Renato Duque, que voltara a andar
altaneiro depois de ser o único a fruir de habeas
corpus, que lhe fora concedido pelo Ministro Teori Zavascki, volta agora
à carceragem de Curitiba. O ex-diretor de Serviços da Petróleo Brasileiro S.A. foi
uma vez mais apanhado pelas malhas da lei. Agora, por dispor de mais elementos
comprobatórios, o juiz Sérgio Moro
expede novo mandado de prisão contra quem fora um dos executivos mais poderosos
do Brasil até 2012.
Na mesma
leva, a já esperada ordem de prisão para João Vaccari Neto, o tesoureiro do
PT. Em relativamente pouco tempo, é o segundo que vai para trás das grades, no
rastro do anterior encarregado do caixa petista, Delúbio
Soares, colhido pela Ação Penal 470 (Mensalão).
Desde muito,
como na prosa do imortal Garcia Márquez, eram anunciadas essas
duas prisões. A primeira, pela desenvoltura de Duque a circular livre, apesar
da primeira detenção; e a segunda, pela notoriedade do envolvimento de Vaccari
Neto, malgrado as rituais fórmulas encantatórias de Lula da Silva. De pouco lhe
serviram os ágapes e reuniões a portas fechadas (ao partido ético de antanho a
publicidade surge hoje como dúbia dádiva).
A cobertura
de O Globo frisa que as duas prisões
acendem sinal vermelho – que nada tem
a ver com a cor ritual da camisa dos manifestantes a trinta reais. A dupla
Duque-Vaccari é apontada pelos investigadores da segunda fase da Lava
Jato como os operadores do Partido dos Trabalhadores. Nesse esquemão
digno do antigo Partido Revolucionário Institucional (PRI) do México, os dois
roubaram cerca de R$ 4 bilhões dos cofres da pobre Petrobrás, repassando-os em
direto para as zeladas arcas de um novel e sepulcral PT.
Além de Vaccari
e Duque, outras quatro pessoas foram detidas na operação “Que país é este?”, como foi alcunhada a nova fase da Lava-Jato em alusão à frase dita por
Duque[1] ao
ser preso em novembro do ano passado... Em conjunto, o MPF ofereceu denúncia
contra mais vinte e uma pessoas, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro
e formação de quadrilha. No total, de acordo com os investigadores, R$ 298
milhões foram desviados dos cofres da Petróleo Brasileiro S.A., e dessa soma, R$ 136 milhões foram empregados
como pagamento de propina a agentes públicos, políticos e partidos.
Ao
decretar a nova prisão de Duque, o juiz
Sérgio Moro classificou de ‘assustador’
o fato de ele continuar a receber propinas mesmo depois de deflagrada a Lava-Jato, em março de 2014. Segundo o juiz,
o empresário Shinko Nakandakari, outro operador do esquema, disse que intermediou propinas da empreiteira
Galvão Engenharia a Duque e Barusco. E, a propósito, acrescentou o juiz Moro:
“O mais assustador é que Shinko confessou
o pagamento de propinas ainda no segundo semestre de 2014, quando a
operação Lava-Jato já havia ganho notoriedade na imprensa.”
Não creio
seja o caso de narrar o histórico do alegado alto posto que coube a Renato
Duque no reino lulo-petista. Descrito por funcionários da estatal como
arrogante e autoritário, o que mesmo nesses tempos de queda pode ser entrevisto
no gesto carrancudo e soberbo, não causa estranhável assombro que seja exemplo de meteórica ascensão,
assinalada pela era Lula, já em janeiro de 2003. Nunca passara por altas
gerências, e ei-lo no poleiro de posto chave, com ingerência sobre praticamente
todos os contratos da estatal que investia cerca de cem bilhões por ano. É atribuída a José Dirceu a sua indicação e sustentação no cargo, mesmo depois da
rebordosa do mensalão em 2005. Chegam a dizer que seria parente de José Dirceu,
mas tal nunca foi comprovado.
Agora, as delações do ex-diretor
Paulo Roberto Costa (o Paulinho de
Lula) e do ex-gerente Pedro Barusco, se por ora não lhe tiram a pose, fecham o
cerco ao seu sitiado castelo. Colecionador de quadros de pintores de nomeada,
teve apreendidos na residência 131 telas,
incluindo Salvador Dali, Di Cavalcanti, e outros artistas brasileiros
consagrados, como Guignard, Djanira e Heitor dos Prazeres.
Por
fim, seja dito haver movimentado muito
dinheiro, como na transferência de R$ 68 milhões da Suiça para
Mônaco, em 2014.
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