segunda-feira, 9 de março de 2015

É tarde para pedir paciência

                                  

       Dentro do figurino Dilma Rousseff, ela pensou ter recorrido a quem lhe valeu no passado. Consultas e fórmulas que julgam milagrosas ela as trouxe do marqueteiro João Santana, decerto do solícito Aloizio Mercadante, dentre outros envoltos no manto do anonimato.

      Ora, o povo está ressabiado. Não é à toa que as pesquisas a mostraram para muitos falsa e mentirosa. Nos debates e na antecâmara da eleição, terá enganado a muita gente. Nada sabe pior de o que sentir-se engambelado.

      Por isso, atenção à provada fórmula mágica. As suas palavras já não são mais abraçadas com a vontade dos tempos da mulher do Lula. O seu padrinho ainda voeja por perto, mas a rouca voz perdeu vigor e força. Muitos postes ficaram no caminho.

      Porque é tão difícil e tão perigoso dizer a verdade? Toda a fala foi construída em torno das medidas. Como amargo purgante, devem ser mencionadas à maneira de quem, em intervalos regulares, borrifa um bom cheiro para tornar mais agradável e até prazeroso o ambiente.

      As rítmicas borrifadas se sucederam, enquanto, a cabeça tenteante, ela avançava no texto. Como o aroma dos sprays, na repetição da encantação mágica – as medidas – quase se podia ouvir a voz matreira do mago João Santana. Era a pimenta que faltava!

      Se alguém chegasse de longa viagem – sem internet nem jornais – e se acaso indagasse ‘que diabo de medidas são essas?’ – colheria meio-sorrisos de quem murmura ‘depois eu digo’...

      A omissão, sem dúvida recomendada pelo marqueteiro, tornava a assessoria do Ministro Joaquim Levy expletiva.

       Querer embalar o povão em cantigas de ninar, enquanto ela culpa o lobo mau da crise estrangeira, como se fora o judas de seu governo tão cheio de boas intenções, e tão carregado da bagagem da inflação e das contas que não batem... Será tão fácil esse discurso da crise que vem dos estranjas, quando na verdade ela está aqui, bem à vontade entre nós ?

        Enquanto a oscilante figura fala, pensando engambelar, nas ruas as panelas voltam a soar. Não em toda parte, como o Partido dos Trabalhadores – que ora se transforma na sede dos desmentidos rituais – se apressa em declarar.

        Segundo a imprensa, o panelaço se ouviu no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília, além de algumas cidades de Santa Catarina... Acham pouco... No entanto, as passeatas de junho principiaram apenas nas ruas da Pauliceia, e foram de início cerceadas pela polícia e havidas como sem importância...

 

( Fontes: Rede Globo, O Globo, Folha de S. Paulo)

Nenhum comentário: