quinta-feira, 5 de março de 2015

Crise Derrete Governo Dilma

                                 

         Terá acontecido mais depressa de o que esperado? Cada crise tem a sua dinâmica própria. Estamos nos seus vagidos. É muito cedo para determinar-lhe os limites, as suas baixas, estragos e eventuais vítimas (neste caso quando não há culpa).

         Talvez, apesar dos arroubos éticos, o mergulho no poder terá sido muito mais danoso de o que se poderia prever. De qualquer forma, como pele descartável, as posturas intransigentes, a ânsia de parecer mais realista de o que rei, não  levou tanto o tempo quanto o mando. Aí está o velho Lord Actono poder corrompe, e o absoluto de forma absoluta – para mostrar da sepultura que os dias e os anos passam, mas os vezos do homem, não.

         Eu não a classificaria como estória triste. Na verdade, ela é banal. De resto, não faltaram avisos, a despeito das posturas e do cinismo – nos palanques e fora deles – e as práticas, se na essência, continuam as mesmas, no grau e na desfaçatez se vão arreganhando, empurradas pela húbris  que se apossa dos infratores.

         No andor da carruagem, as medidas e até as cautelas, eles as vão jogando pelo caminho, como se a impunidade mais se consolidasse como a roubalheira sem pejo, nem beiras. Feita mais de raízes do que de galhos, essas práticas delituosas entorpecem quem nelas mergulha, e com o passar dos anos prometem mais riquezas sem castigo.

         O grande cínico terá enganado a muitos, e arrastado a outros, com a sua empáfia, que é filha da ignorância, mas os atalhos e as passagens se vão tornando mais ínvias e precárias. O povo a que muitos pensam iludir e manobrar, na verdade no seu saber decantado vai intuindo e expressando o que os grandes muita vez não ousam dizer, contentando-se com alegorias e  insinuações.

         Assim, os maiores segredos hão de espoucar na boca do povão, com a naturalidade das verdades por muito encapuçadas.

         No terremoto político, não há vítimas indenes. A aprovação da ampliação da idade de aposentadoria de ministros nos tribunais terá, talvez, as melhores consequências, porque promete poupar-nos da dílmica safra de indicações para o Supremo. Teria sido o Sr. Toffoli, duas vezes reprovado em exame para juiz comum, logrado a investidura para o STF, em outro país que não Pindorama?

         Basta também as exações publicanas, subindo sempre os impostos, que no entanto mais parecem destinados ao ralo imenso do desperdício e da corrupção, do que para as obras e serviços tão ansiados em termos de saúde, ensino e segurança ?

        Amanhã, o Ministro Teori Zavascki deverá abrir o sigilo da lista dos políticos. Por indústria jornalística, as cortinas começam a descerrar-se: Senador Renan Calheiros, presidente do Senado (PMDB); Deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara (PMDB),  Senadora Gleisi Hoffman (PT-PR),  ex-Ministro Paulo Bernardo (PT-PR e marido da precedente),  Senador Fernando Collor (PTB-AL e ex-presidente da república), Senador Édison Lobão (PMDB-MA), e Deputado Nelson Meurer –PP-PR).

         Quando Teori Zavascki abrir as comportas, mais haverá da lista do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

           Segundo indica a Folha, o Procurador-Geral pediu que não seja aberta investigação sobre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o Senador Aécio Neves (PSDB), ex-candidato à Presidência da República. Segundo a revista VEJA, o doleiro Alberto Youssef disse que Dilma e o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento do esquema de corrupção da Petrobrás.

           Aécio Neves também teve o seu pedido de arquivamento solicitado pelo Procurador-Geral, Rodrigo Janot. Tal como no caso de Dilma não é pública a íntegra do pedido de arquivamento, em que será possível entender qual terá sido o contexto das citações  que apontavam para o candidato à Presidência Aécio Neves.

            Não obstante, como o responsável por investigações junto ao Supremo Tribunal Federal é o Ministério Público, a expectativa é de que o Ministro Teori Zavascki acate o pedido do Procurador Geral Janot.

 

( Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo )         

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