quinta-feira, 12 de março de 2015

Bate - Pronto (II)

                                     

No reino da Fantasia

      

         Depois de seu discurso na CPI da Petrobrás, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) recebeu saraivada de elogios, uma comovente rasgação de seda, que, apesar das aparências, nada tem a ver  com o corporativismo no Legislativo...

         Terminada a alocução magna de Sua Excelência, sucedeu-se na tribuna uma troca de gentilezas. Que se cuide o Procurador-Geral Rodrigo Janot, se pensa que o indiciamento de tão resplendente figura – a ponto de nele choverem encômios de todos os quadrantes da antiga sólida base de apoio – há de render-lhe gretas na muralha do intemerato deputado Cunha.

 

Wyllys e Feliciano juntos ?

 

        No parlamentarismo anglo-saxônico é comum falar-se em estranhos companheiros de cama. Seria a união ou a composição entre partidários de doutrinas opostas que, em consequência dos caprichos do parlamentarismo, acabassem do mesmo lado, ou, para ficar na imagem da língua inglesa, na mesma cama.

        Depois dos problemas do ano passado, com a desastrosa presidência Marco Feliciano, na Comissão de Direitos Humanos na Câmara, neste ano o PT preferiu aferrar-se à presidência que mal-avisadamente cedera para o PSC. A fim de  compor as outras duas correntes que timbram em ter protagonismo na dita Comissão, se passou para  solução dita salomônica, com a vice-presidência dividida entre Jean Wyllys (PSOL-RJ) e ...  Marco Feliciano (PSC-SP).  A dupla apoiaria, então, a presidência petista  com Paulo Pimenta (RS).

       A bancada evangélica não gostou nada de ver M. Feliciano partilhando a vice com Jean Wyllys. A composição, no entanto, não vingou, forçando o recuo de Feliciano. Dado o interesse evangélico em instrumentalizar os direitos humanos – sobretudo através de sua negação – a composição e a proximidade com o PSol não agradou à tropa de Feliciano. A questão ficou, então, para ser decidida no voto, o que, dado o interesse conservador pela comissão, não promete necessariamente um resultado equânime.

 
Lula quer mexer no ministério

 

        Com a baixa na popularidade de Dilma e a má relação com o Congresso, Lula está de novo irrequieto. Vendo o pessoal de sua especial confiança afastado pela Presidenta – máxime os ministros do palácio do Planalto – Lula da Silva sinaliza os pontos fracos no gabinete – o que, decerto, não é tarefa das mais difíceis – e propõe a troca de Mercadante (que falhou na articulação política) na Casa Civil, e de Pepe Vargas (nas Relações Institucionais).

       Mercadante aumentou a respectiva cota de prestígio junto a Dilma, ao tornar-se um virtual fac-símile da Presidenta. Com a presidenta botando pra quebrar, virar uma espécie de alter-ego não compõe nem cria opções. Lula abre a sua artilharia contra o Chefe da Casa Civil e pensando abrir saídas para uma Dilma encurralada sugere até que ele seja mantido no posto, inda que alijado das consultas políticas...

       Por outro lado, acha Pepe Vargas inexperiente para a função de recoser as alianças políticas, e sugere  a chamada de Jacques Wagner (Defesa) e Ricardo Berzoini para assumir a interlocução com o Congresso e os partidos. O maior cacife e experiência dessa dupla criaria melhores condições para o diálogo e reparar a calamitosa situação em que se acha a desmotivada e desgovernada base de apoio do governo.

      Nesse contexto, Lula se pergunta por que não um ministério a mais para o PMDB? Além de compor o mítico número dos quarenta, traria um nome de peso daquele partido para o gabinete, i.e.,  Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN).  E não é que com isso o mago Lula da Silva faria um senhor agrado para o ex-presidente da Câmara, que guarda ainda ressentimento do ex-presidente pelo fato de haver apoiado um adversário seu, o que resultou na derrota de Alves, e na circunstância de ficar sem mandato?

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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