terça-feira, 3 de março de 2015

Antes da Tempestade

                             

          Partindo do pressuposto de que a atual situação e a crise que nos ameaça foram criadas por Lula da Silva, pela sua irresponsável indicação de candidata despreparada para lidar com o governo do Brasil, parece oportuno antes de repassar a situação presente e o que se tem pela frente, indicar os dois erros crassos que conformaram o lançamento pelo então presidente Lula de sua Chefe de Gabinete, a quem atribuíu (a) capacidade que ela não possuía no elevado grau com que foi apresentada e (b) presumiu grau de fidelidade que ela tampouco detinha quando lhe encareceu não pleiteasse a reeleição, para ceder-lhe o lugar.

          Lula da Silva, como assinalou Ricardo Noblat, foi advertido por personalidade do Partido dos Trabalhadores quanto ao erro de apreciação que estava cometendo, inclusive com a indicação por tais pessoas de outros candidatos do PT, com melhores condições de realizar boas administrações. Terá ficado a impressão de que Lula optou pela sua pupila, por que pensou disporia de melhores condições de orientá-la e quando chegasse a hora de que lhe cedesse o posto.

         Como já assinalei neste blog, o erro do presidente Lula se pode atribuir tanto à húbris, quanto à ignorância elementar da dinâmica na política da criatura, que tende muita vez a trair o criador. Terá igualmente presumido que teria ele força própria para condicionar a sua volta a pleitear o Palácio do Planalto, mesmo na hipótese de que a sua pupila desejasse valer-se da oportunidade da reeleição. Por isso, preferira afastar da liça valores petistas decerto mais preparados para o desafio e com maiores condições de afirmar-se. A seleção, portanto, da Chefe da Casa Civil foi movida por motivo menor, i.e., o interesse próprio do fundador do PT.

          Partia ele assim para a eleição do primeiro “poste”, com que se iria vangloriar. Tal capacidade, no entanto, depõe contra o proponente ao expor a ductilidade de grande parte do eleitorado nacional. Surgia, assim, o fenômeno da mulher do Lula, designativo com que seria conhecida Dilma sobretudo no Nordeste. Nessa região de maior pobreza, onde a bolsa família é rainha, se delineava nessa peculiar expressão o interesse de  população vinculada e dependente de  subsídios públicos. A dependência de uma indicação de Chefe Político expõe a ínsita fraqueza de uma eleição em que a indicação do Presidente (como se fora um Coronelão da políticate) faz a maioria do eleitorado ter presente que o candidato adversário, embora  mais experiente na política e com perfil próprio e bem-sucedido em altos cargos eletivos, deva ser preterido em favor de incógnita política, como se ela herdasse o carisma de quem a sustenta politicamente.

          Quando o Brasil puder julgar os candidatos não por indicações de chefes ou coronéis políticos, mas com base na respectiva proposta e na sua folha corrida, teremos certeza muito maior de que os comícios apontarão o que é melhor para a nossa terra, e não o que é mais conveniente para os propósitos do figurão político que seja, na verdade, o responsável pela indicação. Constitui, sem dúvida, sinal preocupante e de mau augúrio para a governabilidade de nosso país que o(a) detentor(a) do mais alto cargo o seja, não por qualidades e curriculum próprio, mas pelo aval de um magno coronel da política.

                                                                           (a continuar)

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