A comemoração de Putin
O Presidente Vladimir V. Putin prepara a comemoração dos Setenta Anos da vitória
da União Soviética na Segunda Guerra Mundial. Dentre os convidados, não comparecerão
nem os Estados Unidos, nem a Alemanha, nem o Reino Unido. Com efeito, Putin,
através dos seus mais chegados auxiliares, sofre as sanções de Barack Obama. Submetido igualmente a
medidas punitivas da União Europeia, tampouco comparecerão a Chanceler Angela Merkel, da R.F.A., e o Primeiro
Ministro inglês David Cameron.
Dentre os
convidados, encontra-se um pária internacional, o líder máximo da Coréia do
Norte, Kim Jong-un.
Castigado pela
sua guerra não-declarada contra a Ucrânia - anexou em abril passado a península
da Crimeia à Federação Russa, e tem
apoiado por intermédio de ‘voluntários russos’ (cerca de doze mil, segundo a Otan)
a rebelião dos chamados separatistas da Ucrânia oriental, com dois acordos de
cessar-fogo desrespeitado, no melhor estilo hitlerista - a Rússia de Putin foi
afastada do G-8, e tem sido penalizada por sanções pontuais de Washington e de
Bruxelas (União Europeia).
Transformado
em personagem malquisto por seu desrespeito da soberania ucraniana, Putin ainda
colheu a censura internacional pela derrubada através de míssil russo
possivelmente manejado pelos rebeldes pró-Rússia do voo AH 17 da Malaysian
Airlines, com a morte de 298 passageiros e tripulação.
Há pouco Boris Nemtsov[1],
opositor de relevo de gospodin Putin,
caíu nas vizinhanças do Kremlin, sob
balas de contract-killers,[2] o
mesmo sistema pelo qual foi morta a jornalista também sua opositora, Anna Politovskaya, abatida esta no
saguão do prédio residencial onde vivia.
Nemtsov se
opunha à guerra não-declarada contra a Ucrânia, e estava organizando
manifestação, prevista para o final da semana em que foi liquidado, de repúdio a esse conflito, e em apoio ao
governo de Kiev e seu povo.
Pelo que
consta, as relações da Rússia com o regime da Coreia do Norte florescem sob o
aspecto comercial. Presume-se que
Vladimir Putin deseje estreitar tais laços com o supremo-líder da Piongyang,
cujo regime que muito se assemelha ao de Joseph
Djugachvilj, aliás camarada Stalin,
na antiga URSS.
Dada a atual
situação do Presidente Vladimir Putin em
relação a comunidade ocidental, quiçá esse convite ao ditador norte-coreano
seja um gesto irônico do Senhor do Kremlin, dada a existência de alguma
similitude em termos de trânsito internacional entre os dois líderes.
A gastança do Congresso
A falta de
sintonia do Congresso com a opinião pública, o corporativismo elevado às
alturas, e sobretudo o cinismo do aumento no fundo partidário para o corrente
ano, são sinalizações importantes para indicar o porquê do pouco apreço que tem o Povo brasileiro por Câmara e
Senado.
Suas
Excelências deveriam ter tais números mais presentes para nortearem a
respectiva ação. O que se vê, no entanto, é estranho corporativismo, que trata
o Povo Soberano como algo que apenas se considere e se busque cativar na
cercania das eleições. Entrementes, através da detestada propaganda eleitoral
obrigatória, abrem a porta para as inserções publicitárias de partidos
desconhecidos, tornados possíveis pela ridícula sentença do Supremo que abriu
as comportas para todas as
representações partidárias. Tais anúncios são feitos, com grande desfaçatez, no
horário nobre (hora do jornal Nacional), e somos obrigados a ouvir sandices
e falsos programas de desconhecidos. Antes
tais programas eram feitos apenas em anos eleitorais. Agora, as comportas estão
abertas para ouvirmos os lugares comuns e os vãos compromissos desta sopa de
letras que é a atual representação partidária no Brasil.
Perde-se,
assim, mais uma oportunidade de regular e de conter essa pletora de
intromissões de partidos sem representatividade. E, malgrado os votos anteriores de ordenar
esse sistema disfuncional, o que se vê é outra mostra de total alheamento da
realidade nacional.
O
Congresso de Renan Calheiros e de Eduardo Cunha, ambos com contas a prestar
para com o Ministério Público Federal, no âmbito da operação Lava-Jato, resolveu triplicar a proposta
do Executivo para o fundo partidário em
2015.
Assim, foi à sanção
presidencial o absurdo montante de R$
867,5 milhões (ao invés dos R$ 289,5 milhões propostos). Em instante de
contenção de despesas e de esforços do Ministro Joaquim Levy e equipe para
pôr ordem no panorama fiscal deixado pelos quatros anos anteriores de dílmicas
loucuras, esses senhores, como frisa editorial da Folha, fazem o contrário. Não parecem decerto interessados em
melhorar o sistema político brasileiro. Tanta alienação e falta de sentido
público explica por que o Datafolha anotou, na última pesquisa,
que 50%
dos brasileiros consideram ruim ou péssimo o desempenho dos
legisladores, enquanto 9% aprovam o
seu trabalho.
Ao contrário de outros postos importantes no panorama fiscal, a
presidente Dilma Rousseff blindou o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
E, no entanto, há dados inquietantes sobre a utilização desse banco, no
último quadriênio, que geram muitas interrogações não respondidas até hoje.
Tem-se a impressão de que o BNDES virou chasse gardée[3] para a Presidenta. Ao contrário dos demais
postos nessa área fiscal, Dilma fez saber que desejava reter Luciano Coutinho à
frente do banco, que no seu anterior mandato – aquele, em que, pelas suas
insânias fiscais, criara as condições do caos econômico-financeiro que a equipe
de Joaquim Levy e Nelson Barbosa se empenha em desfazer.
Porque será que Luciano Coutinho tem tanta importância assim? Na sua
gestão, decerto por ordens superiores, o BNDES expandiu deveras o próprio
campo de ação, e há operações que carecem de exame, por serem feita de forma
sigilosa e, por conseguinte, longe do crivo das autoridades competentes.
O porto de Mariel, em Cuba,
constitui disso egrégio exemplo. Ao ver a fila de magnos dirigentes que
acorreram à sua inauguração – a que compareceu a principal responsável pelos
fundos a ela destinados, v.g., a própria Dilma
Rousseff - perguntei-me por qual
razão tantos abelhões da área chavista, a saber Nicolás Maduro, Rafael
Correa, e outros tantos, engrossavam a fila.
Tanta munificência para tornar realidade em uma distante ilha do Caribe
um grande porto com equipamentos de dar inveja – e que por estas bandas não se
vêem, com os problemas decorrentes para as nossas exportações – deixa mais de
uma pulga atrás da orelha quanto ao hiper-sigilo do financiamento brasileiro –
de que o BNDES é o encarregado.
A secretividade da operação desperta muita
espécie, porque pela Constituição não é admissível colocar sob segredo
empréstimos com dinheiro público. O BNDES também adota a mesma prática para
financiar obras de cleptocratas africanos. Tudo isso careceria de exame mais
acurado, porque tais regras foram feitas para preservar o interesse nacional.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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