sábado, 4 de junho de 2016

Palavra de Delator ?

                              


         O dicionário Zingarelli - que é o equivalente na Itália ao Webster americano e ao Larousse francês - por mim trazido de Roma como tábua de memória dos meus oito anos lá transcorridos - me relembra do significado da palavra sgomento - de que o verbete respectivo ensina significar "estado de turbamento, depressão, angustiada ânsia provocada por acontecimentos externos".
         Foi o que senti ao ler a manchete de O Globo de hoje :
        "Propina a Renan, Sarney e Jucá foi de R$ 70 milhões"
         Vivemos sob o império da delação premiada. Sem esse instrumento, que tardiamente Pindorama importou dos Estados Unidos da América, não é difícil aventar que a celebrada Lava-Jato não iria discrepar da regra de tantas operações no passado, que começavam com muito fragor, para terminarem em um gemido, em geral abafado por manobras processuais.
          O ex-presidente da Transpetro, o peemedebista Sérgio Machado, afirmou em delação premiada que pagou mais setenta milhões de reais, desviados da subsidiária da Petrobrás, ao Presidente do Senado, Renan Calheiros, ao senador Romero Jucá, e ao ex-Presidente José Sarney, todos do PMDB. Essa propina - só a Renan foram destinados R$ 30 milhões, segundo o delator - era em troca da manutenção do ex-aliado no cargo, e foi empregada para financiar campanhas e gastos pessoais.
            Machado, que se comprometeu a restituir R$ 100 milhões, disse que o esquema funcionou de 2003 (posse de Lula) até 2015.

            De sua parte, os acusados Renan e Jucá negam a acusação. Sarney não foi encontrado.

            Uma vez determinada a veracidade de tais acusações, e outras tantas que foram comprovadas sem sombra de dúvida, nessa triste República, penso que é hora de providências drásticas, que correspondam ao desafio que elas colocam.

             Quem recebeu propina, e tiver comprovado o crime em apreço, deve receber como pena, sem direito à anistia ou eventual redução de pena, o afastamento definitivo da vida pública.

             Esta deve ser cláusula pétrea da Constituição brasileira.

               E não nos venham com jurisdicismos, e assertivas tão vazias quanto categóricas. Já desmoralizamos as sentenças com as prolações de pena, os crimes ditos hediondos e por aí afora.

               Recebeu comprovadamente propina, está fora da política e para sempre.

               E é mais do que tempo de tornar humanos os nossos cárceres, para que a sua atual condição não mais sirva de pretexto para a comutação das penas, a ponto de botar nas ruas traficantes sanguinários, patricidas e matricidas, et al.

               Abandonemos o faz-de-conta. Vivamos na realidade. Por isso, não decretemos sentenças que se liquefarão em poucos meses, nem vamos debochar das vítimas dos crimes hediondos, ao libertar maníacos sexuais homicidas, como o que teve a prisão comutada, alegadamente por estar curado, por magistrado de Luziânia, em Goiás. Ora esse tipo de desvio sexual, a experiência ensina que não é passível de cura. Por essa razão, de resto, a legislação espanhola torna passível de prisão perpétua quem pratique esse tipo de crime.           



( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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