água, não há ninguém para defendê-la.
Para quem
preparara a bomba fiscal do primeiro mandato, mandava a prudência passar o
abacaxi a Lula da Silva. Preferiu não fazê-lo e o seu triunfo nas urnas por
minguados 3%, se transforma em vitória de Pirro.
Depois do
Petrolão e das mentiras da campanha, seria mais do que previsível que a sua
popularidade despencasse, como de fato ocorreu.
E agora,
no banhado, está sozinha, em meio à inconformidade geral. E por mais que reze,
as assombrações surgem por toda a parte, numa folgança só.
( Fontes: O Globo,
Coluna de Merval Pereira )
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