Talvez esta
expressão, que é o reverso do mote positivista de nossa bandeira, sirva não
como lema mas à guisa de descrição do delicado momento que vive o Brasil.
Mais cedo de
o que esperava o Governo Dilma Rousseff paga o preço de propaganda enganosa,
alimentada por façanhudas mentiras, a proteção dos tribunais, e a consequente
destruição da única candidatura alternativa (Marina).
Vaiada em São
Paulo, em exposição a que chegara cedo (para evitar a presença do público), se
tal, no entanto, não fora bastante para silenciar os apupos do pessoal de
serviço e dos responsáveis pela feira da construção civil, Dilma Rousseff hoje,
acuada pela mesma impopularidade, cancela sua ida a Minas Gerais. Teme vaias e
protestos, que vem de direita e esquerda.
Se as
mentiras da propaganda, urdidas pelo marqueteiro de fé, lhe permitiram, ainda que a duras penas,
vencer por 3% o desafiante Aécio Neves, elas
deixam um rastro de insatisfação e mesmo revolta, que germina, se inflama e supura
em manifestações de direita e esquerda, que pouco semelham ter em comum, a não
ser a repulsa à Presidenta.
Não é só o pesado
preço de suas façanhudas falsidades, ditas com a convicção e a empáfia de quem
está vestida nos ouropéis do poder. Tratar de burro o povo, que antes já
elegera a ‘mulher do Lula’ é empresa
arriscada, porque a raiva da gente humilde e laboriosa que nela acreditou há de
aumentar diante das expostas artimanhas e dos embustes que repontam por todo
lado.
Já diz a
sabedoria de nossos antepassados que quem semeia ventos colhe tempestades. Não
se pode dizer uma cousa antes, e outra depois das eleições. Com o Plano Cruzado, o governo José Sarney e o
PMDB obtiveram esmagadora vitória nas urnas. Comprovado o ludibrio, Sua
Excelência sequer podia sair à rua, tal a revolta popular. Fica-nos na
lembrança o presidente e comitiva no Rio de Janeiro, colhendo precário refúgio
em um ônibus que populares coléricos com a trampa eleitoral apedrejavam.
Nossa gente cunhou expressões que próximas de
sua labuta diuturna expressam e mesmo vincam a veracidade desses tempos – que os
chineses chamam de interessantes – em
que entusiasmo e aplauso são escorraçados pela sanha da multidão. Na hora da
onça beber água, convém que o espaço seja largo, e por isso a vaca sequer há de
conhecer o próprio bezerro.
Assim, não
surpreende que Dilma Rousseff arrefeça
caminho e cancele a ída às Minas Gerais. Lá, em outros tempos, não encontraria Dom Pedro I as aclamações do início do
reinado, e de lá voltaria, em marcha quase batida, para o aziago Sete de Abril[1].
Fica em
Brasília, porque pode vir ‘fogo amigo’ das manifestações sindicais, que querem
mais, e rejeitam o Ajuste Fiscal, que Joaquim Levy foi chamado a aplicar, por
causa das insânias fiscais do Dilma I. Nesse quadro, e nessa travessia, nem a
CUT, a valida claque de comícios passados, apresenta quadro confiável.
Doutra
parte, Lula da Silva quer voltar. Para tanto, todo meio seria válido. Chegou
mesmo a invocar o exército de Stédile,
o dos sem terra, capitaneado por quem é dito mamar nas tetas do governo. Como
estultas palavras ao ar, já tiveram um efeito, ao destruírem o trabalho de
longa pesquisa. Os atos vandálicos são o ápice da boçalidade. O que desejaria o
torneiro mecânico com tal façanha? Na verdade, dirá, apenas um apelo a um cumpanheiro, do qual sequer pensou as
consequências.
O PT mostra
cada vez mais, na inexperiência de Dilma e na improvidência do grande capitão,
que o Brasil, pela sua democracia e desenvolvimento, prescinde desse
sindicalismo de fancaria, a la Maduro
ou a la Cristina Kirchner. Por
contingência de um mando despreparado, abandonamos a diplomacia de estado para nos
colocar o roto manto daquela de partido.
Nessa funda
incompetência, que ocasionais grosserias sequer disfarçam, eles ignoram até o
lema de nossa bandeira, para não falar nos princípios da Constituição.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário