Para certo tipo de jornalista, o
modo esperto de pairar com falsa superioridade sobre o nosso povo é arranjar
jeito de salpicar-lhe algum apodo de direitista. Quando a coisa fica mais
confusa, então seria o caso de rotulá-lo com algo suposta e levemente desqualificado,
a exemplo de defini-lo como centro-direitista.
Decerto, quem se
refugia em qualificações de tal gênero, o faz com o desejo de desmerece-la,
embora não queira desvelar a sua supostamente olímpica equidistância. As mais
das vezes, a alegada imparcialidade, ou o lenço no nariz, não passam de
artifício para não trair apoio ideológico, que o observador, no próprio
bestunto, reconhece estar mal das pernas.
Manifestações da
amplitude deste domingo refletem a tarda revolta do povão que se sente
ludibriado por marqueteiro que transforma a presidenta em boneco de ventríloquo.
Uma coisa é enganar as classes C e D com a suposta feitiçaria de autonomia do
Banco Central, que como nas fábulas vai tirar a comida da mesa do pobre. Outra
é chamar o repúdio à roubalheira sistêmica na Petrobrás como coisa de direita.
Então combinamos
assim: se os manifestantes são escassos, vestem camisas vermelhas e ganham
gratificações entre trinta e oitenta reais para participarem, esta gente é de
esquerda... Se juntarmos os pavilhões da CUT e de outros movimentos que giram
em torno dos cofres federais, a sua filiação ideológica fica ainda mais à
esquerda.
Se no entanto
desce à rua por sua livre vontade, sem ganhar tostão, para manifestar a própria
raiva com a instrumentalização das eleições, a mentirada e as poses de virago
da presidenta, e se para turvar ainda mais o quadro eles estão tanto nas ruas quanto nos
edifícios, e cada um se expressa à sua maneira de estar contra o governo do PT,
o cinismo de mensalão mais petrolão, o aparelhamento dos ministérios e a farsa
dos quarenta ladrões, junto com a inflação e por fim a gorda cereja da
corrupção, então essa gente – não importa que sejam milhões – que exibe as cores estapafúrdias do verde e amarelo e só agita a
bandeira do Brasil, essa turma, por mais numerosa que seja, só pode ser de direita !
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo, Ricardo Noblat)
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