Terá acontecido mais depressa de o
que esperado? Cada crise tem a sua dinâmica própria. Estamos nos seus vagidos.
É muito cedo para determinar-lhe os limites, as suas baixas, estragos e
eventuais vítimas (neste caso quando não há culpa).
Talvez, apesar dos arroubos éticos, o
mergulho no poder terá sido muito mais danoso de o que se poderia prever. De
qualquer forma, como pele descartável, as posturas intransigentes, a ânsia de
parecer mais realista de o que rei, não levou tanto o tempo quanto o mando. Aí está o
velho Lord Acton – o poder corrompe, e o absoluto de forma absoluta – para mostrar
da sepultura que os dias e os anos passam, mas os vezos do homem, não.
Eu não a
classificaria como estória triste. Na verdade, ela é banal. De resto, não
faltaram avisos, a despeito das posturas e do cinismo – nos palanques e fora
deles – e as práticas, se na essência, continuam as mesmas, no grau e na
desfaçatez se vão arreganhando, empurradas pela húbris que se apossa dos infratores.
No andor da
carruagem, as medidas e até as cautelas, eles as vão jogando pelo caminho, como
se a impunidade mais se consolidasse como a roubalheira sem pejo, nem beiras.
Feita mais de raízes do que de galhos, essas práticas delituosas entorpecem
quem nelas mergulha, e com o passar dos anos prometem mais riquezas sem
castigo.
O grande
cínico terá enganado a muitos, e arrastado a outros, com a sua empáfia, que é
filha da ignorância, mas os atalhos e as passagens se vão tornando mais ínvias
e precárias. O povo a que muitos pensam iludir e manobrar, na verdade no seu
saber decantado vai intuindo e expressando o que os grandes muita vez não ousam
dizer, contentando-se com alegorias e
insinuações.
Assim, os
maiores segredos hão de espoucar na boca do povão, com a naturalidade das
verdades por muito encapuçadas.
No terremoto político, não há vítimas indenes.
A aprovação da ampliação da idade de aposentadoria de ministros nos tribunais
terá, talvez, as melhores consequências, porque promete poupar-nos da dílmica
safra de indicações para o Supremo. Teria sido o Sr. Toffoli, duas vezes
reprovado em exame para juiz comum, logrado a investidura para o STF, em outro
país que não Pindorama?
Basta também
as exações publicanas, subindo sempre os impostos, que no entanto mais parecem
destinados ao ralo imenso do desperdício e da corrupção, do que para as obras e
serviços tão ansiados em termos de saúde, ensino e segurança ?
Amanhã, o
Ministro Teori Zavascki deverá abrir o sigilo da lista dos políticos. Por
indústria jornalística, as cortinas começam a descerrar-se: Senador Renan
Calheiros, presidente do Senado (PMDB); Deputado Eduardo Cunha, presidente da
Câmara (PMDB), Senadora Gleisi Hoffman
(PT-PR), ex-Ministro Paulo Bernardo
(PT-PR e marido da precedente), Senador
Fernando Collor (PTB-AL e ex-presidente da república), Senador Édison Lobão
(PMDB-MA), e Deputado Nelson Meurer –PP-PR).
Quando Teori
Zavascki abrir as comportas, mais haverá da lista do Procurador-Geral da
República, Rodrigo Janot.
Segundo
indica a Folha, o Procurador-Geral pediu que não seja aberta investigação sobre
a presidente Dilma Rousseff (PT) e o Senador Aécio Neves (PSDB), ex-candidato à
Presidência da República. Segundo a revista VEJA, o doleiro Alberto Youssef
disse que Dilma e o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento
do esquema de corrupção da Petrobrás.
Aécio Neves
também teve o seu pedido de arquivamento solicitado pelo Procurador-Geral,
Rodrigo Janot. Tal como no caso de Dilma não é pública a íntegra do pedido de
arquivamento, em que será possível entender qual terá sido o contexto das
citações que apontavam para o candidato
à Presidência Aécio Neves.
Não obstante,
como o responsável por investigações junto ao Supremo Tribunal Federal é o
Ministério Público, a expectativa é de que o Ministro Teori Zavascki acate o
pedido do Procurador Geral Janot.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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