No reino da Fantasia
Depois de seu
discurso na CPI da Petrobrás, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ)
recebeu saraivada de elogios, uma comovente rasgação de seda, que, apesar das
aparências, nada tem a ver com o
corporativismo no Legislativo...
Terminada a
alocução magna de Sua Excelência, sucedeu-se na tribuna uma troca de
gentilezas. Que se cuide o Procurador-Geral Rodrigo Janot, se pensa que o
indiciamento de tão resplendente figura – a ponto de nele choverem encômios de
todos os quadrantes da antiga sólida base de apoio – há de render-lhe gretas na
muralha do intemerato deputado Cunha.
Wyllys e Feliciano juntos ?
No
parlamentarismo anglo-saxônico é comum falar-se em estranhos companheiros de cama. Seria a união ou a composição entre
partidários de doutrinas opostas que, em consequência dos caprichos do
parlamentarismo, acabassem do mesmo lado, ou, para ficar na imagem da língua
inglesa, na mesma cama.
Depois
dos problemas do ano passado, com a desastrosa presidência Marco Feliciano, na
Comissão de Direitos Humanos na Câmara, neste ano o PT preferiu aferrar-se à presidência
que mal-avisadamente cedera para o PSC. A fim de compor as outras duas correntes que timbram em
ter protagonismo na dita Comissão, se passou para solução dita salomônica, com a
vice-presidência dividida entre Jean Wyllys (PSOL-RJ) e ... Marco
Feliciano (PSC-SP). A dupla
apoiaria, então, a presidência petista
com Paulo Pimenta (RS).
A bancada
evangélica não gostou nada de ver M. Feliciano partilhando a vice com Jean Wyllys.
A composição, no entanto, não vingou, forçando o recuo de Feliciano. Dado o
interesse evangélico em instrumentalizar os direitos humanos – sobretudo através
de sua negação – a composição e a proximidade com o PSol não agradou à tropa
de Feliciano. A questão ficou, então, para ser decidida no voto, o que, dado o
interesse conservador pela comissão, não promete necessariamente um resultado
equânime.
Lula quer mexer no ministério
Com a baixa na
popularidade de Dilma e a má relação com o Congresso, Lula está de novo irrequieto.
Vendo o pessoal de sua especial confiança afastado pela Presidenta – máxime os ministros
do palácio do Planalto – Lula da Silva sinaliza os pontos fracos no gabinete –
o que, decerto, não é tarefa das mais difíceis – e propõe a troca de Mercadante (que falhou na articulação
política) na Casa Civil, e de Pepe Vargas
(nas Relações Institucionais).
Mercadante
aumentou a respectiva cota de prestígio junto a Dilma, ao tornar-se um virtual
fac-símile da Presidenta. Com a presidenta botando pra quebrar, virar uma
espécie de alter-ego não compõe nem cria
opções. Lula abre a sua artilharia contra o Chefe da Casa Civil e pensando
abrir saídas para uma Dilma encurralada sugere até que ele seja mantido no
posto, inda que alijado das consultas políticas...
Por outro lado,
acha Pepe Vargas inexperiente para a
função de recoser as alianças políticas, e sugere a chamada de Jacques Wagner (Defesa) e
Ricardo Berzoini para assumir a
interlocução com o Congresso e os partidos. O maior cacife e experiência dessa
dupla criaria melhores condições para o diálogo e reparar a calamitosa situação
em que se acha a desmotivada e desgovernada base de apoio do governo.
Nesse contexto,
Lula se pergunta por que não um ministério a mais para o PMDB? Além de compor o
mítico número dos quarenta, traria um
nome de peso daquele partido para o gabinete, i.e., Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN). E não é que com isso o mago Lula da Silva
faria um senhor agrado para o ex-presidente da Câmara, que guarda ainda
ressentimento do ex-presidente pelo fato de haver apoiado um adversário seu, o
que resultou na derrota de Alves, e na circunstância de ficar sem mandato?
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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